TEMPOS TECNOLÓGICOS E A PANDEMIA Anísio Cruz – fev 2021

Há alguns dias, tomei a decisão de voltar a escrever, sobre coisas do nosso cotidiano. Na verdade, gosto de escrever, e todos sabem disso. Porém, há dias que amanhecemos indispostos, ou sem algum novo assunto palpitante, digno de ser abordado, e levado até vocês. Escrever é um hábito que deve ser cultivado, dia, após dia, sob pena de ficarmos com os dedos enferrujados, e a mente vazia, muito embora as notícias estejam circulando, por aí, à velocidade cibernética, sem parar. Um fato divulgado na Conchinchina, milésimos de segundos, já nos chega, como a milhões, quem sabe, bilhões de usuários do sistema globalizado, causando impactos diversos, negativos, ou positivos. Apenas o nosso pensamento é mais rápido, muito embora nós, seres limitados, não cultivemos a capacidade de usar a telepatia, para nos comunicar com o próximo. Então, valemo-nos de meios artificiais, como a rede mundial de computadores, a internet. Lembro-me que, há uns anos, me dei conta das enormes possibilidades do seu uso, e ainda nos anos de 1990, ousei adquirir o primeiro computador pessoal, para que pudesse ser usado pelos meus filhos, nos seus estudos, suas pesquisas, seu dia a dia, pois intuí, naquela ocasião, que aquela máquina estava antecipando o futuro, abrindo novos caminhos, novas possibilidades. A internet discada também foi disponibilizada, fazendo estourar a conta telefônica, tal a frequência com que usávamos. Evidente que precisaram fazer cursos, treinamentos, enfim, se familiarizarem com o monstro barulhento que colocara a seu dispor. Foi o princípio, um tanto desajeitado, mas um princípio, e nunca me arrependi disso. O futuro estava alí, dentro daquela máquina que, à custa de muitas prestações, havia adquirido, em negociação com o amigo Zé Lagos, o Zébinha, para os íntimos. A essa altura, já havia feito alguns cursos, sob a tutela do Manoel Felipe, ainda em Windows, com seus comandos digitados, difíceis de serem assimilados. Depois, já em Tex. de Freitas, cursos noturnos para preencher o tempo, na Extremo Sul Informática, do meu amigo Paulo César, já utilizando os ícones, que vieram substituir o ultrapassado sistema de comandos digitados. E assim evoluímos, junto com todos os avanços que são agregados, diariamente, facilitando a realização de incontáveis tarefas, impossíveis de se realizarem, em tão pouco tempo, manualmente. O mundo se transformou, e nós, privilegiados, viemos juntos, galgando os avanços tecnológicos que nos são disponibilizados, sem que tenhamos tempo de acompanhá-los. Lembro-me da primeira vez que vi uma plotadora imprimindo uma foto colorida ampliada, e foi um deslumbramento. Um escaneamento de imagens deixou-me boquiaberto, incrédulo. Hoje essas coisas são banais, corriqueiras, e qualquer criança é capaz de dar os comandos necessários. A minha guru tecnológica, a Wilza, faz assistência remota, no meu notebook, e dá conta do recado, com presteza. A minha amiga Nora, antes moradora de Aukland, na Nova Zelândia, e hoje na Alemanha, me manda fotos, e me chama carinhosamente de “meu farol do outro lado do mundo”, numa amizade virtual, sem que nunca houvéssemos nos visto pessoalmente. Meu amigo, o Arquiteto Maurice Degen, de lá da Suíça, para onde retornou há poucos anos, me manda fotos, que somente em olhar, fico congelado, e ele adora. Pois é, amigos, creio que cumpri a tarefa que me impus nas madrugadas despertas, enquanto a maioria dorme, para não enferrujar os dedos, e a mente, que teimam em levar a vocês, elucubrações matinais, usando a máquina infernal que permite me antenar ao mundo, nesses tempos pandêmicos. E vamos.