FUTEBOL, COPA, ALEGRIA E POLÍTICA
Oh! Tristeza – minha e de toda a população brasileira.
Ontem, eram risos, manifestações de alegria, de esperança e até de confiança na seleção de futebol. Este esporte é um espetáculo que contamina toda a população mundial. Alguns jogos são seletivos agregando apenas indivíduos e grupos tradicionais (esportistas de fato) ou movidos por interesse econômico (corrida de fórmula 1), mas nenhum deles tem a grandiosidade de um evento como a Copa Mundial de Futebol. É este esporte que atrai desde as crianças até os idosos saudosistas.
Assim vivemos o início deste mês de julho com a expectativa de uma Copa Mundial e, com as esperanças ou melhor, com o desejo de ser Campeão pela sexta vez.
Os preparativos e a organização estavam em seu intenso papel; mostrar o Brasil, como sede da Copa do Mundo 2014. Os recursos financeiros eram liberados, até de forma excessiva e muitas vezes, desnecessários. Conflitavam com as necessidades do País, carente de melhores estradas, hospitais para o povo, escolas e Universidades para as crianças e a juventude, empregos para os desempregados e atendimento social para aqueles que não têm nada.
Daí, um período, anterior à Copa, de grandes manifestações populares contra a realização desse evento. Não pelos Jogos mas, pela falta de atitude e ações do governo federal e dos estados participantes na tentativa de resolver ou suavizar estes problemas. Todavia, a presença e o volume de forças militares de segurança dominavam o planejamento para evitar complicações com os “movimentos” e com os visitantes estrangeiros.
Diziam que a Copa iria trazer muitos recursos internacionais, o que não ocorreu. Foram gastos pelo governo brasileiro “bilhões de reais” que não voltam e que terão pouca compensação para a sociedade. Assistir aos jogos, somente quem tinha recursos para adquirir os ingressos pois o preço era demasiadamente caro; mesmo nas cidades de realização dos jogos, a maioria do povo teria que assistir em praça pública nos telões.
E estes gastos excessivos em reformas e construção de novos estádios ou “Arenas” como hoje é chamado, vão ficar como lembrança de uma Copa realizada em momento inoportuno e improprio para o Brasil. As análises econômicas estão ai mostrando a realidade da situação do País; estádios que vão ter eventos futebolísticos no futuro com a presença de menos de 50% de sua capacidade de assistentes; talvez sirvam para shows de cantores regionais ou para abrigar os “haitianos” ilegais recebidos pelo governo, com mais atenção e melhor hospedagem que as levas de brasileiros sem teto e sem emprego e mais nada.
As Arenas ou melhor os Estádios são peças arquitetônicas maravilhosas, com todos requintes de atendimento aos assistentes e em especial, aos jogadores do espetáculo. Seus custos, não se tem certeza do valor total gasto e ainda por vir, uma vez que, alguns deles tiveram reconstrução de cobertura e de rampas de acesso ou viadutos caídos ou deteriorados.
Será possível imaginar quantos Hospitais (não precisa ser especializado como o procurado pelo ex Presidente) seriam construídos para atender a população? Um Hospital sem luxo, com aparelhagem básica necessária aos principais exames, material e equipamento imprescindíveis para um Médico ou um Enfermeiro fazer um atendimento de emergência. Ou permitir a permanência de Médicos em hospitais atualmente vazios evitando a contratação ilegal de “médicos cubanos” não credenciados pelo Conselho Nacional de Medicina!
Esta comparação poderia ser com Km de estradas que permitem a movimentação da produção agropecuária ou com o atendimento à necessidade das Universidades Federais e Escolas e muito mais.
Claro, todas estas modificações poderiam ter sido feitas; mas, onde está o interesse dos políticos administradores? Encontram sempre “justificativas” para esta falta de “humanidade” com os doentes sofredores. Para o interesse político mais vale milhares de votos com a oferta da Copa de Futebol, para o povo se divertir que um doente mais bem atendido ou salvo da morte, que representa apenas um voto. Este é o sentimento consciente ou inconsciente de políticos no exercício de suas funções administrativas.
Que lição e experiências poderemos tirar desta Copa de Futebol, perdida pelo Brasil anfitrião? Não se sabe como, mais parecendo que surgiu um grande “apagão” cognominado como “apagão da Dilma”. Apesar de vivermos no mundo da comunicação, com TV disponível a todos os povos. a realização da Copa facilitou a muitos estrangeiros conhecer melhor nosso país e sentir a atual realidade brasileira, da sua economia até seu sentimento alegre e despretensioso da população. Aqui, foram felizes, gostaram da comida, dos recursos naturais, da música, do “jeitinho brasileiro” e em especial, da alegria contaminante deste povo maravilhoso.
E este sentimento explodiu nestes dias de Copa do Mundo. Era uma miscigenação de povos, de raças, de credos, de diferentes condições econômicas, sociais e cultural mas, irmanadas por um sentimento único, de paz, de alegria e fraternidade entre eles e o povo brasileiro; mesmo não sendo aquinhoados com ingressos para o espetáculo nas “Arenas”. Eles se encantam com a alegria e a música e festejam o acontecimento, com a vitória ou a derrota. O importante é esta irmandade internacional esquecendo os problemas pessoais, as diferenças de origem e o passado.
Nesses momentos, todos esquecem; os brasileiros as diferenças sociais e econômicas e as más decisões governamentais. Mas, todos sem intenções, esquecem os que o mundo neste instante, registra guerras e conflito existentes em Israel, Palestina, Iran, Iraque, Ucrânia, Nigéria e outros países, causando muitas mortes de membros deste mesmo mundo.
Creio que estes sentimentos de confraternização, que tão bem apresentou a TV ao Brasil e ao mundo foi o melhor que podemos absorver dessa desastrosa Copa Mundial de 2014.
Mas, no escondido do clamor dos jogos ou nas alegrias dos vencedores tramam-se medidas políticas pré eleitoreiras do governo (aumento da Bolsa Família, criação de conselhos populares, negociações com a Petrobrás e outras). Não se iludam! A Copa vai ser usada como campanha política. Certamente após o seu encerramento, as manifestações reivindicatórias e contestadoras ao Governo voltarão a acontecer demostrando a reação do povo brasileiro. Sem Copa, sem o título de Campeão mas com os mesmos problemas sérios de Hospitais, Educação, Estradas, Segurança e a Economia abalada.
È preciso mudar para tentar resolvê-los. Pensar e trabalhar por um Brasil melhor e deixar de pensar em derrotas e na próxima Copa na Russia.
Ilhéus, Bahia – 09 de julho de 2014/
Jorge Raymundo Vieira – Em. Agrônomo aposentado.