VISITA AO CENTRO DE PESQUISAS DO CACAU
O ex-ceplaqueano que ama e respeita sua instituição (CEPLAC) sempre volta. Quer rever os amigos que ainda estão por lá, ver os campos, as plantações de cacau, os laboratórios e o auditório, para ouvir e aprender.
Local de tantas reuniões técnicas, de discussões, de apresentação de novas ideias, enfim do encontro da geração de cientistas e estudiosos na busca de soluções e orientação para os produtores, em especial do Cacau.
Nesse dia, com o auditório lotado de interessados na tecnologia, uma exposição de uma ex – funcionária a Dra. Elizabeth N. Fernandes agora, profissional da Embrapa no Centro Nacional de Gado Leiteiro – Juiz de Fora, MG. Discorreu brilhantemente sobre as realizações e os resultados das pesquisas feitas e em andamento sobre a produção de Leite e também sobre a qualidade desse importante produto para a população brasileira. Respondeu as inúmeras perguntas dos curiosos e ávidos de conhecimento, inclusive dos alunos da antiga EMARC. Demonstrou a grande estrutura e capacidade técnica e operacional do Centro Nacional de Leite da Embrapa.
Parabéns! Foi uma valiosa contribuição apresentada com técnica e sentimento de uma ex ceplaqueana. Parabéns ao CEPEC pelo convite.
– Depois a oportunidade de conhecer e visitar os laboratórios e a fábrica do Chocolate. Lembrei-me de Mororo, técnico que iniciou com idealismo esses estudos na Ceplac; hoje, como especialista e aposentado assessora uma empresa produtora de chocolate fino. A visita foi orientada pela Professora Neyde Alice Marques Pereira detalhando todos os passos, desde a colheita do cacau até a prova final do chocolate de qualidade. E os estudos não estão apenas nos laboratórios existem projetos de cooperação com empresas, difundindo a nova tecnologia do chocolate.
Assim estão crescendo as Fábricas artesanais e pequenas indústrias desse produto delicioso chamado “Manjar dos Deuses”.
– Não podia deixar passar o dia, sem um encontro com dirigentes do Cepec e do Cenex, dialogando sobre os problemas que afetam o desempenho da instituição Ceplac. E foi excelente esse encontro; os sentimentos afloraram identificando que a “Ceplac – NÃO MORREU – ou MELHOR, ESTÁ VIVA” – e atuando na sua essência programática, nos seus objetivos prioritários com dedicação e idealismo dos seus atuais técnicos.
Para mim não foi surpresa; sabia que o mais importante da instituição é o conteúdo técnico cientifico. Ele sempre esteve presente e agora nesta onda crescente de “desmonte” politico institucional resiste bravamente, sem o apoio em especial, das organizações dos produtores (sindicatos e Federação Estadual) ou mesmo de elementos da sociedade regional que desconhecem a realidade dos problemas administrativos.
Não é a influencia politica partidária, nem a falta de apoio governamental ou o estrago doloroso, social e econômico, provocado pela Vassoura de Bruxa e muito menos, as oscilações dos preços do cacau que vão acabar o idealismo, a dedicação e o conhecimento dos abnegados pesquisadores do cacau. Precisamos reconhecer que é difícil fazer um trabalho técnico, despreocupado, sem o apoio governamental, com a falta de funcionários (27 anos sem admissões) e ainda mais, com pressões políticas para ceder parte da área territorial e prédios do Centro de Pesquisas para uso alheio aos seus objetivos técnicos.
Tenho escrito muito sobre a vida institucional da Ceplac. Abordei vários aspectos desde sua criação em 1957 – e Cepec e Cenex em 1963 – até agora, nos seus 50 anos de atividade técnica. A visita feita ao Cepec me trouxe nova compreensão e necessidade de conclamar um novo enfoque da instituição.
Nasceu como um “Plano” para sanar dívidas dos produtores de cacau provenientes de crises econômicas, administrativas e técnicas. Depois a consciência de que o maior problema estava no conhecimento cientifico das plantações e suas produções, daí a organização técnica do Centro de Pesquisas do Cacau e do Departamento de Extensão Rural, atuando como pesquisadora e assistencial aos problemas existentes. A sensibilidade institucional, a necessidade de desenvolver a região, as facilidades operacionais existentes e o volume de recursos financeiros levaram a Ceplac a uma atuação importante nesta região. Estudos, levantamentos, projetos e aplicações financeiras foram feitas em eletrificação, saúde, saneamento, estradas, porto de exportação, organizações sindicais, diagnóstico sócio econômico regional e especialmente a uma Universidade (UESC). A visão futura da região predominou na Ceplac, considerada como organização dos Produtores de Cacau. Foi um grande exemplo de modelo institucional para o desenvolvimento de regiões.
Hoje o que é a CEPLAC?
Com a entrada politica partidária na administração, com a perda de sua autonomia financeira (cota de contribuição e imposto de exportação), com a introdução maldosa da Vassoura de Bruxa e a insensibilidade dos governantes e líderes regionais foi aos poucos, perdendo seu patrimônio (prédios e áreas experimentais), prestigio, os recursos financeiros, indefinição na institucionalização do órgão, falta de recomposição do quadro de profissionais técnicos, perda das escolas modelo EMARC, etc.
O que SOBROU?
Felizmente a essência, o principal, o centro gerador de novos conhecimentos e experiências. Sobrou o CEPEC e a Extensão e graças aos técnicos ainda na ativa estão realizando o que é possível, na situação difícil que atravessa a instituição. Não consideramos o existente na atuação da Ceplac na Amazônia. Merece ser analisada.
Por que então manter a antiga estrutura funcional? Interesse politico? Ou falta de interesse em atualizar a organização para aumentar a eficiência administrativa? Não existem mais ações politicas regionais que não possam ser desenvolvidas pelos dirigentes do Cepec e da Extensão. Não existe mais razão para escritórios de representação politica em estados produtores, pois a organização não possui recursos financeiros suficientes e nem pessoal a ser disponibilizado ou patrimônio físico (prédios, instalações e áreas) a ceder a órgãos interessados e recomendados politicamente.
Acabou a instituição rica e atuante no desenvolvimento regional! Agora ela é um grande centro de estudos e pesquisas cientificas na área agrícola e do meio ambiente e transferência de conhecimentos e métodos para a sociedade produtora rural. Hoje quem dá nome, conceito e credibilidade à instituição Ceplac é o trabalho técnico. É necessária uma definição do modelo institucional, se o governo deseja preservá-la.
Chega de ceder instalações e áreas adquiridas com a contribuição dos produtores de cacau, a órgãos que nada têm a ver diretamente com a agricultura e com o cacau.
Com anos de trabalho e por ter escrito sobre a vida da Ceplac e mantendo até hoje meu idealismo, desejo apelar para todos os PRODUTORES DE CACAU E EMPRESAS CHOCOLATEIRAS que analisem a situação da Ceplac e ofereçam seu apoio e defendam a instituição que tantos benefícios tem prestado à economia cacaueira e à sociedade regional.
VAMOS NOS MOVIMENTAR!
Brasília, 12-abril-2014
Jorge Raymundo Vieira, Eng. Agrônomo, MS – aposentado da CEPLAC.
Excelente matéria. Faz bem saber que existe pessoas determinadas no problema da CEPLAC e lavoura cacaueira.