Dois traficantes ainda não identificados pela polícia arrombaram a porta da residência onde a doméstica Letícia Souza do Nascimento, de 20 anos, se encontrava dormindo e efetuou vários disparos de arma de fogo. Letícia, que estava grávida de cinco meses e dormia em um dos cômodos da casa, não resistiu aos quatro disparos que acertaram a cabeça e uma das mãos e morreu na hora.

O crime aconteceu na Rua São Raimundo, no bairro de Ilha de São João, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. De acordo com agentes da 8ª Delegacia do CIA, Letícia tinha envolvimento com o tráfico de drogas e esteve presa na 9ª Delegacia da Boca do Rio. Uma irmã da vítima contou que ela permaneceu quatro meses detida e havia cinco meses que tinha saído da prisão.

“Nós não tínhamos muito contato, mas ela contava que estava sendo ameaçada de morte. Desde que saiu da prisão, ela não voltou para nossa casa e foi morar com uma amiga. Ela apenas nos contava que estava sendo ameaçada e suspeitamos que seja pelos traficantes, por ela ter deixado de se envolver com o tráfico”, disse uma irmã da vítima que pediu para não ser identificada.

Letícia estava trabalhando fazendo serviços de doméstica em casa de família e residia na casa de uma amiga chamada Ana, que, segundo a polícia, também é ligada ao tráfico de drogas. No momento do crime, estavam três pessoas na residência, inclusive uma criança e uma adolescente que foram poupadas pelos marginais. Temendo represálias, os vizinhos evitaram passar qualquer tipo de informação. “Ela era uma pessoa boa e sem maldade. Depois que saiu da prisão, estava frequentando uma igreja e procurando sair das drogas. Não tenho ideia de quem fez isso”, disse uma amiga de Letícia, acrescentando que a jovem escondia a gravidez. “Eu dizia que ela estava grávida, mas ela desmentia, temendo a família, que sabia que ela não tinha namorado”.

A vítima deixou um filho de quatro anos que mora com a avó. Na residência onde ela estava morando, várias cartas escritas por amigos e por um homem que não se identificou faziam declarações de amor e apoio à jovem para ela sair do mundo das drogas e se firmar com dignidade na sociedade. A mãe de Letícia e a dona da casa onde ela foi assassinada foram prestar depoimento da 8ª Delegacia.


Silvana Blesa
Tribuna da Bahia