O vice-presidente da Anaspra (Associação Nacional de Praças), cabo Jeoás Nascimento, se entregou na manhã desta terça-feira (14) ao comando da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, em Natal, onde exerce a função. Ele é um dos 12 líderes do movimento grevista dos militares na Bahia que tiveram a prisão decretada e estava foragido desde o último dia 6, quando a Justiça baiana expediu o mandado de prisão. Outras quatro pessoas estão presas em Salvador

 Em uma segunda assembleia realizada nesta sexta-feira (10), policiais grevistas da Bahia decidiram pela manutenção da greve iniciada no último dia 31 de janeiro Mais Margarida Neide/Agência a Tarde

O diretor administrativo da Associação de Cabos e Soldados do Rio Grande do Norte (ACS-RN), César Cals de Queiroz, disse ao UOL que Nascimento se apresentou às 8h no quartel da PM, já passou por exame de corpo de delito e foi encaminhado para a sede do Bope (Batalhão de Operações Especiais), onde ficará detido à disposição da Justiça.

Segundo o comando da PM potiguar, caso não se entregasse hoje o cabo seria considerado desertor, já que a sua ausência foi publicada na última terça-feira (7) – o prazo para apresentação era de sete dias. Ainda segundo a PM, a prisão do militar já foi comunicada à Justiça baiana.

A ACS-RN informou que já ingressou, nesta segunda-feira (13), com um pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça da Bahia. “Mas estamos com muita dificuldade, pois a defesa não teve acesso ao processo. Uma coisa absurda, oito dias após o decreto, a defesa não teve ainda acesso ao processo para fazer um pedido embasado. Vamos aguardar a resposta, e, em caso de negativa, vamos decidir uma forma de protestar”, afirmou César Cals de Queiroz.

Segundo Queiroz, a acusação contra o cabo Nascimento é injusta, já que ele foi à Bahia para ajudar a resolver o problema e negociar com o governo. “Sempre que há um movimento nacional, Jeoás participa. Nós conhecemos ele, o caráter dele, e sabemos que ele nunca liderou nenhum ataque contra a população. Isso é infundado. Ele já rodou o país para negociar e nunca foi acusado de nada”, disse, citando que o governo baiano tentou criminalizar os grevistas.

Até o momento, outros quatro militares, dos 12 que tiveram a prisão decretada, foram detidos –todos na Bahia. São eles: Marco Prisco — presidente da Aspra (Associação de Policiais, Bombeiros e seus Familiares da Bahia) e líder do movimento–, o ex-sargento Antônio Paulo Angelini, o sargento Elias Alves de Santana e o soldado Alvin dos Santos Silva. Outros sete militares ainda são procurados pela Justiça.

Entenda a greve da Polícia Militar na Bahia

  • Raul Spinass�/Ag�ncia A Tarde
  • Grevistas deixam a Assembleia Legislativa

A greve parcial dos policiais militares na Bahia foi deflagrada no dia 31 de janeiro. Dias depois, o movimento foi considerado ilegal. Doze mandados de prisão foram expedidos contra policiais militares que lideram o movimento. Todos são acusados de formação de quadrilha e roubo de patrimônio público (carros da corporação). Além dos crimes, os policiais devem passar por um processo administrativo.

No dia 9 de fevereiro, os agentes que estavam amotinados durante dez dias na Assembleia Legislativa, em Salvador, desocuparam o prédio. Na noite do dia 11, o fim da greve foi decretado.


Carlos Madeiro
Do UOL, em Maceió
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