Alguns amigos sempre me pedem para que eu faça avaliações sobre as candidaturas a prefeito de Ilhéus em 2012. Respondo que 2012 está perto, mas as eleições estão muito longe e que não tenho o dom da futurologia, porém, diante da insistência dos amigos Gonzaga e Ricardo de Marco, socorro-me nas lições sobre o tempo de Santo Agostinho e caio na tentação.

O extraordinário Bispo de Hipona diz, em síntese, mais ou menos o seguinte: existem três tempos, a lembrança presente das coisas passadas, a visão presente das coisas presentes e a esperança presente das coisas futuras. Ninguém pode afirmar que o futuro já possui existência, ou que o passado subsiste. O passado é memória e o presente é olhado. O que foi realizado e persiste é visto. O que não é feito hoje também é observado. Em 2012 é o governo Newton Lima que será julgado

Teremos o embate de um passado de obras presentes no espaço contra um presente sem obras qualquer para projetar no futuro. Embate concreto de experiências.

O processo histórico da humanidade não ratificou a “República dos Sábios” de Platão. Eleições não é concurso de provas e títulos. O critério não é a escolha do gênio, que também pode vir a ser escolhido, mas não essencialmente por isso, mas em razão de conseguir uma imagem que atenda aos anseios e visões momentâneas dos eleitores. É o universo dos médios. Assim, não estarei fazendo análise de competências pessoais, mas de sujeitos políticos e as suas circunstâncias.

As candidaturas competitivas serão todas da base governista estadual, portanto, pela praxe e práxis políticas, ou seja, pela força do hábito, nem o governador, nem Lula ou Dilma, porão os pés aqui. Dizer diferente é conversa de cerca Lourenço pra enganar eleitor. Só os bobos pensam que o eleitor é bobo.

Não será a amizade do governador com qualquer candidato que irá determinar a eleição local, afinal ele não vota aqui. Ser amigo do governador é bom, facilita os acessos, mas o que conta é a articulação e o diálogo político. De Gaule já dizia que no poder não é o lugar apropriado para se fazer amizades e o nosso Jorge Medauar, que nele não tem lugar para chiliquentos. Nas eleições de 2012, o eleitor não quererá saber quem é amigo de quem. É o governo Newton Lima/Marão que estará sendo julgado. Não será fofocas e nem conversas de lavadeiras que imperará.
As obras do complexo inter- modal serão realizadas dentro de suas contingências, seja o governo qual for. Até mesmo do DEM. O que dói é a incompetência política e administrativa, a ausência total de planejamento, do governo municipal, não sabendo se articular e pensar a cidade para o futuro. É um governo esquizofrênico.

Os partidos da oposição nacional (e também estadual, no caso o PMDB) estão muito desarticulados em Ilhéus. Marão,( o Vice-Prefeito e filho da Deputada Ângela, que nas eleições passadas apoiou Serra, Paulo Souto e para deputado federal Fábio Souto), parece que vai sair do PSDB e migrar para o PSD, buscando o aconchego do ninho governista. A falada candidatura de Fábio Souto pelo DEM, parafraseando Marx, está menos para farsa e tragédia, e mais para piada; ele tem tantos votos quanto os candidatos Perequeté, Tatá, Dadá, Parará e Zé de Madá, supostos pré-candidatos da base governista municipal, que só pontuam em pesquisas dentro de suas cabeças e cujas boas imagens eleitorais só aparecem nos espelhos de suas casas. São pré-candidaturas que vestem muito bem a criativa frase do filósofo do calçadão Marquês Birro: “Se cobrir é circo, se cercar é hospício”. Afinal, não é nada demais, pois todos nós temos um pouco de palhaço e de louco.

No estudo da história eleitoral jamais uma eleição municipal foi nacionalizada ou estadualizada, todas as tentativas falharam. São os fatores e problemas locais que contam. Quem vota em Ilhéus são os eleitores da terra. São os moradores do Amparo e de outros bairros e distritos ilheenses (e não os de Ondina de São Salvador) os sabedores do desamparo da cidade. Vive-se e vota- se localmente.

O SUS de Vitória da Conquista funciona. O de Ilhéus é um CAOS. A cidade está perdendo a saúde plena. A culpa não é do Solla, do Wagner ou do Padilha. A culpa é da péssima administração local do governo Newton/Marão. A secretaria de saúde tem dois anos que é administrada pelo PT, o partido é co-responsável. Nas eleições, o povo irá julgar o PT e o PSB locais, e não os nacionais. O eleitor sabe muito bem separar o joio do trigo. O jogo é jogado aqui.

Hoje fazem parte do governo municipal o PSB, O PT, o PPS e o PSDB (oposições estadual e federal) e outras siglas menores. Será que terão um candidato único? Sabe-se que Alcides articula uma frente anti-Jabes. Será se prospera uma ação política cujo programa é ser contra uma pessoa? Quem será o candidato Ângela, Marão, Alisson, Carmelita, Carqueija,Bahia, Marcos Flávio, Carlinhos Freitas, Alcides?Existe algum coelho em alguma cartola? Ruy Carvalho sonha em ser este candidato, após um deslocamento em junho de 2012 do PSB e do PT do governo Newton. O eleitor aceitará a manobra?Até quando o PT ficará no governo? Até dezembro de 2011? Ou até maio ou junho de 2012? Ou até o final? O que pensam sobre isso Geraldo Simões e Josias Gomes? O PT de Wagner sabe existir o local, mas pensa globalmente.

As circunstâncias não parecem boas para o barco governista local e a sua tripulação. Acredito que a gramática da articulação Alcidiana terá tanta eficácia quanto o acerto ortográfico da frase exposta num outdoor, de um pré-candidato governista, espalhado pela cidade: “O trabalho do presente constroí o futuro”. Assim mesmo com o acento no (“í”).

Existe uma pedra no meio do caminho/ No meio do caminho existe uma pedra. E esta pedra poderá afundar a nau dos contentes da atualidade, mas os seus comandantes, articulistas e tripulantes fiquem calmos, não se avexem, o presente está passando, porém não se pode dizer que o futuro chegou, entretanto os indícios não aparentam que será magno para os detentores do poder local.

Como diria meu amigo Rildo Mota é o óbvio, do óbvio, do óbvio. É elementar… meu querido Gerson Marques!