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A REGIÃO AGRADECERÁ

Anísio Cruz – janeiro 2018

A notícia de que o Fernando Gabeira está na região, com o propósito de produzir um documentário acerca da “vassoura de bruxa”, mexeu com os brios adormecidos dos nossos cacauicultores. Não que o Gabeira tenha como objetivo, assumir a defesa da nossa lavoura, após tantos anos de derrocada. Mas, pelo menos mostrará ao Brasil, a crua realidade de um atentado terrorista perpetrado contra o nosso principal segmento econômico, que num passado cada vez mais distante, tanto representou para a região, para o Estado, e por via de consequência, para o país.

O fato que gerou a contaminação, sobejamente conhecido por todos os conterrâneos, vinculados ou não, com a lavoura, não teve, a nível nacional, a repercussão esperada por todas as entidades representativas, e pelos próprios agricultores, que viram-se de hora para outra, endividados, e empobrecidos, com os seus patrimônios herdados, ou construídos a custa de muito trabalho, sendo abandonados à própria sorte. Junto com eles, mais de 2 centenas de milhares de operários e seus familiares que lhes serviam na lida, muitos nascidos dentro das propriedades, e outros a elas agregados, que a partir do abandono das propriedades improdutivas, zanzaram sem destino, atônitos por não terem outro meio de vida que lhes desse o sustento.

A quebradeira geral, atingiu outros setores econômicos, como o comércio, e serviços, além da rede de comercialização do produto, que inclui também o setor portuário, e as indústrias moageiras do maior parque industrial do cacau do mundo. Todos perderam. E por mais que tentassem se apegar a programas que foram disponibilizados pelo órgão responsável, a CEPLAC, não chegavam a obter sucesso na rede bancária oficial, quando pretendiam acessar as linhas de crédito disponibilizadas, devido ao endividamento generalizado. Males da monocultura, dirão os críticos técnicos que analisaram o problema, e não estão errados. Os nossos avós já diziam que nunca deveríamos por todos os ovos, na mesma cesta. Mas eles próprios assim fizeram, ao investirem na ampliação das suas roças, ao longo do tempo. A cacauicultura era um bom negócio, sim, e todos vivíamos bem, mesmo que nunca tivéssemos plantado um único pé de cacau. E as valorizadas terras propícias ao cultivo, começaram a ser cobiçadas por levas e mais levas de ex-operários, e militantes de movimentos sociais, aproveitando-se do momento político que lhes era favorável. O objetivo traçado pelos que praticaram o atentado terrorista, estava sendo cumprido, assegurando-lhes uma massa de manobra conveniente aos seus interesses políticos. Era o fim de um ciclo econômico, que plantou, além do cacau, uma infraestrutura adequada, uma universidade, um centro de tecnologia de ponta, dentre outros legados.

Com esse panorama à frente, chega Gabeira com sua equipe de produção, câmeras à mão, e certamente muitas ideias na cabeça. Aqui serão conduzidos aos filhos dos pioneiros plantadores do “fruto de ouro”, o theobroma cacao, como chamavam os astecas, seus primeiros consumidores e comercializadores, segundo conta a história. Também entrevistarão os cientistas de plantão, que irão lhes expor as suas teorias, mostrando gráficos e números

colhidos nas suas pesquisas. Filmarão roças de cacau das redondezas, com direito a demonstrações práticas de colheitas com os afiados podões, e a quebra do fruto, com o seu despolpamento por ágeis dedos inchados, ou quem sabe, uma moderna despolpadeira mecânica, para mostrar como evoluímos. Verão também as estufas, ou as velhas barcaças de secar amêndoas, e a dança dos peões a separar as sementes, com seus pés rachados. Sentirão o odor acre dos coxos de fermentação, e naturalmente experimentarão bagos, oferecidos à sombra dos cacauais. Depois, serão levados a algum restaurante fino à beira da praia, onde desfrutarão os sabores da nossa rica culinária, onde não faltarão pitus, robalos, e outras iguarias. Falarão dos livros do Jorge Amado, esquecerão o Adonias Filho, o Hélio Pólvora, e outros autores regionais, mas irão comer os afamados quibes do Vezúvio, não sem antes visitarem o Theatro Municipal, e a Casa da Cultura, como manda o protocolo.

Depois, os nossos ilustres visitantes, munidos das imagens espetaculares obtidas nas roças e nas cidades da região, partirão pelo nosso aeroporto Jorge Amado, rumo às delícias do sul maravilha. Tomara que não esqueçam de filmar um dos muitos galhos infectados pelo fungo Moniliophtera perniciosa, ou simplesmente, “vassoura de bruxa”. Torcerei para que a reportagem surta os efeitos desejados, e os culpados sejam finalmente punidos. A região agradecerá.

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