AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS – Nº 34 – 24 de abril de 2018
MORTE DO VELHO CHICO AMEAÇA A CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO
ASA Brasil – Articulação Semiárido Brasileiro
A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) soma-se às muitas vozes das lideranças, comunidades ribeirinhas, povos tradicionais, movimentos sociais, comitês de bacias, pastorais sociais e especialistas para denunciar a morte do Rio São Francisco e exigir do Estado brasileiro ações imediatas para reverter tal quadro de penúria, abandono, exploração, descaso e privatização de suas águas.
O rio totalmente brasileiro sustenta milhares de ribeirinhos nos 160 municípios que banha, ao longo dos cinco Estados que percorre: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. O rio é fonte de vida e renda para quem vive em seu entorno e garante vida digna para muita gente que vive no Semiárido. Passa, no entanto, por um dos piores momentos de sua existência.
Ao analisar todos os números de vazão do rio desde 1931, constata-se que, atualmente, o Velho Chico apresenta seus piores índices: menor quantidade de água no seu leito; menor quantidade de água no conjunto dos reservatórios (em torno de 5% do volume útil); menores vazões praticadas, com destaque para Sobradinho, que foi construída para garantir uma vazão segura de 2.100 m³/s e hoje não garante sequer 590 m³/s.
Na foz, a vazão média que antes era de 2.943 m³/s, não ultrapassa os 554 m³/s. Como consequência, o mar avança “rio adentro” por mais de 50Km e já causa um colapso no abastecimento de água potável para as populações rural e urbana e aumento dos casos de hipertensão dos moradores por conta da alta taxa de salinidade da água.
Esta situação não é resultado apenas dos seis anos prolongados de estiagem que passa a região, mas, sobretudo, do desmatamento do Cerrado e dos usos ligados à irrigação, mineração e transposição de águas.
Quando se amplia o olhar para a Bacia do São Francisco, a situação parece ainda mais grave. O rio e seus afluentes ocupam uma área de 641.000Km², ou seja, 7,5% do território brasileiro. Neste percurso que abrange o Distrito Federal e os Estados de Goiás, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, o manancial contava com mais de 150 afluentes ou rios tributários. Muitos destes não existem mais ou estão em vias de extinção. Sua diversidade biológica é formada em grande parte pelo Cerrado e pela Caatinga, e nestes espaços vivem mais de 16,5 milhões de pessoas, entre povos originários, povos negros e europeus, espalhados pelos campos e cidades.
A exploração degradante da Bacia teve início com a chegada dos colonizadores por volta de 1.500 e se prolonga e se mantém até os nossos dias, com a mineração, os vários projetos de barragens, derrubada da Caatinga e do Cerrado. Com essas construções, todo ciclo biológico foi alterado, com duas finalidades principais: gerar energia e segurança hídrica para grandes perímetros irrigados. Instala-se na Bacia o Projeto Desenvolvimentista lastreado pelas grandes obras de infraestrutura. (Semiárido Brasileiro, 20 de novembro de 2017. Coordenação Executiva da ASA Brasil).
A DEGRADAÇÃO DO ECOSSISTEMA DO SEMIÁRIDO
Luiz Ferreira da Silva
A preocupação maior, em termos de degradação dos ecossistemas brasileiros, recai na Mata Atlântica, no Trópico Úmido da Amazônia e no Cerrado, sobretudo do planalto central.
Os “olhares” pouco se voltam às matas do semiárido, notadamente as Caatingas, justamente a região mais deteriorada e, por suas condições fisiográficas aliadas ao clima, está sujeita à desertificação, em termos de degradação do trinômio – solo, água, vegetação.
Isso porque se trata de um ecossistema frágil, sobre o qual se insere a energia solar intensa, com 300 dias de sol pleno, resultando uma evaporação avassaladora. Em outras palavras, a chuva que cai, grande parte é devolvida para o espaço. Tal fenômeno advém concentração de sais, tanto hídrica, quanto no solo.
Adicionalmente, a insolação também provoca forte transpiração das plantas com perda de umidade. No semiárido 1m2 de folha verde transpira cerca de 2 litros de água por dia.
Neste complexo, inere-se o solo, geralmente raso, que exposto à energia solar, rapidamente se degrada pela peptização de suas partículas, ademais de sofrer salinização de suas camadas, pela inversão do fluxo de água em seu perfil pedológico.
E, também, os recursos hídricos pelos fatores referidos, estão mercê a um processo de assoreamento, sobretudo pela eliminação da vegetação ciliar e não perenidade dos afluentes e subafluentes dos grandes rios.
Neste contexto, sobressai o Rio São Francisco, necessitando urgente revitalização das suas matas ribeirinhas.
Conhecido como o “rio da integração nacional”, o São Francisco é a bacia hidrográfica mais importante do Nordeste. Na região de seu curso, foram construídas nove usinas hidrelétricas, que não trouxeram o desenvolvimento necessário às comunidades que vivem às margens do rio.
A extração de carvão, a monocultura e a atividade pecuária são os fatores responsáveis pela deterioração do rio São Francisco e de seus afluentes. Isso porque o desmatamento das matas ciliares faz com que aumente o número de sedimentos que se depositam no fundo dos rios. Quando acumulados, os resíduos interferem no fluxo das águas, secando as nascentes.
A caatinga é a vegetação nativa típica. Aprendendo com a natureza e respeitando seus recursos naturais antigamente era possível viver e conviver com o semiárido. No sertão, milhares de famílias viviam do trabalho na agricultura e na pecuária cultivando sua cultura e suas tradições em harmonia com o meio ambiente. No entanto, com a degradação dos recursos naturais, essa realidade se foi por terra.
Além da importância biológica, a caatinga apresenta um potencial econômico ainda pouco valorizado. Em termos forrageiros, apresenta espécies como o pau-ferro, a catingueira verdadeira, a catingueira rasteira, a cana fístula, o mororó e o juazeiro que poderiam ser utilizadas como opção alimentar para caprinos, ovinos, bovinos e muares. Entre as de potencialidade frutífera, destacam-se o umbu, o araticum, o jatobá, o murici e o licuri e, entre as espécies medicinais, encontram-se a aroeira, a braúna, o quatro-patacas, o pinhão, o velame, o marmeleiro, o angico, o sabiá, o jericó, entre outras.
As ações antrópicas e atos irracionais – mau uso do solo, desmatamento criminoso e inadequação de cultivos – destruíram mais de 50% dessa floresta e comunidades afins, havendo a necessidade de recompor as áreas em processo de deterioração solo/vegetação, sobretudo a mata ciliar.
A ALIANÇA
Luis Fernando Verissimo
Esta é uma história exemplar, só não está muito claro qual é o exemplo. De qualquer jeito, mantenha-a longe das crianças. Também não tem nada a ver com a crise brasileira, o apartheid, a situação na América Central ou no Oriente Médio ou a grande aventura do homem sobre a Terra. Situa-se no terreno mais baixo das pequenas aflições da classe média. Enfim. Aconteceu com um amigo meu. Fictício, claro.
Ele estava voltando para casa como fazia, com fidelidade rotineira, todos os dias à mesma hora. Um homem dos seus 40 anos, naquela idade em que já sabe que nunca será o dono de um cassino em Samarkand, com diamantes nos dentes, mas ainda pode esperar algumas surpresas da vida, como ganhar na loto ou furar-lhe um pneu. Furou-lhe um pneu.
Com dificuldade ele encostou o carro no meio-fio e preparou-se para a batalha contra o macaco, não um dos grandes macacos que o desafiavam no jângal dos seus sonhos de infância, mas o macaco do seu carro tamanho médio, que provavelmente não funcionaria, resignação e reticências… Conseguiu fazer o macaco funcionar, ergueu o carro, trocou o pneu e já estava fechando o porta-malas quando a sua aliança escorregou pelo dedo sujo de óleo e caiu no chão. Ele deu um passo para pegar a aliança do asfalto, mas sem querer a chutou.
A aliança bateu na roda de um carro que passava e voou para um bueiro. Onde desapareceu diante dos seus olhos, nos quais ele custou a acreditar. Limpou as mãos o melhor que pôde, entrou no carro e seguiu para casa. Começou a pensar no que diria para a mulher. Imaginou a cena. Ele entrando em casa e respondendo às perguntas da mulher antes de ela fazê-las.
— Você não sabe o que me aconteceu!
— O quê?
— Uma coisa incrível.
— O quê?
— Contando ninguém acredita.
— Conta!
— Você não nota nada de diferente em mim? Não está faltando nada?
— Não.
— Olhe.
E ele mostraria o dedo da aliança, sem a aliança.
— O que aconteceu?
E ele contaria. Tudo, exatamente como acontecera. O macaco. O óleo. A aliança no asfalto. O chute involuntário. E a aliança voando para o bueiro e desaparecendo.
— Que coisa – diria a mulher, calmamente.
— Não é difícil de acreditar?
— Não. É perfeitamente possível.
— Pois é. Eu…
— SEU CRETINO!
— Meu bem…
— Está me achando com cara de boba? De palhaça? Eu sei o que aconteceu com essa aliança.
Você tirou do dedo para namorar. É ou não é? Para fazer um programa. Chega em casa a esta hora e ainda tem a cara-de-pau de inventar uma história em que só um imbecil acreditaria.
— Mas, meu bem…
— Eu sei onde está essa aliança. Perdida no tapete felpudo de algum motel. Dentro do ralo de alguma banheira redonda. Seu sem-vergonha!
E ela sairia de casa, com as crianças, sem querer ouvir explicações. Ele chegou em casa sem dizer nada. Por que o atraso? Muito trânsito. Por que essa cara? Nada, nada. E, finalmente:
— Que fim levou a sua aliança? E ele disse:
— Tirei para namorar. Para fazer um programa. E perdi no motel. Pronto. Não tenho desculpas. Se você quiser encerrar nosso casamento agora, eu compreenderei.
Ela fez cara de choro. Depois correu para o quarto e bateu com a porta. Dez minutos depois reapareceu. Disse que aquilo significava uma crise no casamento deles, mas que eles, com bom-senso, a venceriam.
— O mais importante é que você não mentiu pra mim.
E foi tratar do jantar.
CURIOSIDADES
A coroação da rainha Elizabeth II foi marcada para o dia 2 de junho de 1953, em parte porque os meteorologistas diziam que, no ano inteiro, esse era o dia com mais probabilidades de ser ensolarado. Mas choveu…
A Disney World, na Florida abriu ao público em 1971. O parque de diversões era o maior do mundo. Custou 400 milhões de Euros e durante o primeiro ano o número de visitantes não foi o esperado. Apenas 10.000 pessoas visitaram o parque nesse ano. Hoje em dia, o parque recebe 10.000 visitantes por dia.
A expressão “barreira do som” nasceu da idéia (errada) de que a velocidade do som era o limite da velocidade de vôo de um avião. Esta idéia mudou completamente quando o primeiro avião atingiu uma velocidade “supersônica” (acima da barreira do som). A primeira vez que se atravessou a barreira do som foi no dia 13 de Fevereiro de 1947. Quem o fez foi um piloto de ensaios de nome Chuck Yeagen, no avião foguete Bell X-1.
O PENSAMENTO DA SEMANA
Só tens certeza que estás no caminho certo quando não mais olhares para trás.
A POESIA DA SEMANA
A MAIS CHEIROSA DAS FLORES
Nenita Madero
– Á minha mãe –
Das açucenas mimosas,
Dos cravos, lírios, das rosas,
Que exalam doces odores.
És, minha mãe, a mais bela,
A mais bonita e singela,
A mais cheirosa das flores!
Dos canteiros bem cuidados,
Dos bogaris perfumados,
Que nunca mudam de cores.
És, minha mãe, a mais pura,
A flor de maior candura,
A mais cheirosa das flores!
Dos grandes caramanchões,
Em que nascem as paixões,
Os sonhos…Doces amores…
És, minha mãe, a mais pura,
A flor de maior candura,
A mais cheirosa das flores!
Dos nossos vergéis dourados,
Dos prados enfeitiçados,
Por florezinhas multicores.
És, minha mãe, a essência,
Mais suave da existência,
A MAIS CHEIROSA DAS FLORES!
A PIADA DA SEMANA
O sujeito bate à porta de uma casa e, assim que um homem abre, ele diz:
-O senhor poderia contribuir com o Lar dos Idosos?
-Claro! Espere um pouco, que vou buscar minha sogra!
oOo
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