A ÁRVORE DO PEQUENO PRÍNCIPE
Luiz Ferreira da Silva, 81.
Engenheiro Agrônomo e Escritor
luizferreira1937@gmail.com
Quem leu o livro de Antoine Saint Exupéry se lembra da majestosa árvore africana, o Baobá. Não é que, aqui, perto de minha residência (Ponta Verde, Maceió/Al), descobri um secular representante, plantado pelos escravos!
Gosto muito de andar pelas ruas, sobretudo na orla, apreciando a paisagem, oportunizando-me admirar árvores seculares, remanescentes da mata atlântica, sobretudo. Foi assim, que descobri e até escrevi sobre duas delas – O Oitizeiro da Pajuçara e a Gameleira dos pescadores. Ambas, com mais de 100 anos.
Recentemente, na chamada Praça dos Skates, deparei-me com um baobá, também secular. Há três meses que lança belas flores que não duram mais de 24 horas.
Em sua homenagem, já que ninguém o reverencia e os órgãos públicos do meio ambiente e as fajutas ongs ecológicas nem estão aí e, talvez, nem sabem da sua existência, resolvi saber dele, numa linguagem “fito-telepática” que desenvolvi para falar com as plantas. Não sou maluco, não!
ODE AO BAOBÁ DE MACEIÓ
Vim de longe, lá do continente africano,
Plantado pelos escravos, trabalhadores sem destemor.
Fincado no chão duro sob o sol nordestino
Adaptei-me, vicejei e cresci com esplendor.
A minha arquitetura provida de um caule expansivo
A sua cor esverdeada e vigor despertam atenção
Foi o que aconteceu com Antoine Exupéry
Inseriu-me no seu belo livro O Pequeno Príncipe, então.
Na nova Pátria, ainda sou uma criança de menos de 400 anos.
Enquanto meus ancestrais do Senegal ultrapassam os 5 mil.
Em Maceió, na Praça Muniz Falcão, chamada do skate
Reino sozinho e olhando de cima emano energias de modo sutil.
Mas, essa minha visão angular alcança também o mar.
Da bela praia, infelizmente me chegam odores, poluídos com certeza.
O descaso ambiental, a insensatez do homem e a carência pública.
Lamento informar: ninguém ficará impune ao contrariar as Leis da Natureza.
Por muitos e muitos anos poucos nem se aperceberam da minha pujança
Tampouco procuraram saber o meu nome e até me ferem com tolas inscrições
Eis que, para minha alegria, um Agrônomo me reverenciou, divulgando-me.
Passei a ser visitado e admirado, e até percebi o amor vindo de seus corações.
(Maceió, Al, Ponta Verde, 29 de março de 2018)