Anísio Cruz – abril 2018

O que pensam esses seres humanoides que nos cercam nas ruas,

Cantam e dançam alucinadamente,

E se quedam exaustos e famintos,

Sob marquises, a buscar abrigo?

Quem são esses seres paridos

Por mães penalizadas pelo destino implacável,

Que os embalaram ao seio, saciando-lhes a fome?

Quem são eles, subtraídos ainda jovens,

De debaixo das suas asas protetoras

E foram voar sonhos alucinados

Num universo distante, e cruel?

Serão eles os filhos, de seus ventres,

Gestados por longos nove meses a lhe deformar os corpos?

Não. Não são mais os mesmos.

Agora vestindo farrapos e com os olhares vazios,

Perderam-se nas encruzilhadas das vida,

Achando que conquistariam o mundo dos prazeres infindáveis.

São agora filhos do submundo,

Corpos pintados, e mentes vazias, a defecar nas ruas,

Idiotizados por doutrinadores sagazes,

Que lhes roubaram os sonhos,

E os fizeram marionetes loucas e desengonçadas.

São, o futuro, a nos espreitar nas esquinas.

Estão mortos, e ainda não se deitaram