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O ASFALTAMENTO EM ILHÉUS E A PINTURA DE DEBRET

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Todos os ilheenses têm visto as obras de asfaltamento que estão sendo realizadas em diversas vias públicas de nossa cidade, melhorando as condições de tráfego e deixando a cidade, até mesmo, com uma aparência mais limpa e mais bonita.

Não há dúvida de que o asfaltamento é uma boa iniciativa, e que traz benefícios a todos. Porém, duas questões precisam ser trazidas a baila quanto a este fato.

A primeira são as constantes aparições do prefeito municipal nos locais onde o asfaltamento está sendo realizado. Todos sabem que as obras de pavimentação asfáltica são obra do governo do Estado da Bahia, e que a prefeitura de Ilhéus nada tem haver com o que está sendo realizado.

Assim, configura-se uma imagem patética, surreal, que se aproxima da total ausência de senso de ridículo, ver o prefeito visitar – com ares de supervisor geral – as obras de asfaltamento que ele não mandou fazer, que não pagará e sobre as quais não tem ingerência técnica alguma.

A segunda questão a ser abordada reside na extrema cara de pau do governo do Estado da Bahia, ao tentar comprar a consciência dos Ilheenses com um asfaltamento de véspera de eleição.

Digo e repito que o asfaltamento é uma coisa boa para a cidade. Mas passar quatro anos sem fazer quase nada pelo município de Ilhéus e tentar iludir o povo com a aplicação de alguns poucos centímetros de capa asfáltica em véspera de eleição é menosprezar a inteligência do povo.

Quando vemos o asfaltamento que em poucos meses está sendo feito, o que pensamos é no quanto nossos governantes – se quisessem de fato fazê-lo – poderiam ter melhorado nosso Estado, nossa saúde, nossa infraestrutura, nossas vidas. Se quisessem de fato, quanto se poderia fazer em quatro anos de trabalho sério!

Por isso, todas as vezes que vejo o asfaltamento sendo aplicado, me lembro de uma pintura muito famosa, do artista francês Jean Baptiste Debret, feita no Brasil do Século XIX, em pleno período da escravidão.

A pintura retrata um casal de senhores de engenho brasileiros, ricos e broncos, almoçando em uma mesa rodeada de escravos e de crianças nesta sofrida condição. Mais exatamente, a pintura mostra o momento em que um dos senhores destina a um menino escravo uma coxa de frango que este, obviamente, pegará com máxima alegria.

Pois bem: O asfaltamento de nossas vias em véspera de eleição me faz sentir como se fosse eu mesmo aquele menino negro, reduzido à escravidão, que pega sem questionar a dádiva que saciará sua fome, e que não é mais do que uma migalha jogada da farta mesa dos senhores – no caso o governo do Estado – para a ralé, o povo indigente que se encontra à sua volta.

Gostaria que nossos governantes compreendessem que não queremos obras de véspera de eleição, tapa-buracos mais ou menos chiques, e sim Políticas Públicas de verdade, aplicadas durante todos os anos de gestão, capazes de fazer melhorar nossos índices de criminalidade, nossa economia, nossa cultura, nossa saúde enfim, capaz de impactar positiva e permanentemente nossa sociedade e nossas vidas, permanecendo como Políticas de Estado voltadas para o Desenvolvimento.

Porém, infelizmente, nossos dirigentes político-administrativos insistem em nos atirar, no máximo, uma coxa de frango.

Julio Cezar de Oliveira Gomes

Graduado em História e em Direito, ambos pela UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz

1 resposta para “O ASFALTAMENTO EM ILHÉUS E A PINTURA DE DEBRET”

  • O problema é que nem o Prefeito nem o Governador quem pagou de fato pelo asfalto: o povo pagou 4 anos (ou mais) pra ter um remendo no final, é mais caro do que consórcio de carro zero, onde você paga 2 carros pra passar o azar de ser contemplado no fim.

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