OS CACAUICULTORES SOLTAM A SUA VOZ

Luiz Ferreira da Silva

Pesquisador/Solos aposentado da CEPLAC

luizferreira1937@gmail.com 

 

Quando eu soltar a minha voz, por favor, entenda.

Que palavra por palavra eis aqui uma pessoa se entregando

Coração na boca, peito aberto vou sangrando.

 São as lutas dessa nossa vida que eu estou cantando

(Gonzaguinha)

 

LUIZ FERREIRA

Em artigo que publiquei no www.r2cpress.com.br, SOS CACAUICULTURA, enfatizei o caos do tripé, PLANTA/INSTITUIÇÃO/PRODUTOR, cuja solução recaia na revitalização da força operacional dos homens que labutam a terra, enfraquecida pela insolvência da cacauicultura.

E acrescentei que lhes caberiam resolver a questão. Se o MST sem objetivo que não seja o tumulto e com um bando de radicais bota o bloco na rua, fecha estradas, depreda repartições públicas e peita governadores, porque legítimos agricultores que geram riquezas não são capazes de virar “povo nas ruas”? Ademais, os políticos falharam, quando poderiam ser bons intermediários, mas a história registra a sua incapacidade.

Coincidentemente, recebo a notícia que um grupo de bons empreendedores do cacau – Gustavo Mouro, Paulo Cortizo, Alfredo. Dantas Landim, Guilherme Galvão, Milton Andrade Júnior, Ricardo Gomes, José Ribeiro Benjamin, Aguido. Muniz – produziu um substancial documento reivindicatório, apenas em 6 páginas, mas conciso, objetivo, elucidativo, digerível, desgostável e digestivo.

Coloca os problemas com clareza e expõe os requerimentos para uma retomada da cacauicultura em bases que atendam aos diversos aspectos econômicos, sociais, culturais e ecológicos.

Para dar uma ideia da magnitude da propositura já do conhecimento do MAPA e na expectativa de chegar à Presidencial da República, resumo a seguir alguns tópicos.

– Enaltece o valor da pesquisa, sem a qual é impossível se vencer os desafios, concluindo pela necessidade do fortalecimento de uma agência com modelo jurídico e de governança participativo e transparente para que a iniciativa privada tenha interesse em aportar recursos.

– Propõe a criação de um fundo para a cacauicultura a expensas dos próprios produtores, demonstrando o quanto eles estão imbuídos e até se sacrificando para a revitalização do cacau, quando em épocas anteriores a luta era para derrubar a taxa contributiva que mantinha a CEPLAC.

– Outro avanço se refere à verticalização da produção como forma de auferir benefícios gerados pela cadeia produtiva e agregar valores à produção final.

Enfim, um documento sem lamentações e, tampouco, choros, como era comum em épocas passadas, mas eivado de dados consistentes e caminhos pavimentados em direção a uma agricultura forte, sustentável e integrada aos demais setores da economia, consentâneos ao equilíbrio, uso versus conservação dos recursos naturais do Sul da Bahia. (Maceió, Al, 06 de setembro de 2016).