A PRESIDENTA E O DISCURSO
Como a rapaziada de hoje costuma dizer, foi “um arraso”, ou “muito retado”, como a gente diz na Bahia. E bote “retado” nisso.
E foi tanto que até o engenheiro mecânico Manoel Felipe da Hora, o Manolo, aqui da Capitania dos Ilhéus, costumeiro em desfilar no Bar de Zequitos sua incredulidade –embora sem contestar os avanços– com um futuro promissor do país, agora é todo um sentimento de confiança, não hesitando em afirmar “Rapaz, senti segurança na mulher. Com certeza seremos outra nação”. E acrescente-se a reverência dos necessários inimigos. Oh, não, considere: dos adversários políticos.
É isso aí. Digo do discurso de posse da presidenta (com o azinho final como gosta de ser chamada) Dilma. Disse, convocando a sociedade, os partidos, as instituições a ajudá-la, e após homenagear as mulheres, o que “gregos” e “troianos” brasileiros gostaram de ouvir. Percebeu como ela –desprendida daquela cerimônia desnecessária–, não titubeou em usar o característico vocativo do ex, José Ribamar, antepondo com tato e inteligência o emotivo “queridas e queridos”? Ausente em muitos ao se entronarem, a grandeza da presidenta esteve presente em todos os momentos, em especial quando ao saudar os avanços recentes, dignamente lembrar-se das contribuições dos mandatários passados.
Tocando em todas as “caras brasileiras” com a magnitude e a firmeza de quem conhece a fundo o Brasil e sua história, não consegui fazer o destaque de alguma desconsiderando o conjunto da obra. As variadas propostas enfocadas no alcance de objetivos convergiam para uma finalidade suprema: qualificar o país como desenvolvido, e claro, montado na estabilidade dos preços, no cuidado ambiental, na valorização da cultura, na liberdade de imprensa, e lógico, na erradicação da miséria. Sim, também elas estavam impregnadas da consciência de que para pensar neste salto qualitativo uma guinada de trezentos e oitenta graus na Saúde, na Educação e na Segurança haverá de ser dada. Então foi bom ouvi que para essas transformações o professor será convocado como “autoridade da educação”; que na questão “violência” jogará, envolvendo os Estados e os municípios, duro no combate e… E atenção e muita atenção gestores citadinos do dinheiro do SUS, a presidenta fora enfática: “Vou acompanhar pessoalmente o desenvolvimento desse setor tão essencial para o povo brasileiro” e “Vou usar a força do governo federal para acompanhar a qualidade do serviço prestado e o respeito ao usuário”
A essência da fala presidencial, para mim com esta difícil tentativa de resumir evidências e espírito da letra na longa mensagem à nação, se encontra, ao abordar o anterior presidente Lula, em ela exprimir: “Sob sua liderança, o povo brasileiro fez a travessia para uma outra margem da história. Minha missão agora é de consolidar esta passagem e avançar no caminho de uma nação geradoras das mais amplas oportunidades”
Ah, sublinhei, achando importante, com referência à vigilância do governo com a grana pública, um detalhinho ao mencionar as inversões à realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas: “…serão concedidos de maneira a dar ganhos permanentes de qualidade de vida, em todas as regiões envolvidas”. O exemplo nesse tipo de investimento, num país onde quase tudo é prioritário, já motivou, recordando um pouco, recorrentes e embasadas críticas, pelo abandono das instalações e equipamentos após o evento.
Neste momento chego a termo este subjetivo texto, infelizmente com as ainda notícias da terrível catástrofe na região serrana do Rio, causada pelas chuvas. Para não questionar o seu preâmbulo, de rasgados elogios, tomarei a liberdade de apelar à presidenta Dilma incluir entre as “caras brasileiras”, alguma de nome Planejamento Urbano e outra nomeada de Planejamento Preventivo e Assistencial Eficaz.
Heckel Januário