HISTÓRIAS DE UM ILHEENSE
por Tomé Pacheco

Tomé Pacheco
MEU RETORNO A ILHÉUS
Fazia três anos que eu estava aposentado e mais de vinte que não vinha a Ilhéus. Resolvi passar o Natal de 1999. Chegando aqui achei uma cidade linda, maravilhosa, vários edifícios na orla. No meu tempo só existia os edifícios Santa Clara e o Souza. Quando vi a transformação disse comigo mesmo: “Vou voltar pra Ilhéus”. Antes dei uma sondada com minha esposa, mas ela foi radicalmente contra vinha volta para Ilhéus, porque nossos filhos Diego (com 16 anos), Priscila (21) e Patrícia (com 19 anos), todos já radicados em São Paulo, seriam um transtorno para eles.
Mas eu estava decidido porque minha missão em São Paulo eu acreditava que estava cumprida, então, era hora de voltar. Fui até a Rodoviária Tietê, comprei uma passagem e escondi no carro. O horário da viagem estava marcado para as 14 horas. Quando chegou ao meio dia, fui a Neli, minha esposa, e taxativo falei: “Estou embarcando para Ilhéus às 14 horas”. O retorno foi aquela choradeira para todos os lados, e aquele pedido de “não vai não, pai” que foi um Deus nos acuda! Como havia tomado uma decisão, não voltei atrás. Neli então trancou a porta do quarto e “Se você quiser ir vá do jeito que estar, assim mesmo, de bermuda, camiseta e tênis”. Então, fui até o banheiro, peguei minha escova de dente e, pé na estrada. Não tinha comigo nenhum documento, todos estavam no quarto que a mulher havia trancado.
Passei a mão em mim e dei linha. Chequei a Ilhéus igualzinho como havia saído: com uma mão na frente e outra atrás. A minha família tratou de dá um jeitinho com a famosa “vaquinha”: uns deram cuecas, outros roupas e por aí foi. Só sei que me armei e me achava no céu: até carro a disposição eu tive!
Assim, já com 8 meses na cidade surgiu uma vaga de Professor de Educação Física no IME(o Instituto Municipal de Educação), da Princesa Isabel. Mas, cadê a documentação? Então eu fui obrigado a voltar a São Paulo e entrar num acordo com a Neli. Como ela era evangélica e já tinha conversado com o seu pastor a respeito desta minha mudança, quando eu cheguei, ela já havia mudado de opinião. Recebi então os documentos que ela havia apreendido, retornei e firmei a vaga no referido colégio, o IME, ficando por dois anos.
Com o contrato vencido, e obrigado a sair do colégio, fui até a Liga de Futebol Ilheensevê se arrumava alguns jogos para apitar. Conseguir o “Copão do Malhado”, campeonato amador, e muitos jogos na cidade e na Região. Só que infelizmente a nossa Liga de Futebol, não tinha, e até hoje não tem ninguém competente para assumi-la. Na verdade são uns incompetentes que só olham para o seu umbigo e nunca pensam ou fazem alguma coisa boa para o nosso futebol, em especial para a nossa arbitragem. Com toda lealdade que me é peculiar, estou orando para que Deus um dia coloque alguém competente no comando da Liga, pois Ilhéus merece. E digo mais: não só na Liga, mas também na política. Aliás, eu já percebi que as pessoas de bem, de caráter, de moral, de personalidade, de sabedoria e de capacidade daqui de Ilhéus são pessoas acomodadas aos problemas da nossa maravilhosa cidade. E por causa disso um bando de incompetentes, um bando de urubus, de canalhas, de cafajestes, que só vivem pensando em levar vantagem em tudo, domina todas as situações.
Sinceramente eu percebo que aqui em Ilhéus o egoísmo fala mais alto, está faltando solidariedade, educação, gentileza com o nosso povo. Dou aula por aí e sinto e vejo uma juventude desinteressada, sem compromisso, sem participação, alheia à realidade da vida. É isso que esses políticos querem e essa molecada não acorda. Hoje ela só se liga na cachaça, na festa. “Por Favor”, “Muito Obrigado”, “Com Licença” são frases que desaprenderam por completo.
Acorda, juventude, a vida é uma flor, mas contem muitos espinhos, muitas dificuldades e muitas barreiras. Estudem, pesquisem, se interessem, não deixem que os jovens venham de fora e fiquem com a maioria das vagas, por exemplo, da UESC, de nossos empregos, nos restando só os subempregos, o resto. Vamos assumir nossa cidade, vamos nos interessar pelo dia a dia da nossa cidade, pois uma sociedade unida é uma sociedade forte. Vamos apreender a votar. Não é recebendo peixe, nem galinha que vamos a algum lugar. Nós precisamos de educação, segurança, saúde e de saneamento. De praia limpas, manguezal livre de barracos. De uma cidade limpa, sem cuspe, sem papel, porque lugar de lixo é no lixo. Pois é isso mesmo: tem muitos políticos que deveriam ser expulsos da cidade. Pois Ilhéus não merece tanto lixo, tanta incompetência.
Nós somos um povo bonito, alegre, cheio de histórias lindas e maravilhosas, que diga nosso conterrâneo Jorge Amado. Só faltam as pessoas de bem fazerem parte dos problemas da nossa querida São Jorge dos Ilhéus. Parabéns Ilhéus “Tu és a cidade mais linda e mais gostosa e mais aconchegante da Bahia” Ela só precisa da participação de pessoas com boa índole, caráter, personalidade e sabedoria. O resto Deus toma conta. E faz por nós. Deus nos abençoe e nos projeta.