Anísio Cruz – janeiro 2018 

 Já defini que não darei votos a quem quer que seja, nessas próximas eleições, por não ter encontrado, alguém que de fato, me represente. Os nomes colocados à baila trazem, na sua maioria, nódoas indeléveis nas suas biografias, e mesmo que as pesquisas apontem números expressivos de intenções de votos, prefiro olhar sempre pelos seus índices de rejeições que, invariavelmente, são até maiores, e na minha opinião, mais significativos, neste momento. 

Acusações partidas de fontes duvidosas, somam-se a notícias de processos em andamento, ou até mesmo, julgados nas instâncias competentes, o que, num país sério, já os alijariam das disputas, independentemente das comprovações técnicas, sabidamente demoradas, no âmbito do judiciário. São recursos e mais recursos sendo antepostos na busca de protelarem os julgamentos devidos, e que são ansiados pela massa eleitoral, ainda atônita, diante do mar de lama em que está submersa a política nacional. Todos se acusam, mutuamente, denegrindo a imagem dos adversários, sem se darem conta de que, quando apontamos o nosso indicador para alguém, três outros dedos são voltados para o peito do acusador, enquanto o polegar, invariavelmente, está apontado para o alto, e lá há Alguém que tudo vê, tudo sabe, e do Seu julgamento, ninguém irá escapar. Está escrito. 

Sinto nas conversas que mantenho no meu convívio, que há um número significativo de eleitores cansados de assistirem a esses embates, ano após ano, sem que algo de novo surja arrebatadoramente, no horizonte político-partidário, para nos levar, em águas serenas, rumo ao futuro. As promessas, as soluções prontas, os chavões, e as palavras de ordem, são as mesmas, desde que me entendo como eleitor.  Tratam-nos como se fôssemos seres idiotizados aos quais manipulam, sem escrúpulos aparentes, em busca dos votos necessários às suas eleições. Não. Não somos mais assim. O eleitor brasileiro amadureceu, e já sabe separar “o joio do trigo”, muito embora ainda existam muitos que ignoram as evidências, e votam fisiologicamente, sufragando a quem lhes der mais. Uma questão de educação, que não irá mudar, num “passe de mágica”, mesmo porque a varinha de condão capaz de operar a mágica, é a educação, que poucos conseguem, de fato, galgar nos bancos escolares, por puro desinteresse da classe governante, por motivos óbvios.  

Somos um país jovem, é verdade. Quinhentos e poucos anos desde o seu descobrimento, e colonização, até os dias atuais, são muito pouco diante de nações mais antigas, cujos processos civilizatórios remontam há muitos anos, e até milhares. Muitas delas passaram por graves conflitos, nas suas formações, com banhos de sangue em guerras fratricidas, e os relatos históricos estão aí, para nos alertar.  

Posso até estar enganado, mas há uma facção política acalentando o sonho de domínio da nossa pátria, que prefere promover um grave conflito em nosso meio, patrocinando a desordem, e pregando a violência para consecução dos seus objetivos. Incentiva uma verdadeira indústria de boatos a assolar o país, a destruir reputações, promovendo o caos social. Será um caminho sem volta? Temo por isso.