Um “Santo” passeava pela terra.

Num belo dia de sol, resolveu observar a vida dos seres humanos, pois, as queixas de quem se muda pro andar de cima, são muito grandes, gerando desconforto aos que permanecem aqui em baixo. Como estava sem ocupação definida, procurou a sombra de uma árvore pra descansar. De onde estava sentado, o “Santo” observou que um homem capinava a terra seca, debaixo do sol a pino, também, viu que aquela criatura estava presa a uma bola-de-ferro, sentiu piedade por aquele homem, saiu do seu descanso e, foi ter com ele, fazendo-lhe a seguinte observação:

– Meu filho, eu sou um “Santo”, mas não pude deixar de sentir compaixão por você, ao ver que estás trabalhando debaixo deste sol, com esta bola de ferro presa ao seu pé, e o homem respondeu:

– Meu santo, eu sou um escravo, tenho que trabalhar! Pois nasci nessa condição e como escravo morrerei.

Mais uma vez inquiriu o “Santo”:

-Eu não posso entender como você trabalha com tanto afinco e não se queixa de nada.

E o escravo respondeu:

– Nem todo mundo é santo, alguém tem que plantar, regar, colher, enfim, produzir para que todos possam se alimentar.

O santo que estava a fim de encher o saco do escravo, mais uma vez insistiu:

-Meu bom homem, se você quiser eu poderei libertá-lo.

E o escravo já irritado respondeu:

– Meu Santo a única liberdade que eu desejo, é poder trabalhar todos os dias sem ninguém pra me amolar.


(ALMEIDA, J. Iram)