WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia
secom bahia secom bahia sufotur secom bahia secom bahia secom bahia secom bahia secom bahia


fevereiro 2015
D S T Q Q S S
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728








Heckel Januário em: UMAS E OUTRAS INUSITADAS DA CIDADE (XVII)

(NOTAS DE BELMONTE – ‘BEBEL’ PARA OS MAIS CHEGADOS)

Belmonte.

Belmonte.

As filarmônicas Quinze de Setembro e Lyra Popular continuam sendo apesar de alguns percalços no transcurso de suas existências, dois patrimônios culturais de Bebel.

A primeira fundada em 15/09/1895 e que, como se pode perceber, completará 120 primaveras neste ano de 2015; a segunda em 8/12/1914 que, por sinal, de centenário comemorado em grande estilo: participando bandas de várias regiões da Bahia –incluindo a Quinze, parceira da cidade– e uma de Sergipe, realizaram um belíssimo encontro musical. O partícipe não hesitou dizer do quão emocionante fora, e que há muito não se via festa igual.

Aliás, as notícias chegadas aqui a Capitania dos Ilhéus a respeito do evento foram tão boas que de pronto, fatos relacionados vieram à tona, encaixando de cheio no propósito desta série em pauta.

Registre-se –num breve histórico– que esse tipo de entidade musical, denominada ‘sociedade filarmônica’, no seu desenvolvimento no Brasil (primeiramente no âmbito militar) no meado do século XIX, era ligado em sua maioria a uma corrente política e/ou econômica. Funda-se o elo em razão das despesas –de implantação e manutenção– serem relativamente altas, principalmente no tocante a instrumental e a fardamento. Aqui no Sul da Bahia, ao intendente e/ou ao coronel do cacau, cabia-lhes o sustento.

No caso da de 1914, recente aniversariante, ela nasceu do ideal de um grupo de belmontenses (homens e mulheres) objetivando ocupar o espaço deixado por uma extinta filarmônica chamada Bonfim. Mas uma pendenga primava por ser resolvida: a compra de instrumentos versus a grana de caixa literalmente curta. Como os membros sabiam do instrumental dessa banda pertencer à dona Januária, à dona Zulmira, senhoras da sociedade, e majoritariamente à dona Guilhermina, esposa do então intendente José Gomes, decidiram unanimemente por um “golpe”, na expressão pejorativa da palavra. Numa rápida reunião, jeitosas, as mulheres resolveram convidar outras senhoras citadinas influentes e, na forma de uma comissão, marcarem uma audiência com as proprietárias na residência da primeira dama. O encontro para todos os efeitos tinha a finalidade, como fora espalhado propositadamente, de convida-las para a assembleia de fundação da banda em projeto. Mas na verdade, por trás da formalidade do convite, fervia outro objetivo: o pedido de transferência do instrumental da Bonfim para a embrionária filarmônica. E assim, procurando exaltar sempre os feitos da entidade musical de outrora, e com jeito, treita e manha, artifícios de fazer inveja ao mais astuto político brasileiro de hoje, as missionarias conseguiram, não só o almejado, como também, por tabela, um significativo apoio político. Viu o “golpe de mestre”?  Só que, voltado para uma boa causa, para uma boa causa!

Outro lance sui generis se deu já em pleno curso da assembleia. Escolhida a diretoria o próximo passo seria o de nomear a sociedade e abrir a lista de sócios. Nomes diversos foram sugeridos. O de “Aurora”, cotadíssimo, só não vingara porque a audácia de três senhoras, usando veementes argumentos, derrubou-o.  Uma –veja você!–, enfatizando “aurora” presumir futuro, argumentou que o momento não podia ‘amanhecer’; outra inspirada nos ‘lírios’ e nas ‘dálias’ da corbelha que ornava uma bonita mesa de jacarandá no centro do salão da reunião, propusera “líria”, e que a cor do uniforme fosse o grená, como os das dálias; a terceira solicitando com veemência ao secretário o registro na ata, e seguindo a evocar o termo “povo”, clamava os presentes a acrescentarem “popular” depois de “líria” e a referendarem Líria Popular. Dessa maneira, na força feminina, e com nome feminino, nascia a atual Sociedade Filarmônica Lyra Popular.

A eliminação do último “i” – ficando Lira; e a substituição do primeiro por “y” de Lyra atual, não sabemos quando da mudança.

Nota: Debruçamos para este texto em outros –tematizando essas bandas– que fizemos no passado (desde o ano 2000), os quais se basearam, entre outras fontes de pesquisas, no trabalho de 1992 das belmontenses Maria Adalcy e Ariadne Rocha sobre a Lyra Popular. Esperamos, no avanço da garimpagem, sequenciar a abordagem, claro, se os fatos calharem com a proposição do título.

Heckel Januário

6 respostas para “Heckel Januário em: UMAS E OUTRAS INUSITADAS DA CIDADE (XVII)”

  • Dedete says:

    Heckel, a sua versão da história é interessante. As 2 filarmô
    nicas lá de Beleleu tem muitas histórias a serem registradas. Vc não se anima a faze-lo??
    abraços da amiga dos velhos tempos 8ou do tempo bom)

    • Heckel says:

      Oi Dedete.
      Bebel, Bebel, nada de Beleleu rsrsrsr
      Com certeza, muitas histórias. Nesta série, como indica o título, estou procurando as incomuns.
      Valeu o incentivo.
      Um abração do amigo. Bons tempos, bons tempos…

  • Alberto C. Magnavita says:

    Caro Januário, fez-me lembrar do saudoso ( Celito ) Wenceslau Guimarães quando das suas crônicas geravam comentários elogiosos atá dos Governadores.
    Você é um desses belmontenses que valoriza e defende nossas pratas da casa, sou um leitor fiel de suas narrativa, parabéns e um forte abraço

    Alberto Magnavita
    o Rádio…

    • Heckel says:

      Diga Alberto, o popular Radio
      Pô meu, foi longe! Você sabia que o pai de Celito, Wenceslau Guimarães (filho com o mesmo nome) foi governador da Bahia por um dia? É rapaz, existe esse fato e gostaria de saber mais detalhado. Wenceslau pai, segundo Marcos Melo, deixou ramificações pro lado de Nilo Peçanha, Taperoá. Ele era casado com a filha do intendente de Belmonte, José Gomes.
      Valeu o grande incentivo
      Um abraço

  • Adelmo Andrade says:

    Januário para os mais intimos JANU, é sempre bom ler algo a respeito de nossa Bebel da uma saudade que só entende que é da terra, como bem citou o nosso companheiro, colega Magnavita,

    Abraço

    Adelmo

  • Heckel says:

    Diga aí Adelmo.
    Como você sabe, é um prazer imenso dizer algo a respeito da terrinha, em especial desses casos meios ‘fora de série’.
    Um abraço

Deixe seu comentário





















WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia