Se existe alguém ganhando dinheiro em plena crise, esse alguém é o fabricante das tornozeleiras eletrônicas, que agora estão em voga devido à sua instalação também em tornozelos brancos, bem nascidos e bem cuidados. Deve ter dobrado a produção.

Por estar virando cena comum no mundo do colarinho branco, o artefato já não causa mais tanto constrangimento – nem pra quem usa, nem pra quem vê – ao contrário das clássicas algemas, que ainda constrangem, independente da cor de pele, religião ou classe social.  Até hoje, seja o “premiado” pobre ou rico, tem sempre um paninho fuleiro ou um suéter de marca tentando esconder o inescondível, naquele momento da condução à carceragem. 

A tornozeleira eletrônica banalizou da mesma forma que, nos dias atuais, nem parece mais tão ridículo um marmanjão portando um pau de selfie, sozinho na praia, a fazer seus auto retratos para, em seguida, postar em todas as redes sociais a que tem direito (e com a legenda: “gente, dia lindo praia ótima”). 

Não estranhe se, cedo ou tarde, alguma griffe tupiniquim famosa resolver lançar um acessório fashion, réplica da tornozeleira eletrônica, em ouro cravejado de brilhantes. 

E todo mundo (que pode) vai querer usar…

Nilson Pessoa