Alexandre Padilha quer retomar diálogo com os médicos
Em visita ao CFM, ele recebeu documento com prioridades do movimento médico nacional, entre eles a criação de uma carreira nacional para o SUS
O ministro da Saúde Alexandre Padilha afirmou, nesta quarta-feira (12), que seu compromisso fundamental é retomar um amplo e permanente diálogo com as entidades médicas. “É fundamental a participação das entidades porque não tenho dúvida que estamos num momento de virada no setor. Queremos envolver a categoria nas mudanças que pretendemos fazer”. A afirmação foi feita durante visita ao Plenário do Conselho Federal de Medicina (CFM).
O ministro pediu apoio do Conselho para melhorar o trabalho do Sistema Único de Saúde (SUS). “Aquilo que cada médico faz que é avaliar a qualidade do seu atendimento, precisamos fazer de forma pública nos espaços do SUS”.
Na oportunidade, o presidente do CFM, Roberto d’Avila, entregou à Padilha documento com 11 desafios considerados prioritários para o movimento médico nacional. Dentre eles, o CFM pede apoio do Ministério ao projeto de Lei de Regulamentação da Medicina, aprovado pela Câmara dos Deputados, e em tramitação no Senado Federal. Outro destaque é a regulamentação da Emenda Constitucional 29, considerada também por Padilha como essencial pro setor. (Em anexo a íntegra o documento)
Outro ponto debatido no encontro foi o retorno das entidades médicas no Conselho Nacional de Saúde (CNS). Padilha salientou que gostaria que os médicos tenham um acento no Conselho, pois acredita que a categoria é fundamental para o debate da saúde. “Quero abrir uma nova estrutura no CNS e quero que os médicos participem deste processo”. O presidente do CFM enalteceu que é interesse da categoria colaborar. “Retornaremos ao CNS quando tivermos um espaço adequado. Acreditamos que o CNS precisa ser mais técnico e menos partidário”.
O novo ministro reafirmou, ainda, as metas de fixar, formar e interiorizar o médico. “Um dos grandes objetivos de minha gestão será formar, garantir uma educação permanente e interiorizar o profissional”.
Segundo ele, o Ministério estudará todas as iniciativas para garantir a fixação do médico nos municípios que mais necessitam. “Sabemos que somente salário não ajuda. Uma formação profissional e uma estrutura de qualidade sim são decisivas”, afirmou Padilha, que concluiu ”o objetivo fundamental é garantir que profissionais de qualidade estejam presentes”.
Em sua visita, ele afirmou que será aprofundado o relatório da Comissão Especial para elaboração de proposta de carreira para médicos no SUS, do MS.
Prioridades – Segundo Alexandre Padilha, ao ser convidado para o cargo, recebeu da presidente Dilma Rousseff o pedido de implementar melhorias no atendimento à saúde da mulher e da criança e que o Ministério disponibilize o mais rápido possível, a gratuidade dos medicamentos para diabéticos e hipertensos. Também foi solicitado por ela, um cuidado especial e prioritário para a instalação das Unidades de Pronto Atendimento no Brasil (UPAS).
Também foi colocado como meta o enfrentamento ao crack. “Esse não é um desafio só da área da Saúde, envolve outros segmentos. Mas se a Saúde não liderar, não protagonizar as ações de prevenção, de tratamento, de reabilitação, reinserção social, vamos perder a oportunidade de interromper o avanço desse problema”, afirmou o ministro.
Outra prioridade estabelecida por Dilma foi a realização de um esforço no combate a dengue. Durante visita, o CFM aprovou uma nota em apoio às iniciativas coordenadas pelo Ministério no sentido de reforçar a prevenção e o combate ao mosquito Aedes Aegypti. O texto afirma que espera-se que a ação intersetorial consolide a percepção de que a dengue não é um problema unicamente da Saúde, mas do Brasil. (Leia abaixo matéria sobre o assunto)
DENGUE
Conselho Federal de Medicina manifesta apoio às iniciativas coordenadas pelo Ministério de Saúde
O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou nota nesta quarta-feira (12) em apoio às iniciativas coordenadas pelo Ministério de Saúde no sentido de reforçar a prevenção e o combate ao mosquito Aedes Aegypti.
A entidade afirma que espera que a ação intersetorial consolide a percepção de que a dengue não é um problema unicamente da Saúde, mas do Brasil.
Na nota, o CFM informa que está a disposição para contribuir na elaboração de políticas de combate e prevenção, nas ações de mobilização social e política e na qualificação dos médicos para diagnóstico e tratamento da doença. O documento foi entregue ao ministro Alexandre Padilha, que falou estar muito feliz com o apoio institucional.
NOTA A IMPRENSA SOBRE A SITUACAO DA DENGUE NO BRASIL
Preocupado com o avanço da dengue no país, materializado pela divulgação na terça-feira (11) do novo mapa de risco da doença no Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) manifesta publicamente seu apoio às iniciativas coordenadas pelo Ministério de Saúde no sentido de reforçar a prevenção e o combate ao mosquito Aedes aegypti.
Neste momento, torna-se fundamental o acompanhamento sistemático da implantação dos planos de contingência nos estados sob ameaça de epidemia de forma a garantir atendimento de qualidade à população em tempo adequado, minimizando os efeitos nocivos da doença e evitando o aumento do número vítimas, inclusive fatais.
Tais objetivos, no entanto, apenas atingiram seu pleno êxito com a manutenção do relevante esforço integrado de vários setores da gestão pública em todas as esferas – federal, estadual e municipal – no sentido de articular a formulação de ações capazes de oferecer os mecanismos adequados e necessários à prevenção e ao controle da doença.
Esperamos que essa ação intersetorial consolide a percepção de que a dengue não é um problema unicamente da Saúde, mas do país, o que implica na adoção de medidas urgentes nos campos da assistência – com a esperada integração entre as áreas de vigilância e atenção básica -, saneamento, coleta de lixo, segurança, educação, turismo, distribuição de renda, meio ambiente, trabalho, entre outros, assim como na garantia de mais recursos para o SUS.
Da mesma forma, conclamamos o envolvimento de todos os setores da sociedade (gestores, parlamentares, movimentos civis organizados, empresários, profissionais da saúde, trabalhadores, etc) nesta luta, demonstrando claramente o importante papel que cada cidadão no enfrentamento dessa epidemia.
Neste sentido, o Conselho Federal de Medicina, como entidade representativa dos 350 mil médicos brasileiros, coloca-se como parceiro na batalha contra a dengue e oferece-se para contribuir na elaboração de políticas de combate e prevenção, nas ações de mobilização social e política e na qualificação dos médicos para diagnóstico e tratamento da doença, entre outros. Nossa contribuição se ancora na crença de que apenas com a ação de todos nós, poderemos, juntos, evitar o avanço dessa doença.