Por Cilane Assad de Souza (15/3/2015)

Gostaria de apresentar ao PT , aos cientistas políticos,a alguns membros da esquerda e da imprensa quem são as pessoas que participaram das manifestações de hoje: Somos os “eles”, a “zelite” de Lula, a “direita reacionária” ou como gostamos de nos apresentar, as pessoas de bem que estão indignadas com tudo o que ocorre neste país.

Somos os que trabalham, os aposentados que durante anos contribuíram para o crescimento deste país e que não constatam que sua renda diminuiu quando mais precisam; os que pagam impostos que não param de subir; que estão fartos de ver uma minoria barulhenta contar e exigir direitos que muitos, para tê-los, tiveram que suar a camisa e fazer sacrifícios; que não concorda com os empréstimos e investimentos em países com os quais não temos a menor afinidade; dinheiro que faz falta no país para gerar empregos e honrar compromissos assumidos pelo governo; os que acreditam que o valor de uma pessoa é medido por suas realizações e atitudes e que não enxerga classes sociais ou castas.

Somos aqueles que cantamos em nosso Hino Nacional a beleza de nosso céu, de nossas riquezas naturais, pedimos paz e enaltecemos nossas florestas ( verde, amarelo, azul e branco) que estão representadas em nossa bandeira.

Somos aqueles que acreditam no valor do trabalho, do estudo; não tomamos atalhos. Quando nos comprometemos ou assumimos compromissos, pagamos nossas contas com sacrifício. Gostamos de acreditar na palavra de uma pessoa e reconhecemos as leis, os princípios e a autoridade, mas gostamos de salientar sempre que “o poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido”. Talvez por isso, estejamos todos envergonhados e revoltados por termos como Presidente da República uma mulher mentirosa, que não representa a população feminina deste país.

Não queremos o “terceiro turno” das eleições, pois entendemos que o processo eleitoral acabou. Tanto temos esta certeza que não dividimos nosso país, apesar dos discursos de Lula e de Dilma durante a campanha eleitoral.

Não sentimos prazer em assistir o sofrimento alheio e não nos aproveitamos da miséria alheia. Fome é o último estágio do ser humano antes que ele se torne um animal perigoso.

Não nos importamos em compartilhar, mas não toleramos mais o assistencialismo e a manipulação dos necessitados com programas sociais populistas, que dão uma migalha a alguém que pode criar asas e voar. Para que não restem dúvidas sobre quem de fato somos, já que tantos adjetivos infelizes são pregados em nossa testa enquanto estamos preocupados em fazer nosso melhor para mantermos nosso emprego e colocar comida em nossa mesa, quero deixar claro que a feiúra e a beleza estão nos olhos de quem contempla.

Não nos importamos com a beleza ou ausência dela nas pessoas que frequentam aeroportos. Queremos apenas que eles funcionem melhor. Em nossa opinião, quando alguém assume um cargo em uma empresa, à semelhança daquilo que ocorre conosco diariamente, esta empresa tem obrigação de crescer, aproveitando as oportunidades do mercado ou, na pior das hipóteses, ficar do mesmo tamanho. Se alguém rouba a empresa em que trabalhamos, tira de cada um de nós um pouco do que pertence a nós e aos sócios por direito. Quando descobrimos que bilhões foram desviados de uma empresa pública, com anuência e conhecimento do Partido que elegeu a Presidente, dela mesma e de seu antecessor, além de outros partidos que sustentam esta monstruosidade no poder, isso feriu a todos. É indigno, independente da nacionalidade, é um comportamento monstruoso e criminoso.

Hoje, milhões de pessoas saíram às ruas deste país para que ele nos conheça melhor. Não recebemos nenhum dinheiro por nossa participação, não havia ônibus à nossa disposição ou lanche. Pelo contrário, ainda há muitos de nós que dependem do transporte público esperando para voltar para casa. Não quebramos nada, ajudamos a limpar as ruas por onde passamos. Não está em nossa natureza depredar o patrimônio privado ou público, porque dependemos do último para nossas necessidades básicas e do primeiro para ganhar nosso sustento.

Para os que acham que nossas reivindicações são “difusas”, vou simplificar para vocês:

– Queremos que a investigação do “Petrolão” vá até o fim, doa a quem doer. Se chegar à Dilma, que ela responda também pelos crimes que porventura tenha cometido. Não estamos pedindo seu Impeachement porque gostamos, mas porque acreditamos que a lei é para todos. Não conhecer aquilo que se tem obrigação em conhecer e errar por omissão também é crime.

– Queremos saber o papel de Lula no “Mensalão” e no “Petrolão”. Queremos que todas as denúncias, entre elas aquela uma que a Polícia Federal demorou um ano para ouvir Lula seja esclarecida. O PT recebeu ou não uma doação vinda de Macau, feita pela Portugal Telecom? Se recebeu, foi ele que negociou.

– Queremos que os culpados sejam punidos

– Queremos uma reforma política que não permita o assalto às empresas e ao patrimônio público e que os que estão no poder não se aproveitem dos aviões, do orçamento e da caneta para permanecer no poder. A disputa tem que ser em pé de igualdade.

– Não aceitamos mais justificativas ou comparações com governos que terminaram seu mandato há 12 anos atrás. Elegemos nossos governantes para fazer melhor e não para se esconderem atrás de desculpas esfarrapadas.

– Queremos a verdade. Quando sabemos das dificuldades e somos tratados como adultos, nos unimos para superá-las. Está sendo assim com a crise hídrica. Não aceitamos mais mentiras, principalmente as elaboradas pelos marqueteiros.

– Queremos que os “movimentos sociais” como MTST e MST paguem por seus crimes e não aceitamos mais o financiamento por parte de empresas e órgãos públicos. Queremos que o “Exército de Stédile” seja desmantelado. Entendemos que, se as terras são doadas, fruto da reforma agrária e já existem linhas para financiar a produção da agricultura familiar e de cooperativas, que o patrocínio dado pelo Governo Federal, direta ou indiretamente, através de Organizações não governamentais e empresas públicas é dispensável.

– Queremos que uma minuciosa auditoria seja feita sobre os cargos comissionados na administração direta, indireta e nas autarquias e empresas públicas. Não aceitamos mais que o dinheiro de nossos impostos mantenha uma máquina administrativa inchada, para acomodar a “companheirada”. Gostaríamos de lembrar que o Sesi, Sesc, Sest, Senai são autarquias e que nós sabemos disso. Os sacrifícios têm que ser feitos de cima para baixo!

– Queremos o Poder Legislativo independente. Queremos que cada deputado ou senador vote em propostas que tragam melhorias ao povo brasileiro, mas que também tenham responsabilidade com o que é público. Eles foram eleitos pelo povo e trabalham para o povo, não em troca de “mesadas” e poder de indicação de cargos na Administração Federal. Mudando esta mentalidade, não há necessidade de 39 ministérios para acomodar “a base”.

– Queremos também o Judiciário independente. Que cada juiz suba na carreira por méritos no desempenho de sua função, na celeridade da justiça e pelo conhecimento das leis para aplicá-las com responsabilidade e não para atender demandas de quem os indicou.

– Queremos instituições fortes, como um dia elas foram. Queremos o Ministério Público independente, um fiel vigilante das leis e dos que não podem se representar.

Prazer em te conhecer e em te amar, Brasil e brasileiros! Motivo de orgulho no passado, no presente e certeza de realizações para o futuro. Hoje, mais que ontem e amanhã, ainda mais que hoje!