Dom Mauro Montagnoli / Bispo diocesano de Ilhéus

Dom Mauro Montagnoli / Bispo diocesano de Ilhéus

“Na liturgia da missa, exprimimos nossa fé na presença real de Cristo sob as espécies do pão e do vinho, entre outras coisas, dobrando os joelhos, ou inclinando-nos profundamente em sinal de adoração do senhor. “A Igreja católica professou e professa este culto de adoração que é devido ao sacramento da Eucarista não somente durante a missa, mas também fora da celebração dela, conservando com o máximo cuidado as hóstias consagradas, expondo-as aos fiéis para que as venerem com solenidade, levando-as em procissão”. (Paulo VI, Mysterium fidei, n. 58)

 

A santa reserva (tabernáculo) era primeiro destinada a guardar dignamente Eucarista para que pudesse ser levada, fora da missa, aos doentes e aos ausentes. Pelo aprofundamento da fé na presença real de Cristo em sua Eucaristia, a Igreja tomou consciência do sentido da adoração silenciosa do Senhor presente sob as espécies eucarísticas. É por isso que o tabemáculo deve ser colocado em um local particularmente digno da igreja; deve ser construído de tal forma que sublinhe e manifeste a verdade da presença real de Cristo no santo sacramento.

É altamente conveniente que Cristo tenha querido ficar presente à sua Igreja desta maneira singular. Visto que estava para deixar os seus em sua forma visível, Cristo quis dar-nos sua presença sacramental; já que ia oferecer-se na cruz para nos salvar, queria que tivéssemos o memorial do amor com o qual nos amou “até o fim” (Jo 13,1), até o dom de sua vida. Com efeito, em sua presença eucarística Ele permanece misteriosamente no meio de nós como aquele que nos amou e que se entregou por nós, e o faz sob os sinais que exprimem e comunicam este amor:

 

“A Igreja e o mundo precisam muito do culto eucarístico. Jesus nos espera neste sacramento do amor. Não regateemos o tempo para ir encontrá-lo na adoração, na contemplação cheia de fé e aberta a reparar as faltas graves e os delitos do mundo. Que a nossa adoração nunca cesse!” (João Paulo II, carta Dominicae cenae, 3)

 

“A presença do verdadeiro corpo de Cristo e do verdadeiro Sangue de Cristo neste sacramento ‘não se pode descobrir pelos sentidos, diz Sto. Tomás, mas só com fé, baseada na autoridade de Deus’. Por isso, comentando o texto de S. Lucas 22,19 (“Isto é meu Corpo que será entregue por vós”), São Cirilo declara: ‘Não perguntes se é ou não verdade; aceita com fé as palavras do Senhor, porque ele, que é a verdade, não mente”:

 

 

Com devoção te adoro,

latente divindade.
Que, sob essas figuras,

te escondes na verdade;

meu coração de pleno

sujeito a ti, obedece,
pois que, em te contemplando,

todo ele desfalece.

A vista, o tato, o gosto,

certo, jamais te alcança;
pela audição somente

te crêem com segurança:

creio em tudo o que disse

de Deus Filho o Cordeiro.
Nada é mais da verdade

que tal voz, verdadeiro.”

 

Esta é a doutrina expressa no Catecismo da Igreja Católica, n. 1378-1381. Nós a aceitamos com fé e devoção.

Dom Mauro Montagnoli

Bispo da Diocese de Ilhéus