Eduardo Pachalski

O Ministério do Meio Ambiente lançou as comemorações no dia 27 de maio, o Dia Nacional da Mata Atlântica!

Ótimo? Vamos comemorar? Claro que não.

Ao Abrir o site do MMA o contador do Facebook logo denuncia, vinte pessoas curtiram isso. Vinte? Um portal nacional com centenas de acessos diários? Os frequentadores deste site em sua grande maioria não são bobos, exceto estes vinte, é claro. Os responsáveis pelos dados coletados pelo INPE são aqueles que legislam sobre o meio ambiente. O próprio Ministério de Meio Ambiente. O que estão comemorando mesmo?

O desmatamento da Mata Atlântica aumentou, em um ano, a área desmatada subiu quase 2.000 hectares e sobrou apenas 8,5% de mata original, segundo levantamento feito pela organização não governamental SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vejam a matéria completa no site (http://www.brasildefato.com.br/node/28671). O Novo Código Florestal ampliou as possibilidades de desmatamento criando um cenário lastimável para a equação preservação versus desmatamento para os próximos anos.

Não sei quem nem porque deve comemorar algo no dia 27 de maio. Talvez o aniversário de um ministro ou parente seja a justificativa. E porque não comemorar algum acordo firmado nesta data pelo MMA a favor dos ruralistas, mas vincular comemoração à degradação da Mata Atlântica é uma afronta a moral de qualquer um, uma ofensa que merece resposta.

Porém, gostaria de insistir em um ponto que venho ressaltando nos últimos posts também nessa data relevante. Pois este é um texto que fala sobre política, sobre a aquela paixão necessária pelas condições da polis narrada por Platão, o filósofo grego, tão fundamental aos governantes, e tão inédita nos dias atuais.

Cuidar da natureza também é cuidar do ser humano. Quem tem fome precisa comer, quem tem frio precisa de teto, quem não tem suas necessidades primárias atendidas jamais poderão pensar em educação, ou seja, para chegar na conscientização sobre a preservação ambiental. Precisamos investir nas condições de vida dos seres humanos, diminuir as disparidades sociais e abandonar o modelo neoliberal urgentemente. Você deixaria seus filhos com frio se pudesse protegê-los após derrubar algumas árvores? Você deixaria seus filhos com fome se pudesse alimentá-los com alguma caça? Em extinção? Dane-se. Deixem a hipocrisia para que precisa dela pra se justificar.

Claro que precisamos conter a degradação da Mata Atlântica e de nossas reservas, proteger as espécies em extinção, fazendo uso sustentável dos recursos naturais, mas precisamos dar condições para que as pessoas entendam o problema em escala local e promover valores que as instiguem a se envolver com essa mudança comportamental.

O que você esta fazendo sobre isso?

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Eduardo Pachalski