Células da esperança para cadeirantes de todo o país
Paraplégico há nove anos, o policial militar Maurício Ribeiro transformou-se no símbolo da esperança para cadeirantes de todo o país. Voluntário de um tratamento revolucionário com células-tronco, ele voltou a sentir as pernas e já caminha com o auxílio do andador, o que há alguns anos era impensável para pacientes com trauma raquimedular. “Voltei a ser criança. Reaprendi a engatinhar, a me locomover com minhas pernas para depois conseguir dar os primeiros passos. Foi toda uma readaptação do cérebro, mas é maravilhoso voltar a caminhar”.
Maurício sofreu um acidente doméstico no ano de 2002, quando viajou para a ilha com a família e caiu de uma altura de aproximadamente dois metros, quando tentava consertar o telhado. Em Salvador, recebeu a notícia de que não retornaria a andar. A perseverança, no entanto, foi o diferencial para o policial, que sonha em voltar a praticar esportes e jogar futebol, atividades que exercia por rotina quando possuía totais condições físicas.
“Foi muito chocante no início. Ver seu mundo se limitar e você ser obrigado a se adaptar a uma nova realidade. Mas acho que não ter desistido foi o que me trouxe até aqui. Poderia me aposentar por invalidez e ficar em casa, mas continuei trabalhando, fazendo o que eu gosto”, afirmou.
Ainda de acordo com o policial, o apoio da família foi fundamental para que ele conseguisse superar obstáculos e voltar a andar. “Depois do acidente, comecei a buscar todas as formas possíveis de melhorar a minha condição. Descobri na internet um tratamento semelhante na China, só que o voluntário precisava pagar pelos custos. Em 2005 encontrei esse projeto aqui na Bahia, me inscrevi como voluntário, sem custo, e hoje tenho essa vitória”, contou.
O tratamento pelo qual Maurício se submeteu foi iniciado há seis meses, na Clínica de Atenção à Saúde da Estácio FIB. A cirurgia ocorreu no dia 14 de abril no Hospital Espanhol e no dia 18 do mesmo mês o policial foi encaminhado para o tratamento fisioterapêutico na clínica-escola do Centro Universitário.
Durante os primeiros 60 dias, o tratamento foi intensivo, com duas sessões de fisioterapia e musculação por dia, de segunda a sexta. Nos últimos três meses esse número diminuiu para uma sessão por dia. “Agora que ele já caminha, estamos fazendo um trabalho de fortalecimento muscular, para que futuramente o paciente possa se sustentar em pé e andar sem a ajuda de aparelhos”, detalhou a fisioterapeuta, pesquisadora e fundadora da CASA, Claudia Bahia. De acordo com ela, a evolução dele é um passo importante nas pesquisas com células-tronco. “Antigamente ninguém acreditava que seria possível um paciente paraplégico com lesão completa voltar a andar. Ver o Mauricio andando é uma conquista imensurável”.
Conforme a fisioterapeuta, a disciplina foi fundamental para que os objetivos fossem alcançados. “O Maurício é bastante disciplinado e a determinação dele foi muito importante para essa conquista”. A rotina ainda é intensa: pela manhã ele faz fisioterapia e musculação na CASA, depois segue para o trabalho durante à tarde e à noite faz mais duas horas de exercícios em casa. “Estou me esforçando para fortalecer a musculatura e conseguir andar sem ajuda de aparelhos. Já estou muito feliz, mais ainda porque meu progresso traz esperança para outras pessoas que passam pelo mesmo problema”, disse o policial.
A pesquisa – Os primeiros testes que resultaram na pesquisa com células tronco foram iniciados em 2005 e, desde agosto de 2010, 20 pacientes paraplégicos voluntários participam do projeto que tem como objetivo a recuperação neurológica. A iniciativa faz parte de uma parceria entre a Fiocruz, o Ministério da Saúde, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Hospital Espanhol, Hospital São Rafael e o Centro Universitário Estácio FIB.
O primeiro procedimento é realizar a coleta das células no Centro de Biotecnologia e Terapia Celular (CBTC), do Hospital São Rafael. Com as células prontas para o transplante (o que dura em torno de três a quatro semanas), o paciente é submetido à cirurgia e o passo seguinte é iniciar o tratamento de fisioterapia na clínica escola da Estácio FIB. São seis meses de tratamento na CASA, dois meses intensivos, e os outros quatro meses uma vez ao dia.
Outros cinco pacientes que receberam transplantes de células-tronco já começaram o tratamento de fisioterapia na CASA, da Estácio FIB. Mais dois pacientes foram selecionados pelo grupo de pesquisa e devem realizar os transplantes em novembro e dezembro deste ano. A expectativa é que até o primeiro trimestre de 2012 os 15 voluntários restantes sejam transplantados.
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Thiago Pereira REPóRTER
No Tribuna da Bahia
Eu li uma reportagem sobre as pesquisas e são bastante animadores, iguais a do Dr. Miguel Nicolelis, brasileiro radicado nos EUA, que promete fazer um tetraplégico dar o chute inicial da Copa de 2014 com um exoesqueleto robô comandando por pensamento (parece ficção científica, mas não é, já está num estágio bastante avançado).
bom dia, gostaria de saber se neste ano (2016) vai ter teste em pacientes paraplégico, pois tenho um primo que esta interessado em participar.