Mundo desigual
* por Tom Coelho
“Por tão poucos terem tanto é que tantos têm tão pouco.” (Eduardo Marinho)
A Forbes, revista de negócios norte-americana, publica anualmente uma lista avaliando o patrimônio dos bilionários em todo o mundo. A edição deste ano novamente apresenta nas três primeiras posições Bill Gates, fundador da Microsoft; Carlos Slim Helu, do setor de telecomunicações; e o banqueiro Warren Buffet. Juntos, eles detêm ativos da ordem de US$ 224 bilhões, o equivalente ao patrimônio estimado de cerca de 900 milhões de pessoas.
Os dados ficam ainda mais alarmantes se tomarmos como referência os ativos dos dez mais ricos. Neste caso, chegamos a um total de US$ 551 bilhões, comparável ao patrimônio de algo em torno de 2 bilhões de pessoas no planeta!
Uma análise da referida lista de bilionários da Forbes a partir de 2009, ano seguinte à crise econômica mundial, mostra um crescimento médio anual de 14% no patrimônio do grupo dos dez. Enquanto isso, o PIB mundial evoluiu pouco acima de 3% ao ano.
Estes dados explicam o alerta da Oxfam International, entidade cujo foco primordial é o combate à pobreza. Atualmente, 67 pessoas detêm o mesmo patrimônio que metade da população mundial e, em 2016, os recursos acumulados pelo 1% mais rico do planeta ultrapassarão a riqueza dos outros 99%.
Mais um exemplo deste universo de desigualdades. O faturamento das dez maiores empresas do mundo em 2014 totalizou US$ 3,35 trilhões, o equivalente ao PIB somado de todos os países da América Latina, excluindo-se o Brasil. Note: dez empresas equivalem a 21 países. Estes números só não são ainda mais expressivos porque seis destas dez companhias são do setor energético, e o barril do petróleo, que já chegou a superar cem dólares no passado recente, vive um período de baixa, cotado por menos de 60 dólares atualmente.
O mais incrível é que temos a impressão da ocorrência, no decorrer dos últimos anos, de ações amplas e efetivas no sentido de amenizar desigualdades socioeconômicas em virtude de iniciativas de organizações não-governamentais, de campanhas de conscientização e da inclusão do tema em debates educacionais. Ledo engano…
Combater este autêntico abismo social é tarefa de governo. A distribuição de renda passa necessariamente não por políticas assistencialistas, mas sim por instrumentos justos de tributação. Estudos indicam que há uma correlação direta entre o aumento da concentração de renda e a redução dos impostos incidentes sobre os mais ricos.
Olhando para nosso cenário interno, vemos um crescimento da violência, do desemprego e da corrupção. Enquanto isso, com a justificativa de ajustar as contas públicas, o governo federal busca elevar sua arrecadação com aumento generalizado de impostos sobre o setor produtivo, afetando diretamente a competitividade das empresas, em especial as de pequeno e médio porte, que representam 98% dos empreendimentos formais existentes no país, responsáveis por mais de 60% dos empregos diretos. O impacto final é sobre os menos favorecidos, ampliando este quadro de desigualdades.
Contra fatos e estatísticas não cabem argumentos, mas sim ações propositivas, voltadas não à retórica, mas sim à solução dos problemas.
* Tom Coelho é educador, palestrante em gestão de pessoas e negócios, escritor com artigos publicados em 17 países e autor de oito livros. E-mail: tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.br e www.setevidas.com.br.
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Você sabia que atualmente 67 pessoas detêm o mesmo patrimônio que metade da população mundial e, em 2016, os recursos acumulados pelo 1% mais rico do planeta ultrapassarão a riqueza dos outros 99%?
Eu cruzei dados estatísticos da lista anual de bilionários divulgada pela Forbes, o volume de vendas das dez maiores empresas em faturamento em 2014 e o PIB dos países da América Latina chegando a dados impressionantes. A desigualdade nunca foi tão gritante.
Leia na íntegra: “Mundo desigual”: http://vejatom.com/artigo268.
Haja visto o montante que Governos contribuem para enriquecer grandes corporações, vide Odebrecht no Brasil ou GM nos EUA (essa última o governo americano salvou da falência), distribuição de renda governamental é o maior conto do vigário já aplicado na face da Terra…
Me diga um bilionário que não tenha negócios e proteção de mercado com qualquer Governo e eu me calo.
É dessa forma que o mundo funciona e continuará funcionando. A ambição humana e o apego aos bens materiais não é exclusividade dos mais ricos.
Guardada as devidas proporções, ao nosso redor, existem dezenas de “pequenos ricos” que são mais miseráveis do que todos os bilionários juntos.
O que deve ser execrada é a conquista de bens materiais de forma desonesta.
Antes um miserável honesto, um homem previsível que não irá dar rasteira em ninguém, do que um bondoso desonesto, aquele que venderá soluções utópicas em benefício próprio…
Parafraseando o bom e velho Von Mises, não é para acabar com a fome da humanidade que um padeiro acorda às 5 da manhã, ele faz isso por “bens materiais” a fim de alimentar a sua própria família.