OS FRANCO – MAÇONS PARTE VII
Por José Everaldo Andrade Souza
CONTINUANDO A NOSSA CAMINHADA AO REDOR DO MUNDO…
Ir.’. Everaldo
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Com a sua chegada no Extremo Oriente a Maçonaria também sofreu com o Islamismo na Ásia. Na China, foi banida em 1949 pelos comunistas, apesar de a Grande Loja da China continuar a governar a Maçonaria em Formosa, enquanto em Hong Kong (agora uma parte autogovernada da China) existem Lojas leais às Constituições inglesas, escocesas e irlandesas.
Entre os muitos ingleses que foram para a Ásia em busca de fortuna no século XIX, estava Thomas Stamford Raffles que serviu à Companhia da Índia Oriental quando era garoto. Com 24 anos, foi nomeado secretário-assistente do Governador de Penang e, em 1811, assumiu a função de Tenente-Governador de Java, onde foi iniciado na Franco-Maçonaria pelo Mestre da Loja local, o ex-governador holandês da ilha.
Oito anos mais tarde, ele comprou a ilha de Cingapura por conta da Companhia da Índia Oriental, e logo, de acordo com as suas idéias maçônicas, declarou-a porto livre “aberto para barcos de todas as nações”. Graças a essa visão, Cingapura é hoje um dos países mais prósperos da Ásia e com uma presença maçônica significativa.
NAS ANTÍPODAS
( AUSTRÁLIA E NOVA ZELÂNDIA )
Mais à leste, fica a Austrália, onde os primeiros “colonos” eram compostos de prisioneiros da Inglaterra, com rara oportunidade de formar Lojas mesmo que quisessem. Mas, no início do século XIX, um maior número de colonos viajou para as Antípodas em busca de riquezas e de uma nova vida, e a Franco-Maçonaria começou a se estabelecer. Os primeiros anos não foram tão inativos, pois, em 1803, depois de uma das primeiras reuniões, os homens presentes foram presos por ordem do Governador de Nova Gales do Sul, por acreditar que a reunião se constituía um ajuntamento ilegal. Felizmente, os novos maçons australianos foram logo libertados e mais Lojas começaram a ser patenteadas.
Com a chegada de um maior número de europeus, o território foi colonizado cada vez mais e os estados individuais, que hoje formam a Comunidade da Austrália, começaram a ser estabelecidos e, uma por uma, as Grandes Lojas vieram a ser fundadas em cada estado. A primeira foi no Sul da Austrália, em 1884, e quatro anos mais tarde, em Nova Gales do Sul. Grandes Lojas foram estabelecidas em Vitória, em 1889; na Tasmânia, em 1890; e na Austrália Ocidental, em 1889.
O último estado a formar uma Grande Loja foi Queensland, a leste do país, onde disputas entre as Lojas locais foram dirimidas somente em 1921.
Os maçons na Austrália tiveram um papel importante na vida social das comunidades, não somente praticando a caridade como seus Irmãos em outras partes do mundo, mas também um papel ativo nas comunidades, sendo os primeiros a oferecer ajuda prática sempre que fosse necessário.
Assim, também agiram os maçons da Nova Zelândia, onde a primeira Loja foi fundada em 1842. Uma Grande|Loja para todo o país foi estabelecida em 1890, mas muitas Lojas da Nova Zelândia decidiram permanecer leais às suas próprias Grandes Lojas Distritais ou a uma das tradições do Reino Unido.
UMA ANTIGA ARTE REAL EM UM MUNDO NOVO
Séculos antes de os colonos europeus viajarem ao Leste para colonizar a Austrália e, mais tarde, a Nova Zelândia, portugueses e espanhóis haviam viajado ao Oeste, para o Novo Mundo. Primeiro em busca de ouro e, mais tarde, em busca de novas terras para trabalhar e criar gado. Eles converteram grande parte da população local ao Catolicismo e como bons católicos que eram, muitos observaram as bulas papais, que muito fizeram para suprimir a Maçonaria em seus países de origem.
Mas quando sobreveio a liberação da lei por parte de Lisboa e de Madri, a Maçonaria começou a marcar a sua presença. De fato, o homem que libertou grande parte da América do Sul do domínio europeu, Simón Bolívar, era maçom. Ele associou-se à Maçonaria quando vivia em Cádiz, na Espanha, nos primeiros anos do século XIX e, em 1807, entrou no Rito Escocês, quando estava em Paris (ali, também se associou aos Cavaleiros Templários, naquele mesmo ano).
Em 1811, rebeldes da Venezuela, entre eles Simón Bolívar, declararam-se independentes do governo espanhol. A revolta fracassou e ele foi forçado a fugir para a vizinha Nova Granada (atual Colômbia). Dois anos mais tarde, reorganizou um exército de 500 homens, conduziu-os para a Venezuela e marchou sobre Caracas, declarando “guerra à morte” aos governantes espanhóis e, a si mesmo, ditador da região ocidental do país.
Em 1814, foi expulso por tropas reais e refugiou-se nas Índias Ocidentais, de onde realizou várias tentativas para retornar à Venezuela. A guerra civil tomava conta da região e foi somente em 1821 que a vitória dos rebeldes, na Batalha de Carabobo, pareceu ter encerrado a guerra, embora patriotas espanhóis insistissem com uma guerrilha até 1824, quando, finalmente, foram expulsos do país.
Em 1821, Bolívar, o “Libertador”, foi eleito Presidente da República da Colômbia que, naquela época, incluía a Venezuela, a Colômbia e Nova Granada.Um ano mais tarde agregou o Equador à república. Em 1824, expulsou os espanhóis do Peru, tornando-se ditador durante certo período e criando o estado separado do Alto Peru, que veio a ser chamado de Bolívia em sua honra.
Seu jeito autocrático e a constituição impopular, que tentou impor na Bolívia, foram responsáveis pelo fato de suas tropas serem expulsas do novo estado por cidadãos dissidentes da nova república. Em 1828, ao voltar para a Colômbia, assumiu o poder supremo, algo que causou tanta apreensão na Venezuela que acabou por separar-se da república, em 1829. Isso, por outro lado, levou Bolívar a se demitir no ano seguinte, vindo a falecer alguns meses mais tarde.
A vida de Bolívar incorporava a Força,um dos Ideais da Maçonaria, e esta provaria ser popular no território que ele governou. Vários presidentes subsequentes da Venezuela, Peru e Colômbia foram maçons, assim como o foram os líderes de outros países sul-americanos, inclusive Uruguai e El Salvador.
Enquanto Bolívar e seus rebeldes lutavam com os espanhóis ao Norte e a Oeste da América do Sul, a chama da independência estava inflamando os territórios portugueses ao Leste e ao Sul. Em 1821, o ano em que Bolívar venceu a Batalha de Carabobo, o príncipe-regente do Brasil declarou o país um império independente e, ele próprio, assumiu o nome de Pedro I. Tal como Bolívar, Pedro era maçom.
Hoje e como naquele tempo, as Américas do Sul e Central, apesar de serem predominantemente fortes países católicos, a Maçonaria continua a atrair membros e existem Lojas em cada país da região, todas leais às Virtudes e Ideais da Maçonaria.
Mas, para resumir essa visão do desenvolvimento da Maçonaria em várias partes do mundo, vamos voltar através do Atlântico para a África, pois foi na África do Sul que os Ideais e as Virtudes da Maçonaria foram evidenciados por um evento que ocorreu em 1977. As leis do Apartheid fizeram com que fosse impossível para brancos e negros se reunirem. Mas, nesse ano, a Grande Loja da África do Sul procurou isenção da lei para que os membros exclusivamente negros de duas Lojas pudessem ser admitidos com plena afiliação. Ao fazê-lo, seus membros demonstraram Força e Sabedoria – dois dos três Ideais – assim como Tolerância, Realização, Caridade, Integridade e Lealdade – todas as cinco Virtudes.
Em nossa próxima edição falaremos da presença da Maçonaria na América do Norte.
JOSÉ EVERALDO ANDRADE SOUZA
MESTRE MAÇOM DA LOJA ELIAS OCKÉ N° 1841
FEDERADA AO GRANDE ORIENTE DO BRASIL – RITO BRASILEIRO
ORIENTE DE ILHÉUS – BAHIA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Johnstone, Michael
Os Franco-Maçons – trad Fúlvio Lubisco – São Paulo: Madras, 2010
Título original: The Freemasons
Harwood, Jeremy
Maçonaria: desvendando os mistérios milenares da fraternidade
Trad – Alexandre Trigo – 1 ed. – São Paulo: Madras, 2014.
Título original: Freemasons.
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