Sou, com muito orgulho, ILHÉENSE, ou ILHÉUENSE, como alguns preferem escrever. Aqui nasci há 64 anos, na Av. Osvaldo Cruz, onde hoje é o Edifício Jasmineiro, e aqui vivi a maior parte da minha vida. E confesso: sou muito feliz vivendo em Ilhéus.

Amei a Ilhéus de ontem, e amo, e muito, a Ilhéus de hoje, apesar dos seus problemas, das suas deficiências e dos maus-tratos que a atual Administração Municipal e também as anteriores têm infligido à nossa cidade, e principalmente pela grave crise econômica que se instalou em toda a nossa Região, com os enormes problemas vividos pela cacauicultura, nossa principal fonte de renda e emprego.

Por outro lado, vejo uma luz no fim do túnel e sou da opinião que, depois da última grande crise do cacau, que empobreceu o nosso município, vivemos agora um momento de ressurgimento e de redenção.

E quais são os indicativos deste novo ciclo de progresso que está vindo:  a ZPE, que precisamos dela nos apropriar, conhecê-la melhor e acelerar o início do seu funcionamento; o Projeto Porto Sul, formado de Porto, Aeroporto e Estrada de Ferro, que com certeza vai trazer progresso, mas temos que conhecer profundamente, controlar e mitigar os seus aspectos e impactos ambientais; o nosso Pólo de Informática e Eletroeletrônica, já uma realidade, mas que precisa atrair novas empresas para adensar sua cadeia produtiva e precisa também contar com um Pólo de Software para agregar valor aos computadores aqui produzidos e assim poder se consolidar; o nosso Turismo que precisa se profissionalizar, e já começamos a ver excelentes iniciativas como o inventário turístico que está sendo realizado pelo pessoal da UESC.

Tudo isto sem que deixemos de levar em consideração o conceito de DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, que é a obrigação que temos de deixar o meio ambiente preservado para as próximas gerações, o que faz acirrar as nossas preocupações com os nossos ativos ambientais e as nossas valiosas reservas de Mata Atlântica, em especial a Mata da Esperança e a Lagoa Encantada, que têm que ser preservadas, aparelhadas e utilizadas de forma racional, como área de lazer e instrumento de educação ambiental, para os nossos e para todos que nos visitam.

Feita esta, de certo modo longa, mas necessária introdução, considerando que na próxima segunda-feira, dia 17.10, viveremos o Dia do Comerciário, quero propor ao Sindicato dos Comerciários, que junto com o Sindicato dos Comerciantes e com a Superintendência de Esportes de Ilhéus, pensEm na possibilidade de, já no próximo ano, voltarmos a realizar o nosso TORNEIO CAIXEIRAL.

Apesar de hoje a palavra da moda ser INOVAÇÃO, no caso do Caixeiral, acredito que não precisamos fazer nada diferente do que era feito lá nos anos 50 e 60, pois com certeza a antiga formula de realização continua sendo a mais indicada e interessante.

Vou tentar lembrar aqui como ele era realizado. Faço algumas anotações a seguir, e peço aos amigos que complementem e façam os ajustes necessários.

Vamos lá:

 

  1. O torneio era sempre realizado no dia do Caixeiro, que de acordo com Aurélio, é o empregado em casa de comércio que vende ao balcão, balconista;
  2. Reunia um grande número de times de futebol, organizados por Casas de Comércio, Bancos, Instituições Públicas, Sindicatos e etc., que usavam como uniformes camisas sociais ou esportes, de botão, que após o torneio, ficavam para os jogadores;
  3. Os jogos eram eliminatórios, tinham 20 minutos de duração, sendo 10 minutos para cada lado, sem descanso, e em caso em empate havia disputa de pênaltis;
  4. Não era permitido que jogadores dos times da cidade, aspirantes ou profissionais participassem dos times;
  5. Cada jogo tinha uma Empresa ou Instituição que o patrocinava e o time que vencesse ganhava um pequeno troféu;
  6. Havia sorteio para definir quem jogava com quem e eram distribuídas antecipadamente tabelas dos jogos com respectivos horários, impressas e com espaço para atualizações, possibilitando que aqueles que quisessem acompanhar todo o torneio fizessem as suas anotações;
  7. Normalmente o torneio começava entre as 6 ou 7 horas da manhã e ia até o fim da tarde, quando era sagrado o Campeão do Torneio Caixeiral;
  8. Os portões do Mário Pessoa permaneciam abertos o dia todo e o evento era uma grande festa.

Como um atrativo especial, durante algum tempo, o Torneio Caixeiral era encerrado de uma forma muito pitoresca. Era realizado um jogo entre um time chamado de TONELADA, no qual todos os jogadores eram bem gordos. Neste time lembro que jogavam meu tio Otacilio, Junot, Hermano, Garangau e muitos outros gordinhos da nossa cidade, contra um time formado só por magrinhos. Era uma grande festa.

A minha proposta é no sentido de que possamos reviver tudo isto, e poderíamos começar construindo aqui no R2CPRESS um grande registro digital da história do Torneio Caixeiral, e para tanto peço aos amigos que mandem para o nosso amigo Rabat, fotos e textos antigos que possuam e que tratem deste assunto.

A proposta está feita. E no próximo ano, no Dia dos Caixeiros, espero que possamos fazer uma grande festa aqui na nossa cidade, com o TORNEIO CAIXEIRAL 2012.

Carlos da Silva Mascarenhas

carlos.consultic@gmail.com