Carta de Caloteiro
Desde aos 10 anos milito no comércio. Sempre ouvi e presenciei manifestações de clientes caloteiros, que não demonstravam interesse de quitar suas dividas,e tinham sempre desculpas esfarrapadas. Lembro-me de um freguês que comprou móveis numa loja de eletrodoméstico da cidade, através de carnê, e não pagou as três primeiras prestações, logo Imediatamente o proprietário da loja mandou um veículo recolher os móveis. Ao chegar o veiculo, os moradores daquela artéria presenciaram toda a cena, e o caloteiro com a cara- de- pau falou: O que vocês estão olhando? Estou devolvendo os móveis porque vieram com defeito de fabrica…. Toda vizinhança sorriram do episodio acontecido.
Certa vez um gerente de banco telefonou para o cliente avisando-lhe que a letra tinha vencido. O cliente por sua vez respondeu ironicamente: Que beleza e a música foi classificada ?
Outro fato curioso foi de uma determinada figura bizarra que viveu em nossa cidade, e que gostava de adquirir imóveis, mas sempre propunha que os pagamentos fossem através de notas promissórias. Daí que em uma determinada ocasião , as promissórias venceram e o credor não conseguia receber e foi necessário registrar queixa na policia. Sendo assim, na audiência o Delegado fez acareação dos fatos e na hora de expor seu juízo à respeito, precisou ir ao banheiro. Aproveitando à oportunidade, o devedor pediu ao credor que lhe apresentasse as promissórias para efetuar o pagamento. Ao receber as promissórias o devedor engoliu as mesmas, deixando o credor estupefato. Ao retornar o delegado notou algo estranho e perguntou ao credor o que estava acontecendo e o mesmo narrou o acontecido. Pensando que se tratava de uma brincadeira entre amigos, o delegado encerrou o caso e pediu que os mesmos respeitassem a justiça e que deixassem de gracinhas.


Diante de tais historias , gostaria de apresentar uma carta de um devedor caloteiro, muito criativo e cara-de-pau, publicada na Folha de São Paulo. Esta carta é verídica e foi divulgada pelo próprio Clube de Dirigentes Lojistas. A correspondência abaixo foi enviada por um devedor a uma das várias lojas credoras, conforme ele mesmo informa em sua correspondência.

“Prezados Senhores” esta é a oitava carta jurídica de cobrança que recebo de Vossas Senhorias…
Sei que não estou em dia com meus pagamentos.
Acontece que eu estou devendo também em outras lojas e todas esperam que eu lhes pague.
Contudo, meus rendimentos mensais só permitem que eu pague duas prestações no fim de cada mês.
As outras, ficam para o mês seguinte.
Estou ciente de que não sou injusto, daquele tipo que prefere pagar esta ou aquela empresa em detrimento das demais.
Ocorre o seguinte… Todo mês, quando recebo meu salário, escrevo o nome dos meus credores em pequenos pedaços de papel, que enrolo e coloco dentro de uma caixinha.
Depois, olhando para o outro lado, retiro dois papéis, que são os dois “sortudos” que irão receber o meu rico dinheirinho. Os outros, paciência. Ficam para o mês seguinte.
Afirmo aos senhores, com toda certeza, que sua empresa vem constando todos os meses na minha caixinha. Se não os paguei ainda, é porque os senhores estão com pouca sorte.
Finalmente, faço-lhes uma advertência: Se os senhores continuarem com essa mania de me enviar cartas de cobrança ameaçadoras e insolentes, como a última que recebi, serei obrigado a excluir o nome de Vossa Senhoria dos meus sorteios mensais.
Sem mais, Obrigado.”


Colaboração de Luiz Castro
Bacharel Administração de Empresa
1991,