Luiz Ferreira da Silva, 82

Servidor aposentado, ex-Diretor do CEPEC.

Até que enfim, conseguiram acabar com uma Instituição Modelar. Um desenho começado com a chamada Nova República e ativado com o domínio por tantos anos pelo PT, a se concluir num governo que tem pouca sensibilidade rural, haja vista a decadência da coirmã EMBRAPA.

No caso da CEPLAC, um agravante: – a conivência política e o descaso da região por seu genuíno Órgão, criado pelos próprios cacauicultores. É difícil se admitir tal incongruência.

José Haroldo, Secretário-Geral por quase duas décadas, sempre enfatizava: – “A CEPLAC permanecerá enquanto for útil aos produtores e à sociedade”. Sábias palavras que, tempos depois, infelizmente, comprovaram tal vaticínio. Ela deixou de atendê-los com a eficiência requerida, ativando ainda mais o “gene” da sociedade cacaueira que, com problemas financeiros na sua luta de sobrevivência ante o mal da vassoura-de-bruxa, deu-lhe as costas.

Vivi 30 anos na região e nunca entendi o que eu chamo de “Síndrome Destrutiva Sul baiana “. Assim como a CEPLAC, pereceram o Instituto do Cacau, a SULBA, o Sistema Cooperativista, o CNPC, a ITAÍSA, etc. A Biofábrica da gestão do Dr. Carlinhos Macedo, que fora proficiente, hoje agoniza e não mais atende às unidades descentralizadas dos pequenos produtores.

E a região sempre omissa e sem se aperceber o mal para si própria, embora proliferem, sem contar os sindicatos, as inúmeras associações e frentes de defesas, que pouco ou nada de útil produzem para a região. É muito falatório, reuniões per captas e ilusão política.

Uma cultura da magnitude do cacau que já chegou a exportar um bilhão de dólares em certo ano, nunca possuiu lideranças e nem foi capaz de ter uma força política em prol de seus interesses dignos. Isso ultrapassa os limites do comodismo e da apatia.

E aí está o resultado; mal extensivo atingindo a todos: – o pé de cacau, o produtor, a Instituição, o trabalhador rural e as comunidades.

Querem ter uma ideia da fragilidade da região cacaueira basta compará-la com a região do café do Paraná e analisar Ilhéus ou Itabuna com a pujante Londrina.

Chego a pensar que se a CEPLAC fosse implantada nesta cidade, ou em Ribeirão Preto (SP), Santa Maria (RS) ou mesmo em Campina Grande (PB),  Caruarú (PE), ou no meu Estado (Arapiraca/AL), caso fossem cacaueiras, logicamente, ela não teria chegado a esse estado caótico, pois. teria a salvaguarda dessas sociedades.

Vale a pena reforçar, citando o IAC – Instituto Agronômico de Campinas- que convivi bastante e hoje, com mais de 130 anos ainda se mantém um orgulho para os campineiros que jamais o deixariam ser deteriorado por políticos nefastos.

A esta altura da ignomínia, o que se pode fazer? E quem suprirá os requerimentos tecnológicos e científicos? (Maceió, AL, 28 de janeiro de 2020)