O funil das eleições presidenciais de 2010 se estreita e, como esperado, os dois candidatos dessa disputa estão focados principalmente nos erros, mazelas e indícios de improbidades do seu adversário. Eles poucos falam de si e dos seus propósitos, se eleitos. Dilma Rousseff fala mais das realizações de Lula de que das suas intenções frente ao seu possível mandato presidencial. José Serra tenta vender uma imagem que ele não é e, focado somente nos erros dos últimos 07 anos do PT no governo federal, tenta difamar a sua adversária, que na mesma moeda lhe dar o troco. O eleitor do PT acha que Serra é o pior candidato. O eleitor do PSDB acha que Dilma é a pior. Agora, para o Brasil é importante é eleger o pior ou o melhor candidato? Pelo visto, nem o PT de Dilma nem o PSDB de Serra souberam responder eficientemente essa pergunta e o eleitorado brasileiro provavelmente votará achando que o seu candidato é o melhor para o Brasil. Há quem diga e cientifique que esses dois candidatos não são os melhores para o nosso país. Então quem seria?

A resposta para essa pergunta está no hiato social do nosso país onde as pessoas de bem, com ilibadas reputações e seguidoras natas da ética, preferem fugir da política feito o diabo da cruz. Por esse motivo, em todas as instâncias administrativas governamentais do Brasil, os eleitos não são os melhores, mas sim os que se apresentam e têm a coragem de expor os seus verdadeiros ou falsos princípios ideológicos e éticos. A política nacional do Brasil tem um modelo forjado nesse conceito e muitas vezes se viu pessoas bem intencionadas serem eleitas e depois descobrirem que a dança do poder é outra. Dessa forma, quem poderia muito bem representar o nosso povo, prefere ficar omisso, calado e alheio. Enquanto isso, ser político no Brasil é a melhor forma de ascensão social e financeira.

O eleitor adoraria saber se Dilma ou Serra são os melhores para o Brasil. Mas, infelizmente, nem mesmos esses candidatos sabem responder honestamente essa pergunta. Dilma tem contra si a falta de experiência efetiva em governo e de se posicionar na sombra da aceitação pública do presidente Lula. Serra, que tem um currículo cheio de atos administrativos governamentais, não tem nenhuma garantia de ser o melhor para o nosso país, haja vista que, como todo político profissional, ele também tem suas orelhas fora do saco. Nesse universo de falta de boas opções governamentais para o Brasil recai a culpa sobre os próprios políticos nacionais que fazem tudo que é possível para denegrir as suas próprias profissões e afugentar as ditas pessoas de bem, dos pleitos eleitorais.

Por conta disso, o povo brasileiro sabe que quando alguém defende um candidato com unha e dentes, na verdade, na maioria das vezes, esse defensor não pensa em sua sociedade, mas sim nos seus interesses pessoais. Raros são os defensores políticos ideológicos em nosso país. Por isso, Dilma e Serra não são os piores candidatos que temos. Eles são sim, somente o que temos. Ou seja, já que na política os bons se omitem, os ‘outros’ se apresentam e nos representam, dos seus modos. O custo disso é o país desigual que temos. Para resolver esse problema precisaríamos tirar as ditas pessoas de bem dos armários sociais e expô-las em nossa política. A única dúvida é saber se no nosso atual modelo político tem lugar para essas pessoas e se os eleitores brasileiros votariam nelas.