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dezembro 2011
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Carlos Pereira em: COMO SERÁ 2012?

É comum se dizer que o homem é o chão em que pisa. Mas também se ouve “ele está no mundo da lua” ou “come sardinha e arrota caviar”. Mais sofisticado o aforismo de Ortega e Gasset, “O homem é ele mesmo e as suas circunstâncias”, na sentença fenótipos, genótipos e geografia. Ainda, há os que dizem que o certo “é viver localmente e pensar globalmente”, talvez daí, segundo o meu amigo Al Face, alguns gostem tanto da TV Globo quando de suas conveniências.

Destrinchando as quatro frases, a primeira casa bem com a terceira, pois o homem pensará conforme o meio em que vive, e tenderá a adaptar-se e a usar os meios ao seu alcance. Numa sociedade organizada, idealmente, a posição em que se encontrar na organização social do trabalho lhe dará os contornos de sua consciência. A segunda e a terceira denotam a alienação, aquele que “não é” o que verdadeiramente é. Todos os homens são materialmente alienados. A última frase é um ideal.

Sem entrar nos meandros e complexidades dos processos de alienação, sobretudo nos provenientes da repetição educacional e os da mídia, nas especificidades nacionais e locais, o mundo e o homem são um só, carregamos a memória do tempo e o planeta atual, parte dentro de nós e maior parte de fora nos determinando presente e futuro, quer tenhamos consciência ou não.

Verdade é que Zé da Paca, que vive entocado na mata, é semi-alfabetizado, não tem eira nem beira, não tem televisão e nem rádio, não pode pensar e viver igual a Luís Rolex, que teve educação esmerada, que vive à beira mar, em imóvel de grande valor de mercado, que tem uma televisão em cada espaço do apartamento, tem I-Phone e I-Pad, avião, lanchas, toma vinhos qualificados pelos preços e gosta mais de carro importado do que de gente, mas ambos são e serão hipoteticamente atingidos pelo efeito estufa com algumas diferenças básicas.

Luís enfrentará o calor de diversas formas, a mais simples ligando o ar condicionado, que nunca desliga, porém pode ir para a Groelândia, dar um mergulho numa praia paradisíaca, ir para a sua casa na Serra, mergulhar na piscina, etc. Zé poderá dar um mergulho no rio Almada, só. Vai tirar a camisa e voltar a vestir, jatium não respeita pele grossa. A vida dos dois, excluindo a fatalidade da morte, continuará, em 2012, exatamente igual nas suas abissais diferenças.

Luís continuará fazendo tudo em abundancia. Consumindo muito de tudo: alimento, roupas, viagens, supérfluos diversos, queimando combustível (despejando dióxido de carbono na atmosfera), gastando energia elétrica, afinal “paga por tudo que consome e gasta”. Zé continuará fazendo biscates e caçando paca e tatu para vender aos congêneres tupiniquins de Luís, ainda poderá pegar cana dura, porque no dia em que for pego por um fiscal ambiental irá para o xilindró, pois o crime é inafiançável.

Se ambos morassem no Iraque, antes do ataque americano e da Otan, talvez sofressem parecidos, porque bombardeio não escolhe o lugar, apesar de  nas guerras também são os pobres os que mais sofrem e morrem. No Iraque foram 150 mil civis e a grande potência gastou quase 1 bilhão de dólares. Será que existem medidores para saber o efeito do calor emanado dos corpos putrefatos e das explosões das bombas em face do aquecimento da terra? Há mediometros para a energia emanada dos sofrimentos e das perdas de vidas humanas em conseqüência de guerras imperiais em busca do petróleo, mas em nome da democracia?

Quantas fazendas de alimentos “ambientalmente sustentáveis” poderiam ser implementadas com os gastos de guerra dos EUA e da OTAN? Quantas escolas? Quantos hospitais? Mais quantas guerras imperiais serão necessárias para que o mundo seja de fato auto-sustentável?

Os EUA saíram simbolicamente do Iraque, será que vão, juntamente com Israel, bombardear o Irã? Torço para não. Obama tem uma eleição pela frente e os assassinatos de Bin Laden e de Kadafi parecem que não foram suficientes para garantir a sua reeleição. Ele é uma decepção, mas os republicanos serão muito piores…

Os nossos personagens moram no Brasil. Zé da Paca em roça na serra do Conduru. Luís Rolex na Vieira Souto. No início deste artigo disse que o “homem é o chão onde pisa”, mas também se ouve que “ele está no mundo da lua”, “come sardinha e arrota caviar”, “é ele próprio a as circunstancias” e precisa “viver localmente e pensar globalmente”. Não sei o porquê de terem surgidas todas essas frases, creio ser em razão da imbricação de tudo, do calor que está fazendo, das chuvas fora de hora, de não compreender muito a dinâmica das coisas e dos conceitos modernos, mas a vida de Zé da Paca não vai mudar nada, mesmo com os bons programas de políticas públicas da nossa excelente Presidenta.

Zé come sardinha mas não arrota caviar. Dia desses, lhe perguntaram se ele não temia o Porto Sul e a Fiol, já que a área próxima de onde mora deve sofrer uma grande urbanização, sem entender muito a pergunta respondeu: “Uai, ieu não, Paca e Tatu não nasce no mar, ademais os que estão em Juerana vão para o Conduru.”O mundo pode ser muito complexo e o seu futuro incerto. O da cabeça de Zé da Paca não é tanto…

A última notícia que soube de Luís Rolex, ele foi passar as festas de final de ano em  New York, não sei bem o porquê mas era contra a construção da usina de Belo Monte, tinha comprado uma mansão nova em Trancoso e outra em Itacaré e , antes de viajar para os States, havia estreado a sua lancha de pesca nova, de 62’, na costa de Vitória pescando Marlin.

Em 2012 a grande imprensa continuará tentando derrubar ministros e emparedar a Presidenta Dilma, o negócio é não deixar margens para mudanças sociais mais radicais. O governo continuará cedendo, não haverá o marco regulatório da mídia, nem a reforma política (talvez saia em 2013). Também terão eleições municipais. Uma vitória acachapante da base do governo poderá possibilitar um clima para as realizações de parte das reformas necessárias e sempre adiadas. Porém a conjuntura internacional não será das melhores.

A novidade será a tentativa de instalação da CPI das Privatizações, a chamada “Privataria Tucana”, título do livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr, que com maestria demonstrou documentalmente o desvio de dinheiro público e a lavagem de dinheiro dos tucanos, mas não só, e aí dorme o perigo das alianças possíveis com setores do governo (parte do PT e do PMDB, além do judiciário), que não têm interesses em apurar as falcatruas e mudar os estados das coisas.

2012 será um ano de lutas.

1 resposta para “Carlos Pereira em: COMO SERÁ 2012?”

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