Tem algum tempo que não escrevo, não digo muito porque seria uma redundância; mas o fato é que fiquei “In albis”. Amigos pedem para que faça análises sobre o caos político- administrativo de Ilhéus. Não tenho o menor saco. O eleitor botou, cabe a ele retirar. Dois mil e doze está perto, porém dois anos é muito tempo. Quantas árvores serão derrubadas e quantos colégios serão pintados de verde? O governo de Valderico e este foram os que mais cortaram árvores na história de Ilhéus (interessante notar, bela coincidência, que para cada novo prédio, todas as amendoeiras em frente são arrancadas, só na Av, Bahia foram quinze) O IME com aquele verde é o fim da picada, é o cumulo do mau gosto. Paciência, é uma administração daltônica, quem é verde ver vermelho e vice-versa. Pedras verdes e árvores cortadas. Depois que Ruy Carvallho ( em homenagem ao saudoso Napoleão Marques, o autor da frase) disse ser melancia- verde por fora e vermelho por dentro- a administração PSB/PT (mais Ângela e Marão), só de pirraça, resolveu assumir o verde oliva ( não o ecológico, mas o da desesperança). A prática política, independentemente dos discursos e das vestes franciscanas (o que não faz ninguém São Francisco) é, francamente, desmiolada. Pois nem de direita é ( por falta de ideário) ; prevalece o fisiologismo em detrimento de idéias, não digo nem de esquerda ou socialistas, mas, simplesmente, republicanas . O povo, a cidade, que se lixem. O negócio é ocupar espaços. Fim de papo. Relembrando o dito por um amigo petista: “A política em ilhéus não tem sanidade!” O autor está no governo e deve ter recuperado a sua.

Trinta dias de Dilma é pouco tempo para qualquer avaliação com maior profundidade. A grande imprensa está desnorteada, tateando , buscando criar divergências na política da presidenta e de Lula. Agora, “a desconhecida” o “poste”, “grosseira”, “sem personalidade própria”, “sem experiência”, etc, passou a ter personalidade, enfatiza as questões técnicas, é caxias, detalhista, cumpre horários ( chega 9:30 e sai 23:00) e, se tudo der certo, conforme a vontade da grande mídia, vai adotar a agenda política e econômica de Serra. Vamos ter cortes nos gastos sociais e de custeio, flexibilidade nas relações trabalhistas, alinhamento internacional com os EUA e Israel. A idéia é criar divisão e confusão; desconstruir a imagem de Lula nas supostas diferenças de estilo e políticas entre ele e a Presidenta. De minha parte, tenho gostado das atitudes da Presidenta. É rápida, objetiva, não joga conversa fora, sabe que tem régua e compasso, também destino. As ações na tragédia carioca são demonstrações da pegada. É governo de continuidade com nuances. O horizonte é de um desenvolvimentismo social e democrático. O governo está começando, continuando…

O mundo anda perplexo. Tenho entrado em sites nacionais, estrangeiros, blogues idem, lido revistas, jornais, tudo querendo informações precisas sobre os acontecimentos no Oriente Médio. Ninguém tem certeza de nada. As avaliações são contraditórias e o mundo do capital teme por seus negócios. Adoraria ver a Arábia Saudita derrubando a sua monarquia corrupta. O mundo árabe é complexo demais e não existem soluções mágicas. Alá queira que o povo do deserto faça as suas revoluções econômicas e democráticas. Talvez (quem sabe?) diante dos novos acontecimentos, os EUA possibilitem o surgimento do estado palestino. Dizia Mário Quintana que á única coisa boa das guerras, evidentemente para quem está longe do conflito, é que aprendemos história e geografia. Quantas pessoas sabiam da Tunísia? Tenho amigo nascido em Ilhéus que nunca foi no Teotônio Vilela, imagine o resto… Lendo a frase de Mao Tsé Tung, recentemente mencionada por Slavoj Zizek, em excelente artigo sobre a situação do Egito:” Existe um grande caos abaixo do céu- a situação é excelente”, penso no velho Marx: “As revoluções são as parteiras da história”. Infelizmente, para os conservadores, a história não pára. Viva a revolução árabe! O mundo não será mais como dantes, dê no que der.

Em Ilhéus não se fala mais da duplicação da estrada Ilhéus/Itabuna. Morreram as notícias. O Porto Sul, o aeroporto, Fiiol, está tudo em ritmo de segundas ordens. Tudo chegará a seu tempo (tempo de quem?). Tudo morno na província. A vida continua. O “Pula Corno” saiu no dia 1º de janeiro, arrasou e aumentou o número de componentes; Gaguinho teve um retumbante prejuízo (mas é um mecenas e vive para servir). A Farmácia Santa Helena, de meu amigo Ricardo, tem o melhor serviço de delivery. Um Bem-te-vi cagou na cabeça de Baianinho, esnobe ele disse que na Toscana isso é sorte. O elegante e nobre Duque Murilo Costa recebeu de presente um óculos Ray Ban, estilo aviation, de lentes verdes enxergará melhor as coisas que quiser, já tendo excelente ouvido e silêncio aristocrático. Socorro Mendonça é um bem necessário, tem todo o meu apoio em sua militância cidadã (mas sou a favor do porto, em todo e qualquer tempo), bravo por criticar o corte das árvores. O Blog do Gusmão fará história (o cara é inteligente e corajoso). Roberto Rabat sempre dez. Romualdo Lisboa e a sua turma da Casa dos Artistas mostra ser possível trabalhar a cultura aqui, no talento, cara e coragem. O Clube do samba continua cantando samba e Sérgio Nogueira lançou um lindo CD, muito bom. Nozinho está bombando nas vendas do DVD do seu último show, vale a pena, excelente trabalho . Bebeto quase já esgotou as dez mil cópias do DVD do seu show. Quem quiser comprar apareça na Barrakitika, os vendedores sempre estão por lá. Tocando em Barrakitika, Rildo Mota arrasou no novo slogan criado para a casa: TODO O MUNDO SE ENCONTRA AQUI! A Barrakitika é o mais democrático bar e restaurante da cidade. Carinhosamente digo a Bruno que o lugar é uma excelente feijoada; por sinal a melhor e a mais saborosa da cidade é vendida lá.

Em fevereiro, apesar do péssimo governo, Ilhéus continua linda. Ou melhor, “existe um caos político administrativo em Ilhéus, a situação é excelente”. O mar continua verde e o céu azul. A brisa marinha é fresca e Quiquito, o mais culto e simpático garçom da cidade, grita, “e a cerveja é gelada!”. De perto, Herval Lemos canta as “meninas de batom na boca”, Délio Santiago dedilha a sua virtuosidade no violão e Gil Lucas batuca numa caixa de fósforo. Há vida e alegria na cidade.

Tudo passa e tudo passará. Vamos em frente!