EXPOSIÇÃO DOCUMENTAL E FOTOGRÁFICA DA SOCIEDADE MONTE PIO DOS ARTISTAS DE ITABUNA TEM APOIO DA FICC

Sociedade Monte Pio dos Artistas de Itabuna

Contando com a parceria da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania – FICC, no próximo dia 1° de novembro, a Sociedade Monte Pio dos Artistas de Itabuna comemorará seus 91 anos de fundação com uma exposição de documentos e imagens históricas pertencentes ao seu arquivo na Galeria de Artes Walter Moreira, na Praça Olinto Leone. A exposição integra o Programa de Apoio às Artes e à Fotografia que a Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania vem promovendo na Galeria Valter Moreira através de exposições fotográficas e documentais que contam a história de instituições importantes de nossa cidade, como é o caso agora da Sociedade Monte Pio dos Artistas de Itabuna.

Segundo o presidente da FICC, Cyro de Mattos, o objetivo deste evento é mostrar que artistas e operários de Itabuna obtiveram autonomia suficiente para construir uma sociedade de amparo à sua classe e que sobreviveu às intempéries do tempo, simbolizando assim a luta organizada dos trabalhadores em busca de melhores condições de vida no sul da Bahia. Fundada em 1919, esta sociedade se consolidou como uma das principais agremiações de artistas e operários do sul da Bahia, construindo uma significativa rede de sociabilidade e de solidariedade entre os trabalhadores itabunenses ao longo do tempo. A entidade foi palco de importantes reuniões envolvendo artesãos e autoridades políticas, bem como cenário de festividades em torno de quermesses e de tocatas da filarmônica, sinalizando a força das atividades desenvolvidas pelos seus membros.

A fundação da Sociedade Monte Pio dos Artistas de Itabuna foi liderada pelo carpinteiro Flaviano Domingues Moreira, que após receber uma carta enviada pelo deputado Maurício de Lacerda reuniu ourives, pedreiros, tanoeiros, funileiros e outras categorias de artistas para criar uma das primeiras associações de trabalhadores da região sul da Bahia. Por meio da sociedade, seus associados possuíam uma série de direitos que ajudavam a amparar parte da classe trabalhadora no enfrentamento de dificuldades econômicas, apesar da riqueza promovida pela economia cacaueira. Entre as vantagens, o membro da sociedade era amparado em caso de acidente de trabalho, de moléstia contraída, ou caso viesse a ficar desempregado ou impedido de trabalhar. Esse espírito de classe revelava o caráter solidário de humanismo social da associação, que buscava criar mecanismos de sobrevivência para seus membros.

O Monte Pio dos Artistas promoveu também a criação de duas outras entidades de relevante importância para a sociedade itabunense – A Escola Manoel Vitorino e a Filarmônica Euterpe Itabunense. Foi por meio dos esforços de seus associados que, em 1921, inaugurou-se a escola noturna, destinada a educar os filhos de artistas e de trabalhadores que não tinham acesso a educação pública ou que não tinham condições de pagar escolas particulares. Alguns nomes ilustres da região passaram pelos bancos da Escola Manoel Vitorino, destacando-se, por exemplo, o poeta Cyro de Mattos, que naquele educandário aprendeu as primeiras letras com a professora Lourdes Hage. . A Filarmônica Euterpe Itabunense foi criada em 1925 e sua função era reunir trabalhadores associados ao Monte Pio que tivessem vocação para a música. Era função da filarmônica comparecer às manifestações cívicas, religiosas e festivas da cidade. As tocatas dos músicos da Euterpe Itabunense ficaram registradas na memória de muitos moradores de Itabuna.

Em 2010, completando seus 91 anos de existência, a Sociedade Monte Pio dos Artistas de Itabuna é uma das poucas (senão a única) entidades dessa natureza que conseguiu sobreviver até o século XXI, mantendo-se ativa em suas funções. Para homenagear esta trajetória histórica, será realizada a exposição na Galerias Walter Moreira, a qual estará dividida em três partes: Sociedade Monte Pio dos Artistas de Itabuna, Escola Manoel Vitorino e Filarmônica Euterpe Itabunense.

Fonte: Philipe Murillo Santana de Carvalho, Mestre em História Regional e Local pela Universidade do Estado da Bahia – Campus V.