LGD

Leonardo Garcia Diniz

Quem com a vida brinca, muita das vezes se esquece de levar a sério a bela brincadeira; viver!

Em minha infância, 55 anos atrás fazem, vizinhas de minha mãe, que viviam em casa colada a minha, duas irmãs, muito minhas amigas, gêmeas, pareavam idade comigo e, também, com a maioria da molecada da rua; Vera e Lucíola. Conto sobre este fato, pois que eles, seus nomes, servirão ao entendimento ao que dará luz a esta crônica. VERA e LUCÍOLA.

Em nossas brincadeiras, diárias, de rua, naquela época brincávamos tipo suma-se, não éramos como meninada de hoje, pudins de apartamentos, fechados, vigiados, nós os meninos, imaginávamos ser filhos do vento, sol, chuva, das arvores, destemidos nadadores dos rios, campeões de bolinhas de gude, piques e, mais, fazíamos guerras com pipas e piões; estes sim, fatores que, naquela época, nos dividíamos em facções (nos dias de hoje as facções versam sobre coisas que são ilegais e irracionais).

A introdução está feita e se a vida é a VERA muitos a levam a LUCÍOLA.

Venho tendo medo da morte!,…  mais amiúde, após os 60 anos.

Não que retirar-me para o Oriente Eterno me amedronte, mas por ter que me afastar daqueles que, ainda, de mim, muito depende; também, não por bens materiais, pois que estes nunca foram meus, os que em minha posse, sei, somente os administro.

Há três anos, quando completei sessenta anos, andando pela Pousada, senti um formigamento nas mãos e braços, ligeira tontura e dificuldade em controlar os membros do lado direito do corpo; imaginei!,… derrame!,… corre-corre!,… hospital!,… médicos!,… cirurgia!,… consertos!,… de volta a coluna do meio!

Meses atrás, depois de minha cirurgia para retirada de um coagulo, no cérebro, ao sair de casa para ir ao Supermercado, dirigindo, fui de dar um passeio pelo ai… fui trabalhar incógnito… como?,… explico!

Sem perceber nada, sem sentir bulhufas, sozinho em meu carro, estando ao volante, longe do meu destino, voltei de um estado de inconsciência, condição que me acometeu tão logo sai de casa, cujo caminho iniciei para ir em direção a um supermercado, distante aproximadamente uns 80 Km do local para onde deveria ir, duas horas após ter partido, sem sentir nada, sem saber de nada, sem ver nada.

Fui dar por mim, ou seja, retornei, interiorizei, acordei, retomei o meu senso de orientação e sentidos próprios e, assim, me descobri, enxerguei estar, lá em frente a Nestlè, na cidade de Itabuna; depois de atravessar toda a cidade de Ilhéus, a de Itabuna, em horário de rush, transito terrível, a ponte do Pontal, todo o centro da cidade Ilhéus, toda a cidade de Itabuna e, dar por mim, lá na Rodovia Itabuna x Ibicaraí que leva a Vitória da Conquista, bem distante do lugar para onde teria que ir.

Longe de me assustar ou me apavorar com aquela situação, no mínimo estranha, tocava no rádio do carro uma música tão suave e maviosa que um sentimento de leveza, calma, muito superior ao da surpresa, por perceber onde eu estava, invadiu o meu corpo provocando uma emoção tipo felicidade, intensa e constante até que eu chegasse em casa.

Quando cheguei em casa quase ao meio dia, deveria eu trazer para casa as compras pelas quais sai vaticinado a realizar; todos perguntaram onde estavam as compras e ainda sob aquele imenso prazer corporal, feliz da vida, respondi que as faria na parte da tarde.

Dia seguinte, preocupado, fui ter com dois amigos médicos que me examinaram e, verificaram meus reflexos, pressão e orientação e me pediram que eu procurasse o médico que havia me operado, lá em Salvador, para a realização de exames, pois que poderia estar eu com alguma sequela, novo coagulo que poderia estar provocando novos sintomas que precisavam serem analisados.

Fiz isso!,… Fui ao médico!,… tudo bem!,… tudo normal!

Fui, também, ao psicólogo, intrigado, atrás de respostas, tanto para com aquele fato quanto com o estado de satisfação pessoal e felicidade que haviam invadido o meu corpo durante mais de dois dias após a, distraída, fuga do meu “EU” de mim mesmo.

 

O Psicólogo, espiritualista, depois de quase uma hora de me ouvir conversar, só ouvindo (conversei comigo mesmo), eu perguntando e eu respondendo, falou-me:  KARMA!

KARMA?,… como assim?

Passou-me a explicar que “DEUS” permite que alguns espíritos (almas), a fim de trabalharem, em seu nome, executarem tarefas para o bem da humanidade, saiam de seus corpos e viagem a muitos lugares onde necessário se faz operar ações para que a felicidade seja espalhada sobre a terra; perdoando e levando sentimentos de amor e paz onde eles mais necessários. Fiquei boquiaberto!,… será aquela paz interior e sensação de imensa felicidade, sentida por mim, teria sido resultado disso?,… jamais saberei!,… nunca saberemos de fato!

Entendo que a felicidade só nos atinge quando, de alguma forma, contribuímos para a felicidade de quem nos rodeia e, se bem pensarmos, só seremos felizes se ajudarmos o próximo a ser feliz, pois que ele nos retornará como retribuição com ela (felicidade); Chamam a isto de KARMA.

O bem gera o bem, o feliz conduz ao feliz, o amor leva ao amor, o bem leva ao bem, o verdadeiro sentindo da vida está em sermos felizes; ao contrário, do mal só virá o mal, do desprezível só virá desprezo, da indiferença o nada.

O caráter nasce e aperfeiçoa-se ao longo da vida, o que sou o que mostro ser, o que pretendo ser e onde quero estar resulta do somatório de minha vivencia e de como me porto em relação ao próximo, dos princípios em que acredito e procuro seguir.

Digo, sem medo de errar, que nos últimos anos, 7 anos ou mais, a  minha a condição de “MAÇOM”, a coexistência com os meus irmãos em LOJA e fora dela, muito contribuiu para que eu melhor me conhecesse e entendesse que sem eles eu seria muito menos do que sou hoje.

Agora entendo que o possuir um “KARMA” é ter o entendimento de que devemos permitir ao próximo uma reação a uma ação provocada por você e ou vice-versa. O karma é neutro. Ele não permite que se o entenda como uma recompensa divina, é o resultado, apenas retorno do bom funcionamento da lei do equilíbrio universal, ante a qual, todo movimento, por mais insignificante que seja, provoca desequilíbrios em algum outro lugar, que por sua vez pedira que esta ação seja compensada por outro movimento em algum canto; Lei do retorno!

Portanto, ESPALHEM FELICIDADES!,… receberão FELICIDADE!

O título desta crônica, “O SABOR DA VIDA”, transporta, todos que a lerem, para o banco de trás do carro que eu dirigia naquele dia em que tive minha alma abduzida, para em nome do GADU, levar felicidade a todos os cantos da terra; pois que me foi explicado, lá pelo espiritualista, que as duas horas em que eu estive fora de mim, no tempo da terra, poderia significar até milhares de anos em outra parte, outra dimensão.

Quem sabe eu não estava sozinho naquela empreitada, será que alguns dos meus irmãos, naquele dia, naquela hora, mesmo que pouco disso tivessem percebido, também, comigo não viajaram para juntos plantarmos, em lugares outros, FELICIDADE.

Apurem suas memórias, vivam a VERA ou a LUCÍOLA e vivam este KARMA!

Leonardo Garcia Diniz

Aug.’. e Resp.’. Loj.’. Simb.’. Vigilância e Resistência n° 70 – Ilhéus – Bahia.