CRIANÇAS, N.S. APARECIDA E OS ENGENHEIROS AGRÔNOMOS
Dia maravilhoso! Três motivos para comemorar essa data – 12 de outubro – Dia para reflexões, orações e despertar, mais intensamente, a Esperança.
Crianças – Esperança do futuro especialmente nesta fase difícil e perigosa da vida dos brasileiros. O declínio dos índices que indicam a estabilidade econômica, a degenerescência dos costumes, das promessas ilusórias e o ânimo dos brasileiros. Vivemos um período difícil. Ações governamentais levam a uma deterioração dos princípios morais e crescimento das manifestações populares, perversas e desleais, e sem qualquer punição aos responsáveis. A deslealdade impera em todas as áreas e locais como se fosse uma “virtude” aceita pela sociedade.
As crianças representam a nossa esperança. Esperança de reverter este clima, este comportamento humano, que busca poder através da desonestidade, das trapaças e até da eliminação de seres humanos.
A esperança está nos pais e nos professores. Ao visualizarem um futuro com amor e aproveitando sua competência e idealismo, poderão orientar às crianças de forma permanente, Indicando que existe um “mundo melhor”. Esses exemplos apresentados na TV, em jornais, revistas e acontecimentos urbanos, são frutos de uma fase horrível que permeia parte da sociedade brasileira.
É preciso “abrir os olhos” desses jovens e estimulá-los à crença de uma esperança por um melhor país. Às crianças, os votos de um futuro melhor, com muita dedicação, muito trabalho, muita lealdade e com muito amor ao próximo. Conhecendo e valorizando os recursos naturais que o Brasil oferece a todo seu povo.
Aos que têm fé religiosa, o apelo à nossa protetora “Nossa Senhora Aparecida” para abençoar estas crianças que nada fizeram para causar esta situação brasileira, evitando que sejam castigadas com as consequências de uma política interesseira e descompromissada.
Felizmente o Brasil tem grande sentimento religioso e certamente as orações nesse dia, serão ouvidas e poderemos ter esperança.
E por que Engenheiros Agrônomos neste texto?
Por ser uma profissão importante, necessária e intensamente ligada às condições de vida da sociedade. Hoje, também é o dia do Engenheiro Agrônomo. Profissão ainda sem prestigio, considerada pelo governo na segunda categoria dos Ministérios e pela sociedade vaidosa, que orienta seus filhos para outras profissões, consideradas da elite e de qualidade – direito ou medicina.
A juventude em fase preparatória de acesso à Universidade não conhece a importância e complexidade dessa especialidade acadêmica. As próprias Universidades não dão prioridade ao ensino e à formação dos futuros profissionais necessários ao desenvolvimento da agricultura.
Participei em Brasília, no programa do Rotary Clube com palestra a 800 estudantes em preparativos para um vestibular; explicar o significado e importância das diferentes profissões. Uma contribuição aos jovens, até então indecisos e somente com recomendações dos pais ou parentes, indicando suas preferências.
Relembro que iniciei minha palestra sobre a profissão do Engenheiro Agrônomo, contando que um dos alunos presentes havia me informado, antes desta reunião: “hoje acordei, vestido em um pijama de algodão, escovei os dentes com dentifrício feito de hortelã, fui tomar o caféda manhãe encontrei na mesa: frutas (melão, mamão, banana, laranja, manga), sucos de graviola, cajá e acerola; pães diversos, bolo de aipim e de milho, mingau de tapioca, além da manteiga, do açúcar, das geleias e do café com leite. Havia opção para os apreciadores do chocolate. Vesti minha roupa de algodão, meu sapato de couro, quando ouvi a buzina do carro do meu amigo; carona em carro movido a álcool. Cheguei aqui, sentei em cadeira de madeira e abri o caderno de folhas feitas de celulose, corrigi minhas anotações apagando o registrado com uma borracha.”
Neste momento ele pensa: “Meus Deus até agora estou vivendo em função da AGRICULTURA. Ela está presente em todos meus passos e me sustenta; me faz respirar e pensar. Reflete então: “Teria toda a população brasileira, tudo isto que esteve à minha disposição?”
Não e por que?
O Brasil é um país com imensa área territorial, com uma variedade de condições de solos, de clima, com extensões de terra ainda por cultivar, plantações sem uso de tecnologia capaz de ampliar a produtividade e áreas aptas à Introdução de novos cultivos ou criações. Relembro que o oeste da Bahia, há pouco anos atrás, era considerado sem importância econômica. Hoje, a chegada dos plantios de Soja, com nova tecnologia transformou essa região em um polo de desenvolvimento agro econômico. Aqui na região do cacau, com uma assistência técnica e tecnologia, já se conseguiu produtividades de 100 a 150 @ por hectare de cacau.
O Brasil é muito grande e precisa do conhecimento e atuação dinâmica dos profissionais da agricultura para a transformação de agricultura tradicional em um agronegócio produtivo. O potencial agrícola brasileiro é imenso, capaz de produzir alimentos para toda sua população, (acabando com a fome), para obter rendimentos financeiros com a exportação e também para ofertar a países mais pobres e subdesenvolvidos.
Infelizmente ainda estamos atrasados com o desenvolvimento da agricultura e apoio governamental às instituições cientificas e de assistência técnica com seus profissionais. A televisão mostrou o conceito que se tem da profissão de Engenheiro Agrônomo. Em uma novela, o personagem – um rico produtor rural que mandou seu filho estudar fora, e no regresso reagiu violentamente com o filho, por não ter se graduado em Advocacia (como desejava) e sim em Engenharia Agronômica. Julgava uma profissão sem grande valor e que bastaria para as lides agrícolas, o seu conhecimento tradicional e rotineiro.
O que falta?
A conscientização e planejamento do desenvolvimento agrícola, pecuário, florestal, e a industrialização dos seus produtos pelo governo. A valorização e o respeito com os profissionais desta área. O reconhecimento aos agrônomos e agricultores que produziram e produzem, com todas as dificuldades, a alimentação necessária à população brasileira. No futuro governo, a esperança do fortalecimento na formação desses profissionais e nas pesquisas agrícolas nas Universidades. A oferta de oportunidades de trabalho, e em especial, na assistência técnica e educativa permanente aos produtores rurais. Alie-se a todo estes procedimentos a disponibilidade dos instrumentos econômicos (financiamentos) e apoio à indústria de equipamentos, máquinas e condicionantes da produção agrícola. Sem isto, vamos caminhar para a importação de alimentos.
Foi um dia maravilhoso. Pensei nas crianças (meus futuros bisnetos); refleti sobre o futuro que os espera. Orei a N.S. Aparecida e desejei a Paz, a Alegria e o prazer de Viver.
Refleti sobre meus 60 anos de atividade profissional na agricultura, como Engenheiro Agrônomo, com idealismo, conhecimento e a consciência de ter colaborado com honestidade para o desenvolvimento da agropecuária brasileira.
Ilhéus, Bahia – 12 de outubro de 2014
Jorge Raymundo Vieira, Eng. Agrônomo 1954 – UFV