SER “LIVRE E DE BONS COSTUMES”
por JOSÉ EVERALDO ANDRADE SOUZA
Ser “livre e de bons costumes” é a condição primeira para que um “profano” possa ser proposto para ingressar em uma Loja Maçônica.
Seria muita simplicidade entender a liberdade e a moral como vêm definidas vulgarmente.
Em tempos idos, não muito distantes, o escavo não podia fazer parte da Instituição Maçônica e, por esse motivo, a condição era severa no sentido de ser exigido que um candidato fosse verdadeiramente livre, ou seja, não fosse escravo.
A escravidão foi uma condição humana do passado, muito triste, mas real.
Assim, não podemos entender que a “liberdade” possa ser, exclusivamente, o direito de alguém ser livre, um cidadão com as mesmas garantias dos demais. Concluindo, hoje em dia, já não existem homens que não sejam livres. Portanto, esta condição de ser livre já não é observada.
É evidente que o conceito de “liberdade” é muito mais profundo que o direito de “ir e vir”.
O forte da Maçonaria, no sentido de preservação, é o culto à tradição. Mas, não temos essa tradição como camisa de força, porque a Maçonaria evolui acompanhando a evolução do homem. Caso contrário, haveria distorções e situações ridículas, retornando ao pensamento da Idade Média, e… muito antes!.
As convenções sociais tentam conservar o equilíbrio de tudo e em tudo, porque o bom senso, sempre, deve reinar para a preservação dos ideais.
Como qualquer outra instituição, a Maçonaria, constantemente, reúne os seus adeptos em conclaves, conferências e congressos, para analisar as novas posições a serem tomadas.
É evidente que ninguém pretende deturpar os princípios da moral, mas existem situações que se contornam com muita habilidade.
Uma grande parcela de homens estão sempre “ocupados”; não têm tempo para nada e fazem dessa condição a sua fuga.
Estou muito ocupado para me deter e analisar sobre o “ser livre”, deixarei para melhor oportunidade. Esse é o entrave que é colocado de imediato. Portanto, o “ocupado” não pode ser livre; ele não se liberta da “desculpa da ocupação”; torna-se afoito, apressado e fugidio, e se analisarmos a sua vida, a encontraremos vazia.
O descaso não é sinônimo de descrença; é o complexo de superioridade; ninguém sabe melhor que ele; tudo é engano, capciosidade ou ilusão. Não há possibilidade de vislumbrar a vantagem de ser livre.
Ser livre, não significa romper as cadeias da tradição, do sistema social, da conjuntura familiar; ser livre, significa trilhar um caminho de satisfações puras, sadias que possa conduzir a uma meta realista: a felicidade.
Ninguém poderá considerar-se livre, se infeliz!
A liberdade dá tranquilidade e paz de espírito.
Liberdade não é acomodação.
Ser predestinado a “ser livre”, não constitui um condicionamento que poderia ser interpretado como uma interferência nessa liberdade, mas uma “escolha” feita por quem tem poder para predestinar, firmando-se assim, um pouco mais, da crença de que “algo”, a quem denominamos de Deus, tudo pode.
Excluído o ingresso na Maçonaria, o “ser livre” gratifica o homem, porque se tornará receptivo à compreensão do mistério da Vida e da Morte, princípio e fim da existência humana e princípio da existência espiritual.
Dentro da Sociedade moderna é premente a reunião desses “homens livres”, esperança derradeira para o Mundo melhor que todos querem e que a Humanidade necessita..
A auto-análise conduzirá a bons resultados; o homem não está só; ele pode encontrar um número enorme de entidades orientadoras; de amigos que individualmente o podem aconselhar; de bibliografia abundante, experiência de outros que já superaram as mesmas dificuldades.
Em qualquer parte do mundo o homem pode, com extrema facilidade, encontrar o seu “mestre”; esse não precisa ser um guru, mas alguém que passou e superou a mesma dificuldade.
Para a Maçonaria – em tese – congregar os simpatizantes e filiá-los, seria uma tarefa simples, porque para os que forem “livres” e de “bons costumes”, meio caminho já é andado; somando a essa condição o conhecimento filosófico, não é trabalho ingente.
JOSÉ EVERALDO ANDRADE SOUZA
MESTRE MAÇOM DA LOJA ELIAS OCKÉ N° 1841
ORIENTE DE ILHÉUS – BA.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
da Camino, Rizzardo
Maçonaria Mística-Madras Livraria e Editora Ltda – São Paulo.