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Carta de Augusto Junior – ASPRA

De: antonio
Assunto: Carta de Augusto Junior – ASPRA

Corpo da mensagem:
CIDADÃO MARGINAL
Augusto Júnior por: Augusto Júnior

Quem é esse “marginal” chamado Augusto Júnior que teve mandado de prisão expedido pela Justiça Baiana, que é caçado pelas Tropas de Elite da Polícia Federal, Polícia Civil e Militar, que o Governo Federal disponibiliza vaga em presídio de segurança máxima para deixá-lo recluso? Que a Rede Globo (Rede Bahia) execra e apresenta como um marginal de alta periculosidade, tentando jogar a opinião pública contra esse cidadão marginalizado pelo Estado da Bahia. Augusto Júnior, quem é esse terrorista?
A pessoa supracitada é apenas um cidadão como outro qualquer: um homem de 30 anos de idade, nascido e criado na periferia de Ilhéus, no Bairro da Conquista, Cristão Católico praticante da Paróquia Santa Rita de Cássia, catequista, vice-coordenador do Encontro Eucarístico Com Crianças – ENEUC, ex-coordenador de Grupo Jovem, do Grupo de Renovação Carismática, filho de um “trapicheiro”, arrumador, (pessoa que carrega 60 kg de cacau na cabeça), e de uma lavadeira da rouparia do Hospital São José. Casado há quase dez anos, pai de uma menina de nove anos de idade e de um menino de quatro meses. Pedagogo, Especialista em Educação e Relações Étnico-raciais, discente do sexto semestre do Curso de Direito, todos na Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC. Supervisor Escolar da Rede Municipal de Ensino em Ilhéus, Policial Militar ainda, lotado na briosa, porém extinta RONDESP Sul.
Qual crime esse cidadão marginal cometeu? Todos os crimes que as pessoas de bem desse país deveriam cometer, os quais seus pais, pessoas pobres, mas honestas, lhes ensinaram desde pequeno, os crimes que também foram aprendidos na igreja, nas homilias dos vários padres que já ouviu. Os crimes que aprendeu ao longo dos dez anos em que está na UESC, especialmente os aprendidos agora no curso de Direito, com vários de seus professores e colegas, os crimes que vários amigos que não se calam diante das injustiças têm lhe ensinado ao longo desses trinta anos de vida. Sabem qual o principal crime? Lutar incessante e incondicionalmente por seus diretos, pela defesa dos interesses daqueles que historicamente foram marginalizados pela sociedade, por conta de uma ditadura que assolou esse país e que me parece não ter deixado de existir, só mudaram ao atores.
Nós Policiais Militares fomos usados pelos militares do Exército durante a Ditadura e somos usados contemporaneamente pelo sistema que alguns consideram democrático, fomos e somos até hoje marionetes nas mãos dos que estão no poder, começamos a despertar e refletir sobre essa situação. Quando a PM paralisa suas atividades, todos percebem a sua imprescindibilidade, assim como são imprescindíveis os médicos os professores e todos os demais servidores que fazem esse Estado funcionar. Não se pode admitir, dada a importância desse profissional e os riscos de vida que ele corre para cumprir com a sua missão que ele não seja reconhecido pecuniariamente por isso.

Que fique bem claro, reitero de forma peremptória, o crime que esse cidadão marginal chamado Augusto Júnior cometeu, não foi o de lutar por aumento salarial e sim lutar para que a lei fosse cumprida pelo Estado da Bahia, personificado na pessoa do Senhor Governador Jaques Wagner. Os policiais que lutaram ao meu lado e muitos estão presos agora, o que inevitavelmente me remete à ditadura, lutaram para que a lei 7.145/97 (Lei da GAP) fosse cumprida, para que o acordo firmado com o Governador no ano de 2009 fosse mantido. Esse é o “crime de terror” pelo qual sou procurado, esse é crime pelo qual Prisco e mais seis amigos pessoais de Ilhéus estão presos, bem como tantos outros guerreiros pela Bahia a fora.
Muitos que lêem essa carta que não me conheciam, agora me conhecem e podem emitir um juízo de valor sobre a minha pessoa sem se deixar influenciar pelos meios de comunicação de massa, especialmente os televisivos que prestam um desserviço social quando mostram inverdades tentando induzir as pessoas ao erro. Estou pronto para ser julgado, não pela justiça convencional ou tradicional na qual eu acreditava e quero voltar a acreditar e que sempre trabalhei para garantir. Coloco-me para ser julgado pela justiça do povo que certamente se identifica com a minha história, pois ao ler a Constituição Federal vê que nada ou muito pouco do que está escrito, se traduz em realidade. Como é possível conceber um país com a sexta maior economia do mundo em que crianças ainda morrem de inanição, pessoas morrem à míngua nas filas de hospitais, muitos são empurrados para a marginalidade por falta de emprego, educação, entretenimento, culturas diversas e lazer.
Esse cidadão marginal chamado Augusto Júnior foi tratado como um bandido de alta periculosidade, porque ele conduziu as pessoas de Ilhéus, do Estado e porque não ousar dizer do Brasil a discutir Segurança Pública com seriedade, pois lidamos com o principal dos diretos dos cidadãos, a vida humana e com a garantia de tantos outros direitos. Como seria possível garantir direitos se nem os nossos são garantidos, não seria isso um paradoxo? Esse cidadão marginal levou as pessoas a refletirem sobre o seu papel de protagonista na construção da história desse país que não é de uns poucos como eles querem fazer parecer.
Esse cidadão marginal tornou-se perigoso porque conseguiu fazer com que os praças, que muitos consideram uma subclasse ou uma categoria de analfabetos e alienados, se percebessem como cidadãos. Ora, se foi possível fazer isso com militares, quem têm auto-estima baixa, certamente seria possível fazer com civis que há mais de 510 anos tem dos seus direitos negados, para garantir a riqueza de poucos que historicamente legislaram, administraram e julgaram em causa própria. Uma pessoa que conduz outras à reflexão torna-se perigosa para os que ocupam os espaços de poder.
Agora sim, que já garanti o meu direito a ampla defesa e o contraditório estou pronto para ser julgado pela sociedade que jurei defender mesmo com o risco da própria vida e sei que nesse momento esse risco é real, mais do que nunca. Em nome da ASPRA, de todos os praças da Polícia Militar da Bahia e especialmente em meu nome, esse cidadão marginal que lhes fala, quero pedir desculpa por todos os transtornos causados pela paralisação dos praças da PM – BA, mas quero dizer que esse foi o último meio que nos deixaram para que o nosso grito de dor fosse ouvido. O grito da dor pela perda de muitos praças que são mortos todos os dias na Bahia, e ninguém faz nada, o grito de dor das mães e famílias que os enterra e o Estado as deixam órfãs. Sei que esse também foi o grito de dor dos que não tem o que comer, não tem o que vestir, não tem onde morar, não tem educação ou saúde de qualidade, não tem um salário digno para se manter. Tudo isso foi um mal necessário, assim como às vezes a própria polícia é um mal necessário! Mais uma vez obrigado e aguardo o veredicto da Sociedade Ilheense, Grapiúna e Reginal.
Na oportunidade quero agradecer a todas as manifestações de apoio ao nosso movimento, a cada pessoa que mandou alimentos, que foi ao batalhão declarar apoio, ao juiz, a promotora e procuradora que se sensibilizaram com a minha situação (não estou autorizado a dizer nomes) aos amigos da UESC que fizeram uma carta aberta, aos meios de comunicação sérios em especial aos blogs, a Ciro Zatele, ao Dino, Wagner e o exército da Força Sindical, ao SIDCACAU, SINDPOC, APPI/APLB, APPM, ARBS, Portuários, Advogados, em especial o Dr. Valdimiro Eutímio da ASPRA, a todas as pessoas jurídicas ou físicas que nos ajudaram e que agradeceremos publicamente numa carta aberta da ASPRA assim que as coisas se acalmarem. Um obrigado especial a cada pessoa que se preocupou comigo, que chorou e sorriu ao meu lado, que rezou por mim, mandou sms, mensagem no face book, que me disseram uma palavra de encorajamento, que não me disseram nada mas me deram um abraço apertado ou um olhar carinhoso. Um obrigado mais especial ainda aos sócios da ASPRA de Ilhéus e Região que acreditaram em mim, a cada soldado, cabo, sargento, subtenente, a cada familiar ou amigo de policial que cuidou de mim durante o movimento como se estivessem cuidando de um filho. Fique aqui registrado o meu muito brigado a todos (as).

Augusto Leite de Araújo Júnior – Cidadão Marginal


Esta mensagem foi enviada através do formulário de contato do site R2CPRESS | A Letra Fria da Verdade http://www.r2cpress.com.br/v1

4 respostas para “Carta de Augusto Junior – ASPRA”

  • Paulo de Oliveira says:

    Senhor Augusto,
    Eu li com muita atenção sua carta aberta acima transcrita.
    Sua historia de vida mostra que você é um vencedor. Felizmente você está na contramão de muitos jovens de origem humilde que se perderam pelo caminho, tragados pela inércia, pelas drogas, pela criminalidade, pelo alcoolismo, ou foram mortos. Quando isto não aconteceu muitos se conformaram com a condição de vida miserável que tinha (ou tem) e desistiram de lutar por melhorias pessoais e estacionaram no subemprego e desemprego. Como um cidadão que se educou as duras penas, adquiriu um conhecimento vasto se dedicando aos estudos e continua na luta por dias melhores, você é um bom exemplo para essa juventude carente se espelhar. Parabéns aos seus pais.
    Eu não o conheço, mas tenho uma filha que estuda direito na UESC, uma de suas colegas, que me falou de sua pessoa, da sua educação, gentileza, retidão de caráter, do cuidado que você tem com seus colegas e amigos, que és amigo da justiça e avesso as injustiças, falou da sua luta por melhorias na Polícia Militar e de sua simplicidade. Essas são as características em um líder que eu admiro. Não acredito que tu sejas um marginal.Afinal eu sei da educação que dei à minha filha.
    Eu vejo na sua prisão e demais policiais grevistas, uma forma de humilhação, uma vingança dura e tacanha para mostrar quem manda e quem deve obedecer, por capricho e vontade das autoridades arrogantes que se esqueceram das lutas do passado, das práticas terroristas de um comunismo distorcido, das lutas contra a ditadura e o Carlismo da Bahia e hoje são políticos egoístas que pensam em si própio.
    Toda sociedade sabe que os policiais são funcionários públicos, assalariados, são pais de família, eles têm endereço fixo, o comando hierárquico local conhece a todos, um por um, portanto não vejo porque negar a liberdade desses cidadãos e o descumprimento das leis que garantem que eles tenham uma remuneração justa, condizente com o risco de vidado dia a dia no exercício de sua profissão.
    Ilhéus foi saqueado esses anos todos e ninguém está preso. A corrupção é um câncer em todo o Brasil e quase ninguém foi preso ou devolveu o dinheiro roubado. Por conta disso a população sofre com a deficiência da saúde e das escolas, carecem de saneamento básico, sofrem com o crescimento da violência, dos assaltos, das drogas consumido os jovens. Vêem policiais militares mal remunerados tratados como marginais quando pedem o cumprimento da lei utilizando a greve como ultimo recurso contra a enrolação de governos medíocres e incompetentes.
    Portanto, não é preciso me estender muito para ratificar minha solidariedade, admiração e apreço à sua causa justa e oportuna. Esteja com Deus.
    Saúde e Paz.

  • Jose Carlos Araujo says:

    Excelente pessoa. Excelente profissional. Excepcional pessoa. Agora com esta ditatura explicita está sendo escrachado pelos comandantes da Briosa Polícia Militar da Bahia. Estes mesmos comandantes que vão lucrar com sua luta, pois eles os praças certamente não vão lucrar sozinhos pois o aumento é para todos os postos e graduações da PMBA.
    Infelizmente meu jovem as coisas transcorrem exatamente desta forma. A mídia, aliás banda podre televisada, que sempre incorreu em ditar as regras exatamente como o Governo quer, tenta macular através de uma montagem ridícula onde a conversa entre Prisco e Dr. Salomão quando do terror que eles (Prisco e os demais Policiais Militares) passaram na Assembléia Legislatira da Bahia, e ainda sim insistia em dizer que era apenas parte do efetivo da PMBA que estava parado.
    Augusto Júnior, a sociedade Ilheense sabe, através do seu comportamento e da sua descência o homem honrado que és. Infelizmente não podemos dizer os mesmos destes Políticos que dirigem nosso estado nem de alguns comandantes da PMBA que se vendem por DAS E DAIs que são comissões que os comandantes de Batalhões e Companhias Independentes recebem.
    Existiu um estado que todos os comandantes colocaram os cargos a disposição, assim seriam tido aqui como amotinados, mas na verdade são HOMENS que se honram, que têm dignidade, que certamente retornam em suas residências no final do dia e olham para seus filhos com tranquilidade e com o ar de franquesa. E os que mentem nesta mídia e não retratam a realidade que a própria população está vendo? Com que moral vão ter para com seus filhos e com seus familiares?
    Só nos resta entregar a Deus, pois este sim é JUSTO e sabe de todas as coisas.

    PARABÉNS AUGUSTO JÚNIOR pela sua coragem, dedicação, honradez, lisura, fidelidade com seus companheiros mesmo sabendo que iria ser alvo de tantas injustiças, porém sabemos que estes políticos que tentam sujar, macular sua imagem não passam de VERDADEIROS IMPOSTORES.

    Que Deus conforme os corações dos familiares e de seus queridos amigos neste momento e que tudo passe e retorne a sua normalidade, pois és digno, e portanto nós cidadãos Ilheenses necessitamos de pessoas assim como você.

    Um abraço
    José Carlos Araújo
    Cidadão Ilheense

  • wilsonlima says:

    No “minimo” o entusiamos pela luta por igualdade tirou de você soldado augusto (como a muitos) a razão, o bom senso, e o sentimento cívico, de que o direito da maioria suplanta a minoria (não vou nem falar dos principios cristão porque começaria o respeito a autoridade independente dela). Acredito na luta para obtenção de direito, mais a negação do meu direito (mesmo que pelas autoridade) não cessa o meu dever! sob. pena da instalação da anarquia. Se homens investido de autoridade e o poder de uma arma de fogo nas mãos para serem guardião da lei, por se sentirem injustiçado resolvem se levantar contra ela, o que espera de uma sociedade? Vivemos sim em uma democracia, embora imatura, mas uma democracia só amadurecerá se de fato agirmos com lutas no limite da lei! imagine se todos que se sentirem injustiçado por decisão de juiz resolverem desrespeitar a lei? LUTA SIM! DESRESPEITO A LEI NÃO!

  • Josafa Ramos says:

    Vivas, ao Augusto! Quem ler esta carta, por mais
    que ache susprirante ou surpreendente, não deve
    se surpreender. Isso é apenas um símbolo do
    potencial deste ser humano exemplar, que é
    Augusto Júnior. Alguém que sabe no que se
    apega e posiciona-se fundamentado naquilo que há de mais louvável: a razão. Talvez, as surpresas
    estejam por vir ainda. Aliás, elas virão e vocês
    verão, porque ninguém tirará de ti, Augusto, o
    brilho que tens para perplandecer. Eles tentam te
    reprimir, mas acabam te dando um pulsar maior;
    te pressionam, e só revigoram tuas forças; querem apagar teu ânimo, mas, reacendem. Os
    senhores do poder de hoje, tal qual os de
    engenho de outrora, ainda não notaram que
    Augusto está munido de valores, honra, moral,
    dignidade… e, por isso reage como uma mola,
    que quanto mais é cumprimida mais acumula energia de reação. Já há quem veja esse efeito do
    “tiro que sai pela culatra”, coisa que um dia eles
    perceberão querendo ou não; e, certamente não
    tardará. Parabéns, Augusto! O povão daí, de Ilhéus e
    região, precisa de você. Aos que lêem realmente, cabe alguns detalhes a
    mais. Talvez, nestes, surja a indagação: se
    Augusto tem tanto valor, por que então o
    governo condena ele? A história explica esta
    contradição. Muitos são os exemplos, como
    Canudos com Antônio conselheiro; frei Caneca; Padre Cícero; João Cândido (o marinheiro
    apelidado de almirante negro) da revolta da
    chibata; mas um dentre eles, que ilustra bem tal
    fenómeno é Tiradentes. Hoje ele é nosso herói da
    independência, mas, na inconfidêcia foi
    condenado como autor do crime de “LESA MAJESTADE”, o máximo da época. A pena foi
    tamanha que seus familiares foram expulsos e
    suas terras foram salgadas, além de ele ter sido
    enforcado e esquartejado… Quem fez tal ato
    ediondo? Um governo. Porém, se isso tudo não basta para abrir olhos
    incautos quanto à estupidez que um governo mal
    apronta, pode-se avaliar o caso concreto da Bahia
    a partir da seguinte observação:
    todo mundo tem uma idéia do que seja um ‘PM’
    bandido, aquele atua em gangues de assalto, tráfico, e etc.e que os noticiários divulgam de vez
    em quando. Ok? Todos concordam que tal
    elemento não faz greve, né? Até porque não
    precisa nem vai se expor por besteira, como
    aumento salarial. Bom, dito isto, repare bem que
    na lógica do governo baiano, ele tenta fazer uma ‘limpeza’ banindo PMs grevistas; não é isso?
    Agora raciocine e me diga, se tirarem os PMs que
    fazem greve, quem restará para cuidar do
    cidadão? Pense!

    Josafá Ramos dos Santos SD PM, 67CIPM/FSA

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