OS FRANCO – MAÇONS PARTE VIII
Por José Everaldo Andrade Souza
CONTINUANDO NOSSA CAMINHADA AO REDOR MUNDO – CRUZANDO O ATLÂNTICO.
Ir.’. Everaldo
Caríssimos leitores do R2CPRESS, integrantes e simpatizantes da sublime Arte Real.
Apesar de não haver nenhum registro escrito sobre a Franco-Maçaonaria na América do Norte, antes do estabelecimento da Grande Loja Inglesa, em 1717, é bem possível que os homens que cruzaram o Atlântico para colonizar o Novo Mundo, no século XVII, tenham levado consigo muitos de seus costumes e práticas – entre eles a Franco-Maçonaria…
ANTES DA INDEPENDÊNCIA
Dizem que o primeiro americano maçom conhecido foi Jonathan Belcher, que se tornou Governador-Geral de Massachusetts e de New Hampshire, em 1730. Nascido em Boston e instruído em Harvard, Belcher deixou a Inglaterra no início do século XVIII. Ao redor de 1704, ele teria sido iniciado em uma Loja de Londres. Ele voltou para a América em 1705, tornou-se um rico comerciante e, mais tarde, um líder na Maçonaria.
Não se tem a precisão dessas datas: elas derivam de uma carta que Belcher escreveu, em 1741, afirmando ter sido maçom por 37 anos. Entretanto, sabe-se que quando os novos americanos souberam que a fundação da Grande Loja tornara-se moda na Inglaterra, entre os altos níveis da sociedade, eles quiseram imitar seus contemporâneos ingleses e fundaram Lojas próprias.
De acordo com os historiadores da primeira Grande Loja (Inglesa), podemos ter absoluta certeza de que a Maçonaria havia sido estabelecida nas colônias americanas por volta de 1730, pois registros que datam desse ano informam que um cidadão chamado Daniel Coxe foi nomeado Grão-Mestre da Nova Inglaterra e patenteou Lojas em Boston e em outras partes da colônia.
A mais antiga Loja americana conhecida por registros é a de São João, na Filadélfia, que havia sido patenteada em 1731, quando Benjamin Franklin foi iniciado na Maçonaria. Franklin, o homem de estado e cientista americano, ativo participante nas discussões e reuniões que resultaram na Declaração da Independência, de 1776, provavelmente se familiarizou com a Maçonaria quando visitara a Inglaterra aos 18 anos, em 1724. Três anos depois, foi iniciado na Taverna Tun, na Filadélfia, e tornou-se Mestre da Loja.
Em 1734, Franklin, tipógrafo de profissão, publicou uma edição americana das Constituições , de James Anderson, de 1723. A Maçonaria foi rápida em estabelecer-se nas colônias norte-americanas, atraindo muitos homens para as várias Lojas que estavam sendo patenteadas na época.
A rapidez com que a Maçonaria se estabeleceu na América do Norte foi provavelmente devido a formação de Lojas militares, criadas por soldados do Exército Britânico que haviam sido enviados para as colônias. O primeiro registro de Lojas militares datam de 1641, quando sir Robert Moray, Intendente-Geral de um Regimento Escocês, que havia ocupado Newcastle-upon-Tyne, foi iniciado na Maçonaria por alguns Irmãos soldados, cuja Loja Mãe era em Edimburgo.
Depois de sua criação, em 1713, a Grande Loja havia aprovado o estabelecimento de Lojas militares que se deslocavam para vários lugares com os regimentos que as haviam fundado. Antes que fosse estabelecida, o consentimento do Comandante tinha de ser solicitado e aprovado. Ele também tinha o poder de fechá-la, se assim o quisesse. Mas, como o Comandante era frequentemente um membro, era raro que isso ocorresse.
Todas as Lojas militares, inclusive as do exterior, eram patenteadas pela Grande Loja de Londres, que exercia controle sobre elas por meio dos Grãos-Mestres Provinciais. Era política da Grande Grande Loja, que essas Lojas fossem exclusivamente para soldados, mas os Grão-Mestres Provinciais muitas vezes desconsideravam essa regra, permitindo que civis fossem iniciados nas Lojas militares. Quando o regimento era deslocado para outro lugar, os membros civis deixados para trás continuavam participando das sessões das Lojas, muitas vezes solicitando à Grande Loja (sempre por intermédio do Grão-Mestre Provincial) para constituí-los como uma nova Loja afiliada a Londres.
Os regimentos britânicos eram posicionados em toda a Costa do Atlântico, deslocando-se constantemente de um lugar a outro. Portanto, o número de Lojas civis cresceu rapidamente na colônia. E como os membros civis das Lojas tendiam a ser cavalheiros fazendeiros ou comerciantes ricos, eles tendiam a atrair novos membros do mesmo nível.
Tal como na Inglaterra, havia maçons para quem as sessões de Loja eram eventos, durante os quais discussões filosóficas e intelectuais podiam ser apreciadas e opiniões expressas e argumentadas, enquanto haviam outros para quem a Maçonaria era um veículo para reuniões sociais agradáveis, boa alimentação, bom vinho e bom companheirismo. Benjamin Franklin pertenceu à primeira categoria. Outro americano famoso pertenceu à segunda.
Esse jovem alto, dono de escravos e bem trajado, foi iniciado na Maçonaria em Fredericksburg, na Virgínia, em 1752, e exaltado a Mestre Maçom no início do ano seguinte. O seu interesse em relevo topográfico levou-o a ser nomeado pelo governo da Virgínia para inspecionar a extensão de terra na fronteira da Virgínia e do vizinho Ohio, o início do Oeste. Quando eclodiu a guerra entre a Grã-Bretanha e a França, que tinham vastos territórios na América, foi-lhe concedida uma patente no Exército Britânico, em 1756, , e foi finalmente nomeado chefe das Forças da Virgínia. Não sabemos se, nessa época, seu nome já havia chegado aos ouvidos do então monarca britânico, Jorge II, mas foi certamente conhecido por Jorge III. O leal colonial era ninguém menos que George Washinton.
Nossa próxima edição será dedicada ao início da Guerra da Independência Americana, na qual a Maçonaria exerceu uma influente participação.
JOSÉ EVERALDO ANDRADE SOUZA
MESTRE MAÇOM DA LOJA ELIAS OCKÉ N° 1841
FEDERADA AO GRANDE ORIENTE DO BRASIL – RITO BRASILEIRO
ORIENTE DE ILHÉUS – BAHIA
REFERÊNCIAS LITERÁRIAS:
Johnstone, Michael
Os Franco-Maçons – trad. Fúlvio Lubisco – São Paulo; Madras, 2010.
Título Original: The Freemasons.
Harwood, Jeremy
Maçonaria: desvendando os mistérios milenares da Fraternidade;
Trad. Alexandre Trigo – 1. ed. – São Paulo: Madras, 2014.
Título original: Freemasons.
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