Ir.’. Everaldo.

por Jose Everaldo Adrade Souza*

Também chamada – Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomãoesta Ordem foi fundada em 1118 em Jerusalém por Hugo de Payen, Cavaleiro de Burgúndia, e Godofredo de Saint Omer, com o fim de proteger os peregrinos que afluíam à Terra Santa depois da Primeira Cruzada (1096-1099 ). Balduíno II, rei de Jerusalém, alojou ambos e a mais seis aderentes seus, perto do Templo de Salomão, originando-se daí a denominação de Templários. Nove anos depois, Hugo de Payen  visitou a Europa, visando obter a ordem e o reconhecimento e um Estatuto do Papa, e assim estabelecê-la em bases mais seguras. Recebeu entusiástico apoio de S. Bernardo, célebre abade de Clairvaux, o qual em 1128 redigiu o Estatuto, que foi aprovado pelo Conselho de Troyes. Mas a carta constitutiva da Ordem, que a estabeleceu definitivamente, só lhe foi outorgada em 1163 pelo Papa Alexandre III.

Em sua recepção, juravam observar os três preceitos de: pobreza, castidade e obediência, tal qual os membros das demais Ordens da Igreja. Em geral descendentes de alta estirpe, os Cavaleiros tinham direito a três cavalos, a um escudeiro e duas tendas. Aceitavam-se também homens casados, mas sob a condição de legarem à Ordem metade de suas propriedades, e não se admitiam mulheres. Depois vinha um corpo de Clérigos ( fratres capellani ), incluindo Bispos, Padres e Diáconos, sujeitos aos mesmos votos dos Cavaleiros, e que por especial dispensação não rendiam obediência a nenhum superior eclesiástico ou civil, a não ser o Grão-Mestre do Templo e ao Papa.

A hierarquia administrativa da Ordem era formada pelo Grão-Mestre, o Senescal do Templo, o Marechal – como autoridade suprema em assuntos militares – e os Comendadores sob cuja direção estavam as províncias.

A influência dos Templários cresceu rapidamente. Com os bens apresados de seus inimigos vencidos, ou doados à Ordem, chegaram a ser grandes financeiros e banqueiros internacionais, cujas riquezas tiveram o seu apogeu em meados do século XIII.

Seu papel preponderante na Igreja se pode avaliar pelo fato de os membros da Ordem serem convocados para participar dos Grandes Concílios da Igreja, tal como o de Latrão em 1215 e o de Lyon em 1274.

Em sua seção religiosa, as cerimônias de recepção eram executadas sob estrito sigilo, e daí, naturalmente, a razão de lhe haverem os leigos atribuído as mais horríveis práticas e histórias infundadas.

Depois da tomada de Jerusalém pelos sarracenos, em 1291, em que o túmulo de Cristo caiu nas mãos dos “infiéis”, abalou a posição dos Templários, mas ninguém poderia prever o seu fim brusco e trágico. Conservando-se ainda poderosamente rica, credora do Papa e da corte da França, suas posses passaram a ser avidamente cobiçadas. Felipe IV, o Belo, necessitava prementemente de dinheiro e depois de haver confiscado os haveres dos banqueiros lombardos e judeus e tê-los expulso do país, volveu suas gulosas vistas para os Templários. Como o Papa Clemente V devia sua posição em Avinhão às intrigas do rei, foi fácil a sua aquiescência. Essa macabra tarefa foi muito ajudada pelo ex-cavaleiro Esquieu de Floyran, o qual, pessoalmente interessado na desmoralização da Ordem, contra ela levantou as mais vis e inverídicas acusações de blasfêmia, imoralidade, idolatria e cultos diabólicos. Essas acusações foram sôfregamente aceitas por Felipe IV, que, numa sexta-feira, 13 de outubro de 1307, mandou prender todos os Templários da França e o seu Grão-Mestre, Jacques de Molay e os quais, submetidos à Inquisição, foram por esta acusados de hereges, arrancando-lhes, por meio de inomináveis torturas físicas, as mais torpes, contraditórias e mentirosas confissões.

O Papa Clemente V, desejoso de aniquilar a Ordem, convocou um concílio em Viena, em 1311, com esse fim, mas os Bispos se recusaram a condená-la  à revelia; consequentemente, o Papa convocou um consistório privado em 22 de novembro de 1312, e aboliu a Ordem, conquanto admitindo a falta de provas das acusações.

As riquezas da Ordem foram confiscadas em benefício da Ordem de São João, mas é certo que a grossa parcela francesa foi adjudicada aos cofres do rei da França, Felipe, o Belo.

A tragédia atingiu seu ponto culminante em 14 de março de 1314, quando o Venerável Grão-Mestre do Templo, Jacques de Molay, e Gofredo de Charney, preceptor da Normandia, foram publicamente queimados no pelourinho diante da Catedral de Notre Dame, ante a turba, como hereges impenitentes. Diz-se que o Grão-Mestre, ao ser envolto e devorado pela pira, levantou os olhos para o céu e imprecou: Nakan, Adonai! Intimo o Rei e o Papa a comparecerem perante Deus no prazo de um ano!”, inclinando a cabeça sobre o ombro esquerdo, expirou. E de fato, antes de decorridos doze meses, ambos os intimados estavam mortos. Na Alemanha e Inglaterra também foram confiscados os bens da Ordem, mas sem os suplícios impostos na França.

 

JOSÉ EVERALDO ANDRADE SOUZA*

MESTRE MAÇOM DA LOJA ELIAS OCKÉ

ORIENTE DE ILHÉUS – BA

 

REF BIBLIOGRÁFICA:

Joaquim Gervásio de Figueiredo – Gr. 33 – DICIONÁRIO de MAÇONARIA

EDITORA PENSAMENTO – SÃO PAULO.