Receita para moralizar a saúde e a medicina
Antonio Carlos Lopes
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabeleceu novas regras para controlar a comercialização de antibióticos. A partir de agora, tais medicamentos só podem ser vendidos em farmácias e drogarias mediante a apresentação da receita de controle especial em duas vias. Ou seja, sem a prescrição de um profissional capacitado para tal, ninguém mais, ao menos teoricamente, compra antibióticos no Brasil.
Trata-se de uma postura firme, coerente e importante. Ao tornar mais rígidas as normas para a venda de antibióticos, enfrenta-se diretamente um grave problema de saúde pública: a automedicação. Essa assertiva é fácil de ser compreendida, uma vez que qualquer prescrição médica exige diagnóstico. Para isso, o único com competência legal, técnica e cientifica, é o profissional de medicina.
É imperativo que regras rígidas também sejam estendidas à maioria dos medicamentos em que a prescrição é imprescindível. No Brasil, principalmente em lugares mais afastados e em áreas de difícil acesso, prevalece a automedicação, ou a prescrição a por quem não tem competência para tal.
Essa prescrição (desculpe a necessária redundância) é o ponto final do atendimento médico. É o caminho para restabelecer a saúde do paciente o mais rapidamente possível, sem complicações imediatas e/ou tardias. Depreende-se, portanto, que a normativa da Anvisa compromete o Sistema Único de Saúde (SUS) a disponibilizar assistência rápida e eficaz aos cidadãos, com a realização de exames subsidiários em tempo hábil e não como ocorre atualmente, onde impera, muitas vezes, o descaso de gestores com a saúde.
Se a Anvisa demonstra preocupação e compromisso público, o mesmo infelizmente não se dá com as autoridades que deveriam se empenhar na resolutividade dos problemas médicos da população. A dengue, por exemplo, encontra nessa época momento propício para tornar-se uma epidemia, já que não está sendo enfrentada devidamente. Outra constatação alarmante: meses atrás, a campanha contra a gripe suína foi uma mera busca por holofotes para, no fundo, encobrir a ineficiência do Ministério da Saúde.
Parte do caos é reflexo direto da interferência incompetente no currículo médico de bacharéis em medicina que nada sabem, de fato, de medicina. Foram eles que lançaram o famoso jargão “formar médicos para o SUS”. Ora, isso não existe. Médico é médico, deve estar bem formado para atender tanto àqueles com menos recursos, que mais frequentemente procuram o sistema público, como aos mais abastados, que recorrem aos planos de saúde ou consultas particulares.
À semelhança da Anvisa, com coerência e atitude, deveriam esses senhores se preocupar com questões que podem qualificar a assistência. Por exemplo, plano de carreira para médicos e profissionais de saúde, políticas para fixar os médicos em regiões de difícil acesso, melhorar o Sistema Único de Saúde, parar de usar o residente como mão de obra barata, entre outras ações.
A classe médica luta pelo resgate do SUS, lamentavelmente sem ser ouvida. O que precisamos é que médicos competentes sejam chamados para opinar e organizar o Sistema Único de Saúde, e não deixá-lo na mão de tecnocratas cuja presença em cargos importantes só se dá por amizade ou confraria.
Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica
Concordo, plenamente, com tudo que foi dito. Mas não são apenas os médicos que tem que se unir. Os FARMACÊUTICOS também!!! São eles os doutores em medicamentos!!!
O profissional farmacêutico tem que deixar de “assinar” e ser o FARMACÊUTICO TÉCNICO RESPONSÁVEL conforme dita as normas do Conselho Federal de Farmácia e da Anvisa.
Estar presente nas drogarias e farmácias do país orientando o paciente/cliente a usar o medicamento prescrito. Falar dos perigos das associações medicamentosas, da automedicação.
AS pessoas tem a ilusão por que o medicamento é fitoterápico, é natural não mata. E vão tomando ginkgo biloba, cácasra sagrada, centella asiática e tantas outras novidades que o mercado lança!! A novidade agora é a dieta da Ivete Sangalo que perdeu 4kg em 01 semana.
A prática da empurroterapia tem que acabar!!!
Campanhas devem ser feitas alertando a população dos perigos da automedicação.
Se fala em antibióticos. E as associações para emagerecer? E os antiinflamatórios que são vendidos para qualquer dorzinha de garganta? Por que o balconista da farmácia diz que é bom e o cliente compra!?
Farmacêuticos vão para as farmácias. Assumam o que é seu por direito!!!
Que escrever! Muito informativo também é fácil de entender. Procurando mais esses lugares! Você tem um myspace? Eu recomendei-o digg. A única coisa que está faltando é um pouco do novo projeto. De qualquer forma obrigado por este blog.