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Professor Profissão Perigosa

Era uma vez a lei da reguada e da palmatória, instrumentos que, como o giz e a lousa, faziam parte do equipamento profissional do “educador”.

Humilhações com chapéus cônicos providos de orelhas de burro, genuflexões demoradas sobre grãos de milho, beliscões arranca-naco, “telefones”, tudo isso era prática normal, até pouco tempo. Mas surgiram os pedagogos do Século XX, baseados na recém-nascida Psicologia, e todo aquele terror, aos poucos, foi sendo abolido. No seu lugar, todavia, surgiram outras formas de violência, em outras direções: dos alunos ao professor e crescente entre os próprios alunos.

Aqui em Ilhéus, por exemplo, há poucos dias, uma professora foi esguelada no corredor de um colégio público por tomar o celular de uma aluna que o atendeu durante uma aula, conversando em voz alta.  Semana seguinte, no mesmo colégio, outra aluna conversava animada com a colega da fila ao lado, durante uma aula. Pediu-se para ela ir conversar lá fora, mas ela se recusou e continuou ali mesmo, conversando, na bôa. O diretor da escola foi chamado à sala e, por isso, um jovem professor jurado de …..  pelos jovens  marido  e cunhado da moça, que frequentavam regularmente o local, sem serem alunos. Na Delegacia de Polícia, juraram ao delegado não terem feito qualquer ameaça.


Recentemente, também, no além São Francisco baiano, uma professora foi vítima de uma roleta-russa pública, em sala de aula, praticada por um “aluno” adulto que só apareceu para lhe exigir a nota final com aprovação. Em pânico, mudou-se à foz do Rio Cachoeira, onde trabalha noutra função.

São correntes as turmas inchadas, com mais de 60 alunos que, em dia de prova, com as carteiras afastadas umas das outras, não cabem todos na sala de aula. Imitando a nossa etiqueta parlamentar, onde é normal se conversar ostensivamente nas audiências, o bate-papo e o entra-e-sai durante as aulas virou símbolo de status acadêmico na nossa universidade tupiniquim. Alunos chegam às aulas em diferentes horários, alguns conversando com os que estão sentados, assistindo à aula. Os altos gritos das jovens casadouras nos corredores das escolas baianas, dizem, são muito mais altos e emocionados que os ouvidos nos corredores escolares do sul. Nos anos eleitorais, políticos dependentes do voto estudantil plantam estridentes carros de som na porta de algumas universidades, denunciando falhas de política e de gestão, ignorantes de que com barulho, aprende-se menos ainda. Como a entrada do carro de som é proibida nos campi, promovem regularmente apitaços nos seus corredores, sob o ilogismo do acabar com tudo, para refazer tudo de novo, sob a sua autoria.

Infelizmente, são freqüentes e progressivas as notícias de agressões a trabalhadores da educação, no seu trabalho. Agressões de diferentes tipos. Como outras profissões, os professores formam hoje um dos pára-choques desta nossa sociedade em crise. Trabalham com gente e se expõem ao amplo leque de perfis psicológicos que compõem a nossa humanidade, onde se incluem, às vezes, indivíduos com tendências destrutivas.

Tudo isso, é claro, impede um melhor desempenho e satisfação funcional.

É periculosa, esta nossa profissão. Não como a dos beneficiadores de sisal ou dos motociclistas, mas de pelo stress vivenciado no dia-a-dia em ambientes de trabalho muitas vezes inadequados, inseguros, com equipamentos didáticos insuficientes e disputados, tudo isso gerando o caldo de cultura necessário para quadros de apatia, tristeza e baixa auto-estima que encaminham o trabalhador da educação, em linha reta, ao consultório médico ou à cova.

Não é só no Brasil. Mesmo nas grandes economias, o trabalho profissional de transmitir às gerações futuras o conhecimento acumulado na trajetória humana ainda é relegada a planos subalternos.

Cabe só aos professores a luta para se reverter esta situação.

 

Prof. Guilherme Albagli de Almeida (2011-05-28)

albaglidealmeida@yahoo.com,

 

1 resposta para “Professor Profissão Perigosa”

  • Ronaldo Lima says:

    Prezado prof.Guilherme,

    Parabéns pelo artigo, o mesmo é bastante revelador e, infelizmente autêntico.

    Grande abraço,

    Ronaldo

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