O próximo espetáculo do Teatro Popular de Ilhéus (TPI) estreia no dia 02 de julho e promete inovações ao contar a história do levante dos escravos do Engenho de Santana, no século XVIII. “1789 é uma ópera afro-rock”, define o autor e diretor, Romualdo Lisboa. O peso do rock and roll imprimido pelo diretor musical Cabeça foi misturado ao vigor dos tambores africanos do músico do Terreiro Matamba Tombenci Neto e ator, Marinho Rodrigues.

Foto by Felipe de Paula.

Foto by Felipe de Paula.

Além da forte combinação musical, 1789 mistura as linguagens do teatro, dança e audiovisual. O cenário é construído pelos atores ao decorrer de cada cena, com 60 sacos de farinha de trigo recheados com serragem. Os figurinos foram confeccionados pelas costureiras do Terreiro Matamba Tombenci Neto e a maquiagem realizada por Guto Pacheco. “Todos os equipamentos utilizados na peça foram comprados aqui em Ilhéus, exceto o de rapel. Nosso objetivo é fazer circular os investimentos em nossa região”, ressalta Romualdo.

Para contar o fato histórico, a montagem começa em uma fábrica de processamento de cacau no ano de 2089. Os trabalhadores interrompem suas atividades e lutam para produzir o próprio chocolate, deixando de exportar a matéria-prima. Nas discussões sobre o processo de greve, lembram a rebelião dos cativos, que tomaram o Engenho de Santana entre 1789 e 1791, e tentaram negociar com os colonos, chegando a entregar uma carta de reivindicações. A partir daí, começa a viagem no tempo, até a Ilhéus do século XVIII.

Além dos artistas do TPI, o espetáculo conta com atores, músicos e bailarinos do Terreiro Matamba Tombenci Neto, remanescente dos escravos do Engenho de Santana. As pesquisas históricas foram orientadas pelo professor doutor Marcelo Henrique Dias, além de uma série de debates com especialistas no projeto Improviso, Oxente!, iniciada em 2008 e retomada em novembro de 2012. Em abril deste ano, o elenco participou de oficina sobre performance negra, com o dramaturgo e diretor teatral Márcio Meirelles. Em maio, o bailarino e coreógrafo Zebrinha orientou as marcações dos movimentos dos atores e atrizes.

O espetáculo 1789 foi um dos contemplados pelo edital setorial de teatro do Fundo de Cultura da Bahia. A produção é de Pawlo Cidade, através da entidade sociocultural Associação Comunidade Tia Marita. Além da estreia em 02 de julho, a peça estará em cartaz ao longo do mês inteiro, de quartas-feiras a sábados, às 20 horas.