Entre as décadas de 60 a 80 existiram em nossa cidade diversas figuras humanas por demais conhecidas pela comunidade. Todos elas foram respeitadas e receberam tratamento humano  da sociedade.

 CADINHO – Vivia a caminhar pelas ruas do centro da cidade, sempre trajando uma calça caque, com a barba a fazer, tinha um tic  tic nos olhos, não era de tomar banho e normalmente fazia suas necessidades fisiológicas nas calças. Costumava estar presente nos enterros e quando lhe diziam “Olha a vela” ele se retirava do recinto. Apesar de viver desta maneira por ser “especial”, sua família procurava  cuidar de sua aparência… PÓ DE ARROZ – Era um senhor de meia estatura, branco, cabelos grisalhos gostava de portar um bocapiu (bolsa grande), usava bengala para se defender de quem o zombava, freqüentava as ruas do centro da cidade e já tinha sua clientela de pedir ajuda alimentícia e financeira. Certa vez ao passar por uma residência para pegar sua alimentação, a dona da casa pediu para que ele varresse o passeio para   depois  receber a alimentação. Não concordando com o pedido bracejou :

“Já está querendo me explorar”… BURACO – Conhecido também por Seu Antonio, era cego, usava bengala para se guiar, sempre de chapéu e de terno doados pelas viúvas após o falecimento do marido. Ele era sempre informado em primeira mão do falecimento dos fazendeiros de cacau “os coronéis”. Ficava bravo quando lhe chamavam de “Buraco ladrão” atirava pedra no alvo qualquer, pois não enxergava…

SAPA VEIGA – Era um jornaleiro conhecido pela sua maneira de viver. Vestia-se de qualquer modo, cabelos desarrumados, pés descalços. No período de eleições, se dizia  candidato a Prefeito. Seu palanque era um tamborete de madeira colocado em frente da Casa Brasil, em baixo de um pé de figo, onde  tinha sua banca de jornal. Naquele tempo o comércio fechava às 12:00h e abria às 13:30 e nesse intervalo os comerciantes e comerciários aglomeravam-se no local para ouvir seu discurso “cargas dáguas”.

A risada era geral, o povo gostava tanto que marcava outro comício para outro dia até chegar às eleições. Chegaram até criar uma musica que era cantada antes do comicio: “Viva Sapa Veiga, Viva o Carnaval, Viva Sapa Veiga no cenário nacional”… NORONHA – Figura tradicional da época,  circulava pela cidade falando alto e xingando aqueles que o aborreciam : “Noronha está cagado”. Certa vez ao entrar na lancha que ia para o bairro do Pontal, ele avistou o ex-Prefeito Henrique Cardoso e sua esposa. O Prefeito por sua vez ao perceber a situação vexatória que possivelmente iria passar, adiantou-se e murmurou nos ouvidos de Noronha: “Tome aqui um trocado, mais não xingue p…. pois  minha esposa esta na lancha”.  Noronha não pestanejando bradou bem alto: ”Henriquinho é um homem retado, me deu um cruzeiro para eu não xingar p……

VIRÓLE – Foi morador da Rua Fonte da Cruz e gostava de estar sempre preparado para qualquer emergência de salva vida; Nas horas vagas costumava exercitar-se nadando na praia da Avenida Soares Lopes, onde procedeu  vários salvamentos. Tinha olhos estufados e de estatura baixa, gostava de participar de atividades etílicas nos bairros da cidade… SETE ESPIRITO –  Segundo  boatos o apelido foi em virtude do mesmo ter sofrido vários acidentes e ter sobrevivido.  Andava pelas ruas parcialmente embriagado e vez em quando dava uma parada brusca e colocava as mãos para cima, dando um forte espirro… GABI – Era alto, moreno, desdentado, usava chapéu, andava descalço e fazia entrega de marmita. Ficava chateado quando alguém o chamava de “Gabi cadê Buzu”. Segundo  as más línguas, o tal individuo “Buzu” teve um caso amoroso com o entregador de marmita e fora pego em flagrante… PIRREL – Tratava-se de um homem escuro, com um bigode enorme, que trabalhava com desentupimento de esgoto, porém era muito preguiçoso e  durante o trabalho costumava conversar com todas  as pessoas que passavam. Daí é que os biribanos o chamavam de “Ê Pirrel vá trabalhar vagabundo”… MARECHAL MOISÉS E BERILO – Um certo comerciante de Ilhéus costumava invocar as citadas  pessoas iludindo-as  de serem militares por determinação do Ministério da Guerra. Foi assim que surgiram os Marechais Moises e Berilo que desfilavam pelo comércio da cidade vestidos de militar cheios de medalhas…

MACAÚBA – Era um vendedor de tabocas que saia vendendo pelas ruas da cidade. Usava um gorro de meia,  roupas eram  sujas e sebosas. Os moleques ao passar diziam: “Vamos provar?” Era que que o cidadão  era “gay” e gostava de apreciar a “coisa”. Segundo “Minha Veia” Macaúba ao receber o pagamento da taboca vendida, pedia ao freguês que metesse a mão no bolso para pegar o troco e  o bolso era furado e o freguês era surpreendido com algo “estranho”… DURANDO KID – Era um cidadão que vendia coco verde na Rua Dom Pedro  em frente onde é hoje a Galeria Itarte. E de tanto ser iludido pelo tal comerciante da Rua Dom Pedro II que parecia com Kirk Douglas do famoso bang bang americano; O  “Durando Kid”  começou a vestir-se de cawboy, portando uma arma de brinquedo “coldre”. As pessoas que passavam gritavam: “Cuidado Kid! “ Ele virava-se repentinamente e sacava o revolver “atirando” no inimigo.

E assim fica registrado as historias dos nossos “heróis” do passado.

         Colaboração de Luiz Castro

Bacharel Administração de Empresa