De: Valquer
Assunto: Carta aberta a sociedade Ilheense

Corpo da mensagem:

Carta à Sociedade Ilheense

Caríssimos conterrâneos,

Nos últimos 60 dias aproximadamente, todos nós convivemos com um dos fatos mais marcantes de nossa história atual. Desde a eclosão do movimento paredista dos Policiais Militares da Bahia (praças) até as solturas da maioria destes, os quais se encontravam presos até o dia 27 de março, muitos comentários surgiram entre as pessoas que discutiam o assunto. Ainda que a imprensa tenha tentado exaurir essa temática, muitas pessoas continuam até o momento com dúvidas.
É necessário explicar antes de tudo, que o movimento reivindicava dentre outras coisas, o cumprimento da Lei da GAP(Lei nº 7.145, de 19 de agosto de 1997)que se arrasta há 14 anos. Atrelado a isto, figurava como ponto inegociável, a anistia de todos os policiais que participaram do movimento de forma pacífica. Ponto em que o governo concordou, prometeu e anunciou publicamente. O que ocorreu em seguida, ao término do movimento, foi uma verdadeira perseguição desproporcional e aleatória. Comprovando desta forma um total desrespeito com a categoria e falta com a verdade, tornando-se apenas uma falácia. Fato comprovado especificamente com a prisão de uma guarnição da RONDESP SUL, sem ao menos apurar os fatos. Deste modo fomos presos, acusados de crimes e ações, que não cometemos levados à prisão sem ao menos ter direito de ligar para os nossos advogados e a família, sendo esta avisada posteriormente quando chegamos ao CPR em Itabuna. Provocando assim uma correria contra o tempo pelos nossos familiares a fim de arrumar as nossas malas e trazê-las, o que causou uma série de transtornos de toda ordem. O restante da história foi 44 dias angustiantes de prisão e humilhação no qual fomos comparados a bandidos da pior espécie.
Desde a nossa soltura, percebemos manifestações de apoio, carinho e alegria por parte da sociedade representada por diversos setores. É por este e tantos outros motivos, que viemos a público através desta carta agradecer sinceramente a todos que contribuíram, direta ou indiretamente a fim de que a justiça fosse feita. Sendo assim, agradecemos especificamente:
– A Deus em primeiro lugar, pela proteção e cuidado;
– As nossas esposas, que partiram para a luta, e bravamente encararam as autoridades e superaram muitos obstáculos, no intuito de reivindicar nossos direitos;
– Às Igrejas, que diligentemente oraram por nós sem cessar, foi o nosso suporte espiritual.
– Aos sindicatos(SINDICACAU, FORÇA SINDICAL, APPI, APLB, SINDTAXI, SINDCOMÉRCIO, dentre outros) pelo apoio logístico, moral e participativo;
– Às associações(ASPRA, APPM, AJUPM e ARBS) pelo suporte, corporativismo e assistência jurídica;
– Aos colegas de farda que de modo direto e indireto nos assistiram incansavelmente;
– A boa parte dos empresários de nossa cidade que se empenharam em busca de soluções.
– A toda a sociedade que em todo tempo esteve ao nosso lado, demonstrando insatisfação contra as injustiças praticadas;
– E por fim, a toda imprensa falada, televisiva e escrita, principalmente as emissoras de rádio, sendo as nossas vozes junto à comunidade, bem como, por ceder os espaços destas na divulgação das verdades dos fatos, pela imparcialidade e cobertura do início ao fim de toda essa nossa trajetória.
Entretanto, diante de toda essa situação vexatória, entendemos que o que passamos foi permissão de Deus. O qual redundará em grandes benefícios para as nossas vidas, pois como afirma o apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos no capítulo 8 e versículo 28, o qual diz: “ Sabemos que todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que foram chamados segundo o seu propósito.” certamente tudo que passamos serve de aprendizado e experiência daqui para frente. A todos que acompanharam o nosso sofrimento, somos imensamente agradecidos, tendo a certeza de que o relacionamento dos policiais com a sociedade tende a se afinar cada vez mais.
Queremos um país mais justo, com pessoas dignas, honestas e compromissadas com a verdade. Precisamos de pessoas com essas características para ocupar os mais diversos postos e que elas olhem para o povo com mais respeito, fazendo-os participantes do poder. Afinal, a dignidade do ser humano não deve ser negociada ou execrada e sim respeitada.
“A justiça atrasada não é justiça; senão injustiça qualificada e manifesta” (Rui Barbosa).

Cordialmente,

FÁBIO ALVES DE OLIVEIRA
FÁBIO LIMA DOURADO
ROBSON FRANCISCO SANTANA
VALQUER CERQUEIRA PEREIRA
FLÁVIO ROGÉRIO DE SOUZA SANTOS
JAÍLSON EÇA BRITO

SOLDADOS DA PMBA EX- RONDESP SUL


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