Lula critica criação de megabloco do PMDB
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem, após a 2ª Conferência Nacional de Economia Familiar, no Planalto, a formação de um “blocão” pelo PMDB na Câmara dos Deputados. Segundo Lula, não de deve “mexer na política” de forma “conturbada”.
Ele chegou a afirmar que, com pressão, ninguém vai conseguir nada. “Tenho uma definição de política que é a seguinte: a política é como um leito de um rio. Se a gente não for um ‘desmancha-ambiente’ e a gente deixa a água correr tranquilamente, tudo vai se colocando da forma como é mais importante. Se as pessoas tentam de forma conturbada mexer na política, pode não ser muito bom”, disse.
Anteontem, foi anunciada a formação de um bloco comandado pelo PMDB que uniria 202 deputados. Além do PMDB, estariam no bloco PP, PR, PTB e PSC. Segundo Lula, a proposta de criar um bloco de aliados, sem a participação do PT, não foi concretizada. “Primeiro, que não aconteceu. Parecia que ia acontecer, mas não aconteceu”, disse. De acordo com o presidente, os partidos precisam dialogar.
“Acho que é a hora dos partidos começarem a discutir. Tem 48% de renovação na Câmara e no Senado. [É o momento de discutir] Quem vai ser presidente da Câmara, quem vai ser presidente do Senado. Acho que o papel dos partidos é de conversar.”
Para ele, é preciso criar condições de governabilidade para a aprovação da reforma política. “Temos que começar a fazer a reforma política. O importante é que o país está vivendo uma situação de tranquilidade. A eleição da Dilma foi extremamente importante, afirmou”, disse.
SENADO – Ao comentar a montagem do megabloco de deputados na Câmara à revelia do PT, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), negou que o mesmo tipo de acordo possa ser costurado na Casa.
“Acho que aqui não temos em vista, pelo menos até agora, ninguém tratar desse assunto de fazer bloco nenhum”, disse Sarney. “Eu não conheço o que ocorre na Câmara e não sei as motivações que levaram a bancada a fazer isso”, completou.
Temer promete integrar o PT
Na tentativa de reverter o desgaste com os petistas provocado pela criação de um “blocão” na Câmara, o vice-presidente eleito Michel Temer (PMDB-SP) prometeu ontem à presidente eleita Dilma Rousseff (PT) integrar o PT ao grupo de cinco partidos, liderado pelo PMDB e que forma uma bancada de 202 deputados. O governo ficou irritado com as articulações do PMDB que poderiam garantir a eleição de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) à Presidência da Casa.
Anteontem à noite, Dilma entrou em campo para tentar conter aliados e chamou Temer para um café da manhã na Granja do Torto na manhã de ontem. Segundo interlocutores, Temer informou a Dilma que vai procurar líderes do PT para a integração porque o grupo não será “excludente”.
O peemedebista disse ainda que o bloco terá atuação no Congresso e não servirá de instrumento de pressão contra o governo Dilma. No encontro, a presidente eleita não teria demonstrado incômodo nem reclamado da aliança.
Durante a reunião que levou quase duas horas, Dilma teria dito que pretende concluir as indicações dos ministérios até o dia 15 de dezembro e que ainda mantém a ideia de apresentar seu primeiro-escalão em blocos.
A sua prioridade é a equipe econômica. Temer e Dilma não trataram de nomes nem o loteamento dos ministérios proposto pelos partidos aliados. Dilma voltou a sinalizar que pretender tem uma presença forte de mulheres em seu futuro ministério.