FORTALEZA, MAIO 2015
Tentando atingir o Maranhão, os holandeses de Pernambuco invadiram a costa do atual Ceará construindo, na foz do riacho Pajeú, um pequeno fortim; vieram os portugueses, os expulsaram e construíram, mais adiante, a Fortaleza de N.Sa. da Assunção, em cujo entorno cresceu a Cidade da Fortaleza.
A forte cultura algodoeira local impulsionou a sua indústria têxtil e, nas noites das quartas-feiras para as quintas e dos sábados aos domingos é armada perto da Igreja da Sé a “Feira da Sé” ou “Feira da Madrugada”, comparecida por milhares de vendedores e compradores de vários estados e até de alguns países africanos. Alguns vendedores são chineses com as suas famílias, não sendo difícil ver africanos com suas roupas coloridas carregando sacos e sacolas para a travessia do Atlântico.
Na Praia da Iracema edificaram, recentemente, um grande calçadão com primorosos jardins sombreados que escondem restaurantes e bares, sendo estas áreas conservadas por empresas e associações diversas. Nas noites amenas ali funciona a Feira de Artesanato com 680 barracas e, talvez, um igual número de ambulantes que ficam parados dos lados da passarela onde circulam milhares de visitantes falando línguas de quase todo o mundo. E não é para menos: o Nordeste é a parte do Brasil mais próxima da Europa, donde vem a maioria dos turistas que esticam às diversas praias ao Norte e Sul da capital.
O mar é imenso, verde e tranquilo. A arquitetura contemporânea é exuberante cheia de curvas e colunas cilíndricas por toda parte, uma marca da plástica local. Os revestimentos exibem cores harmoniosas, onde a cor de tijolo e o azul predominam entre onipresentes jardins bem tratados. O povo local é educado e discreto, sem aquela onda de “meu rei” e da pegação risonha no ombro dos que chegam, buscando alguma gorjeta, como vemos em outras partes.
E os restaurantes? Muitos de nível internacional, alguns com filiais em outras capitais e até fora do país. Muita lagosta, camarão e peixes da água doce e salgada. Nos mercados, é claro, a comida do sertão representada pela buchada, caldo de mocotó, guisados de bode e carneiro, o baião de dois além das especialidades comuns ao resto do país.
Depois que a Europa, há uns trinta anos, apavorada com as balas perdidas do Rio de Janeiro elegeu Fortaleza como a sua praia, os preços de tudo subiram às nuvens. Apenas os ônibus urbanos e os táxis praticam preços mais acessíveis que os de Ilhéus. O resto é pelos olhos da cara. Um croissant de frango lhe custará R$ 8.50; uma noite num hotel, R$ 100 e, numa pousada, R$ 80. Com muita sorte você encontrará um flat na Iracema, com vista ao mar, a R$ 40 por pessoa.
Muita limpeza e ordem por toda parte, mesmo no entorno do grande Mercado Central.
A origem do nome do rio Ceará, que se estendeu a todo o atual estado é controversa. Alguns o associam ao siri, animal que só anda para trás, mas uma outra versão pode ser possível, pois “sy”, em Tupi, significa “mãe”, enquanto que “ará” equivale a “mundo”. Assim, Ceará poderia também significar “Mundo Materno”, “Maternidade”, um nome mais digno e poético.
G.A.A