O PARTO DE UM VOTO NULO.

O PARTO DE UM VOTO NULO.

Situação difícil aquela em que se encontra o eleitor do estado da Bahia nestas eleições 2014. Parodiando um certo político brasileiro, “nunca antes na história deste” … estado foi tão difícil escolher um candidato para ocupar o cargo de governador!

Como candidato do atual Governador do Estado, temos o Sr. Rui Costa. Desconhecido do povo, de quem sempre foi distante; e conhecido nos meios políticos por sua profunda arrogância, representa a continuidade de tudo de ruim do governo Wagner: O extremo autoritarismo no trato com os policiais militares e demais servidores; a greve de professores de 115 dias ocorrida em 2012 que jogou um ano aprendizagem milhares de alunos baianos na lata do lixo; a profunda injustiça dos contratos PST e REDA, no qual as pessoas trabalham para o estado e ao final saem sem direito a nada; a opressão política e o autoritarismo contra os que discordam das diretrizes fixadas pelo atual governo; a distância incomensurável que separa as muitas ações do Governo Federal na Bahia da indigência operacional do governo do estado, que – ele mesmo – quase nada fez ao longo de oito anos de gestão.

Como segunda opção da continuidade de Jaques Wagner temos a candidata Lídice da Mata, cujo partido, o PSB, participou ativamente durante oito anos do governo Wagner, tendo no Supersecretário do Turismo Domingos Leonelli um dos homens fortes do governo. Entretanto, surpreendentemente, o PSB apresenta sua candidatura com forte discurso de oposição!

A outra opção eleitoralmente viável é Paulo Souto, que já governou a Bahia por duas vezes (1995 / 1999 e 2003/2007). Souto representa a volta a um passado do qual não sentimos saudade alguma.

Além destes três candidatos, temos aqueles dos partidos menores: PSTU, PSOL e PRTB. Com exceção de Da Luz, deste último partido, nada afirma nem assume, as candidaturas do PSTU e do PSOL se resumem a defender tudo o que não presta: Liberação da maconha, direito indiscriminado ao aborto, fragilização da Polícia Militar por meio de sua desmilitarização e excessos direitos para os LGBT, para transformá-los de cidadãos normais em supercidadãos, por meio de uma legislação específica que os ponha em um patamar de direitos bem acima de todos os demais brasileiros.

Com estas opções que temos, pela primeira vez em 49 anos de vida e de intensa participação política, me vejo obrigado a votar nulo, pois o voto em branco é considerado voto válido, enquanto o nulo expressa de forma mais fidedigna o inconformismo do cidadão em face da péssima qualidade das escolhas ofertadas.

Sei que muitos dirão que tal atitude representa uma omissão frente às opções que se consubstanciam, sobretudo, nas três primeiras candidaturas acima citadas.

Entretanto, o voto nulo para governador representa também uma não conivência, uma não compactuação, uma não cumplicidade com tudo de ruim que o conjunto de todas as candidaturas acima encarna.

Pilatos, após tentar salvar Jesus de todas as formas, inclusive oferecendo ao povo a possibilidade de libertá-lo – recusada pelo povo, que optou por libertar Barrabás – terminou por lavar suas mãos do sangue daquele inocente que seria irremediavelmente crucificado.

Talvez Pilatos tenha lavado as mãos frente ao público porque, naquela época, não havia a opção de votar nulo.

Julio Cezar de Oliveira Gomes

Graduado em História e em Direito, ambos pela UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz