Os alaridos da Copa do Mundo 2014 me fizeram buscar nos arquivos, “Carnaval de um mês”, um velho escrito meu de novembro de 2007 que surgiu fomentado pelas opiniões do doutor Sócrates (o “magrão” da Democracia Corintiana) sobre esse evento. E escolher trechos como o:

Ora, já que bem se noticia a nossa irresponsável improvisação a exemplo do recente Mundial de Basquete Feminino em Barueri (SP) e do XV Jogos Pan-Americanos no Rio, e o efeito negativo pós-festança esportiva com as instalações construídas deixadas ao léu e não aproveitadas em benefício social algum, nos resta torcer para que até lá, [até 2014, explicando] as cabecinhas pensantes da Organização, governamental ou não, estejam com as mentalidades mudadas”; e como:A infra-estrutura esportiva, ou seja, estádios estruturados e confortáveis tornam-se prioridade absoluta; sem eles nada feito. Aqui, o governador baiano abriu o leque e disse que se precisar, construirá um novinho em folha. O Presidente da República a respeito alertou da necessidade de 12. Num país onde é notória a carência de empregos, a construção ou as reformas dessas praças de esporte obviamente movimentaria a economia.”. Que conectei com:

“Então, reformar ou construir novos estádios? O tema é polêmico. A questão é que, como entra governo e sai governo, e não se vê melhorar um tiquinho assim o nível de organização, de planejamento, e sempre há um jeitinho para o desvio de dinheiro público e outras corrupções…”. E concluía este parágrafo inserindo que novas arenas construídas teriam o destino de se tornarem “mausoléus”, como achava o ex-craque do escrete canarinho.

Outros alvos foram apontados. Aproveitando a deixa daquele famoso caos na aviação civil (lembra?), o da necessidade do país resolver os ineficazes sistemas de transporte e viário nas áreas dos jogos, fora um deles. Quanto a Insegurança, um problema sério que vem evoluindo de maneira quilométrica, disse eu: No festão de Zurique, o responsável por nosso Futebol, o senhor Ricardo Teixeira, não gostou quando uma jornalista canadense quis saber como solucionar a Violência no país, [no Brasil, para clarear] considerado entre os de maior número em homicídios no mundo. Natural que a nossa patriótica comitiva tupiniquim logo entrasse em campo, para revidar a suposta entrada mais dura da entrevistadora.”

Serei repetitivo na afirmação que tais fragmentos se envolvem com o passado novembro de 2007, mês imediato ao da FIFA ter aceitada a proposta brasileira de sediar o torneio. O atual efeito gerador de empregos oriundo das construções, reformas e modernizações dos estádios, impulsionando a economia, bate certinho com o meu juízo de cinco anos atrás. Já entendia sim que o período antecedente e o da Copa propriamente, poderiam propiciar ao país resultados benéficos, como se pode notar no segundo excerto. No terceiro que inicia com “Então, reformar ou construir novos estádios” não, neste, olhando para outros aspectos em especial os das prioridades, abraço a visão do “magrão”, que alcança também o pós-período dos jogos, ligação reafirmada ao final do texto com: “Como nosso histórico não é nada recomendável, como seguro morreu de velho, e como não me considero um paciente rebelde a ponto de rejeitar prescrição médica, vou ficando com o doutor. Se o doutor falou, tá falado!”. O doutor que infelizmente não está mais neste plano dos terráqueos.

Sim, o título foi tirado de uma das instigantes frases do “magrão” que considerava que a Copa seria como uma prolongada festa momesca, mas que quando terminasse, o país voltaria a ser como dantes, e o pior: com “uma bela conta para pagar depois” Hoje, ao cidadão aqui, sem ainda saber se o “planejamento”, a “organização” e o “jeitinho” das equipes dentro das quatro linhas avançaram coletivamente e se estão jogando mesmo na bola, resta optar por ficar aguardando, não obstante faça parte do time dos que acham que toda conclusão seja temporária.

Heckel Januário