AGRISSÊNIOR NOTICIAS-Edição 669 – ANO XIV-MAIO 2018
Marx, o marxismo e a esquerda brasileira
Zander Navarro
Sociólogo e pesquisador em Ciências Sociais
O Estado de São Paulo, 17-05-2018)
Eis uma tarefa de alto risco. São temas vastíssimos, associados a uma literatura oceânica. Uma biblioteca dedicada a esses assuntos seria gigantesca, 200 anos após o nascimento de Karl Marx. Ao propor uma sociedade radicalmente diferente em nome do socialismo, essa foi uma tradição política que estimulou amor e ódio, ideologias sacrossantas e também guerras e extermínios. E foi um ideário dominante durante quase meio século, pois entre 1949, a chegada de Mao ao poder na China, e 1989, com a queda do Muro, quatro em cada dez cidadãos do mundo viveram sob governos que se diziam marxistas.
Li tudo o que foi escrito por Marx, desde que me apaixonei pelas aparentes certezas defendidas pelos marxistas brasileiros na lendária revista Encontros com a Civilização Brasileira, na década de 1960. Jovem, quem não seria magnetizado por promessas de igualdade e uma sociedade justa? Não consegui concluir apenas os três volumes das áridas Teorias da Mais-Valia, que o autor alemão escreveu disciplinadamente entre 1861 e 1863 na biblioteca do Museu Britânico, em Londres. Eram os volumes preparatórios para sua maior obra, O Capital, cujo primeiro volume veio a lume em 1867.
No doutoramento, também na Inglaterra, continuei estudando essa tradição política. São quase cinco décadas de pesquisa. Assim, submeto curtas e simplificadas formulações sobre os três temas principais deste comentário.
Sobre Marx: um autor genial, um dos maiores pensadores de todos os tempos. Febrilmente criativo e capaz de interpretar a sociedade humana como um todo, Marx foi leitor insaciável, movido por raríssima inteligência.
percebeu como nenhum outro autor a chegada de um novo modo de vida, o capitalismo. Ainda que sua obra contenha inúmeros erros, ninguém, antes ou depois, identificou tão claramente os mecanismos essenciais desse regime econômico, em especial a sua intrínseca instabilidade, o que produz crises cíclicas. Causa perplexidade a sua capacidade analítica, considerando que escreveu quando inexistiam dados factuais adequados. A leitura de Marx, se feita desapaixonadamente, é essencial para todos os que desejarem entender o mundo dos humanos.
A maior insuficiência, não exatamente uma falha, desse modelo reside na sua teoria do valor trabalho. É uma tese lógica e irresistivelmente sedutora. Afirmada simplificadamente: o valor dos bens e mercadorias produzidos decorre do trabalho dos humanos, mas estes são remunerados apenas em parte. Por isso o capitalismo embute um veio de exploração social e, como resultado, um processo de acumulação da riqueza por uma minoria. Daí decorreriam a luta de classes e outras implicações sociais e políticas que propôs em sua copiosa produção. O problema: a teoria jamais foi provada empiricamente, senão de forma indireta. Competindo com outras explicações capazes de quantificar seus conceitos, a teoria de Marx foi se enfraquecendo com o tempo. Num mundo cada vez mais matematizado, a teoria, sem irrefutável comprovação quantitativa, foi sendo marginalizada pelos economistas e estudiosos. Tornou-se apenas uma curiosidade do pensamento social.
O marxismo é o outro tema de imensas proporções. Marx legou uma obra de interpretação, mas o marxismo não cresceu como ciência, e sim como ação política até meados da década de 1970, não fazendo parte de universidades e centros de investigação. Somente nessa década, especialmente na França, é que houve a tentativa de transformar aquele arcabouço numa “ciência”. Ou seja, ao contrário de teorias suas competidoras (a economia neoclássica, por exemplo), ao adentrar o mundo da pesquisa universitária o marxismo já encontrou seus opositores entrincheirados e foi incapaz de oferecer uma rota alternativa convincente para desalojá-los. Adicionalmente, no mundo real, os anos de expansão capitalista do pós-Guerra já haviam moldado a mentalidade dos cidadãos. A utopia do novo paraíso societário, à luz do chamado socialismo real que então existia na antiga União Soviética, não atraiu maiorias sociais para empurrar as sociedades para outro modo de produção.
Por fim, as chamadas “esquerdas”, os agrupamentos sociais assim intitulados porque são motivados por uma orientação política cujo epicentro conceitual retornaria a Marx e ao marxismo. O comentário, desesperadamente breve, nos remete apenas a dois aspectos da esquerda brasileira, tal como a conheci durante este longo período. Primeiro, a rígida convicção daqueles que tomam posição à esquerda, sobre a categórica segurança acerca da transformação social. Foi o que me atraiu quando jovem, mas posteriormente quis entender as origens dessas inquebrantáveis certezas sobre o mundo e seu destino histórico. Não precisei estudar muito para entender que inexistiam razões bem fundamentadas para manter essa proposição, como se dogma fosse. Por que meus amigos marxistas insistiam em apregoar a inevitável ruptura do capitalismo, com repetidas e cansativas loas sobre uma vaga “crise iminente” que nunca chegava?
Após essa decepção teórica, veio outra, porém mais mundana. Foi perceber que a maioria dos marxistas brasileiros lia pouco, discutia menos ainda e, mais grave, no geral apenas repetia um monocórdio rosário de frases feitas, com escassa e insuficiente comprovação. De fato, um credo. Até meados dos anos 1980, por exemplo, a maior
parte da obra de Marx nem sequer era conhecida pela maioria da esquerda brasileira, pois não fora traduzida do alemão ou do russo. Mas, ainda assim, prosseguiam as visões religiosas sobre a derrocada próxima do regime capitalista.
A conclusão é inevitável. Marx e o marxismo são encantadores como um movimento de ideias, mas deixaram de ser a arquitetura possível de uma nova sociedade. As esquerdas, em geral, não souberam manter aberto esse roteiro histórico
GEISEL E A EMBRAPA: reparos
TC AMAN/MatBel-1963 – IME/Eletrônica-1971
Autor do livro “Os militares e a guerra social”, Ed. Artes e Oficio, 1994
Vou colaborar com o texto do coronel João Batista Pinheiro, “Para ativar a memória do povo brasileiro”, escrito como um desagravo pela divulgação do tal memorando da CIA que ataca o governo Geisel e os militares.
Tenho dois reparos a fazer já que o foco é o governo do presidente Geisel, mas para não ser cansativo vou deixar o segundo para um próximo texto por ser, a meu ver, mais indigesto.
O relato, transcrito pelo coronel, que atribui ao governo Geisel, na figura do seu ministro da Agricultura Alisson Paulinelli, a autoria da “maior revolução na agricultura já realizada na América Latina“, merece reparos, por uma questão de justiça.
Não se discute se Geisel, antes de assumir, chamou Paulinelli e lhe afirmou que “a agricultura brasileira só sairia da mesmice de cinco séculos de extrativismo se sofresse uma revolução tecnológica” e que tenha, ao convidá-lo, dito que “vamos fazer essa revolução” e que o futuro ministro tenha topado.
O que aconteceu, depois, é que merece reparos, para que a “relapsa memória do povo brasileiro” não fique ainda mais confusa.
“Paulinelli topou. CHAMOU O PRESIDENTE DA ADORMECIDA EMBRAPA, E ESTABELECERAM O RUMO DAS AÇÕES”.
Quem iniciou esta revolução que transformou o agronegócio no motor-chefe da economia brasileira e o Brasil em um dos mais importantes players do mercado mundial de commodities foi o jovem ministro gaúcho do governo Médici que, aos 36 anos, assumiu ministério da Agricultura: Luiz Fernando Cirne Lima. Foi ele que montou e deu apoio ao grupo de trabalho que deu origem a Embrapa, cuja diretoria, basicamente, se manteve durante o governo Geisel.
Foi Cirne Lima que mandou a primeira leva de brasileiros para se especializar no Exterior, J. Irineu Cabral, primeiro presidente da Embrapa, registrou em seu livro “O sol da manhã”, “a cultura de vanguarda começou a ser forjada já nos primeiros meses, quando mais de mil profissionais seguiram para treinamento no exterior, em uma iniciativa que produziu forte impacto na época”.
Sobre a importância de Cirne Lima, o próprio J. Irineu Cabral registra em seu livro, quando foi se despedir do ministro que pedira demissão porque rompera com Delfim Neto, na briga para que a Agricultura não pagasse sozinha pelas medidas de restrição para conter a inflação: “Saí do Gabinete com uma sensação de lástima, POIS PERDÍAMOS, SEM DÚVIDA, A NOSSA MAIOR LIDERANÇA E O VERDADEIRO PROMOTOR DE TODO O PROCESSO DE CRIAÇÃO DA EMBRAPA”. “NÃO SÃO POUCAS AS PESSOAS QUE ME PERGUNTAM QUEM, AFINAL DAS CONTAS, FOI O VERDADEIRO CRIADOR DA EMBRAPA”, MAS “A DECISÃO POLÍTICA DO MINISTRO CIRNE LIMA DE SEGUIR ADOTANDO AS RECOMENDAÇÕES DO GRUPO FOI, SEM DÚVIDA, DECISIVA”.
Outro reparo: durante o governo Geisel o protagonista da continuação desta revolução foi o próprio presidente tendo Paulinelli como um competente executor.
- Irineu Cabral conta em seu livro que Geisel foi, realmente, um grande estimulador da Embrapa. No seu primeiro mês de governo foi para dentro da Embrapa, em reunião com pauta aberta, passou 4 horas se inteirando sobre a empresa. Registra que “o Presidente escutou, atentamente, anotando pontos sobre os quais iria comentar, questionar e fazer recomendações.
Ele tinha muito clara a prioridade da agricultura e o papel da pesquisa no seu desenvolvimento. Foram dezessete as intervenções do Presidente, entre as quais destacamos: SUA SATISFAÇÃO POR ENCONTRAR A DIRETORIA DA EMBRAPA CONSCIENTE E SEGURA SOBRE COMO CONDUZIR A SUA IMPLANTAÇÃO. Felicitou-nos pela clareza das nossas exposições sobre as questões ligadas às políticas de recursos humanos, os procedimentos e critérios da implantação do novo Modelo e assuntos relacionados à captação de recursos financeiros. Alegou, de pronto, algumas preocupações sobre a capacidade da Embrapa em apoiar a autossuficiência de alimentos de consumo popular no país. Foi seco e direto ao tema. Como Chefe da Nação e em um país como o nosso, não admitia a importação de feijão, arroz, trigo, milho e leite. Para ele, a Embrapa só tinha sentido existir se, via pesquisa e a ajuda direta de crédito e assistência técnica, resolvesse o atendimento à demanda de alimentos essenciais à população brasileira. Lançava um desafio à Diretoria da Empresa para que cumprisse metas de autossuficiência e sustentabilidade na produção desses alimentos. Daria todo apoio, irrestrito e imediato para a consecução desses objetivos. E iria cobrar resultados”.
E concluiu, o presidente Geisel: “NÃO MUDEM A ROTA POIS O CAMINHO É ESTE QUE FOI TRAÇADO”. E, reconhece, o primeiro presidente da Embrapa: “O Presidente cumpriu tudo que prometeu nos cinco anos que se seguiram”.
(Enviada por Alício Rocha)
CURIOSIDADES DO MUNDO ANIMAL
É possível mandar uma vaca subir escadas, mas descer é impossível.
Os elefantes não conseguem saltar. qualquer outro mamífero consegue.
O olho de uma avestruz é maior do que o seu cérebro.
Estudos provaram que se um gato cair de um 7º andar, tem menos 30% de hipóteses de sobreviver do que se cair de um 12º andar. Geralmente demora uns oito andares para o gato se aperceber do que está a acontecer, para se relaxar e corrigir a sua posição.
A lula gigante tem os maiores olhos do mundo.
A urina do gato brilha com luz ultravioleta.
Há mais possibilidades de se morrer com uma rolha de champanhe do que com uma aranha venenosa.
O crocodilo não pode pôr a língua para fora.
As borboletas sentem o gosto com os pés e não com a língua.
Os ratos não vomitam.
Quando as cobras nascem com duas cabeças, as cabeças lutam entre si por comida.
O PENSAMENTO DA SEMANA
Foi-se o TEMPO que eu perdia TEMPO, pois possuía TEMPO. Hoje, não tenho mais TEMPO para perder TEMPO com quem vive no contratempo da vida. (Luiz Ferreira,05/18)
A POESIA DA SEMANA
AO CAIR DA TARDE
Nenita Madero
A Natureza bela desfalece,
Nostálgica, calma e fria, a noite desce.
A passarada amoita-se a seu ninho.
Pirilampos vagueiam os espaços,
Grilos pissitam em voos e abraços,
A noite que nos beija de mansinho!
Eis chegada a solene hora da prece.
Quanta mudez, tristeza e quão langor?
A todos o viver nos enternece,
Acalenta-nos o olhar do Criador!
Ao escutar os trinados tão pungentes,
E o cantar das cigarras estridentes,
A meditar eu fico, em grande pausa
A vida é bela! O viver lago ameno,
De esperanças. E o ser doce e sereno,
O Oásis do bem que só prazer nos causa!
Assim, vivamos sem que a nós destrua,
Tudo aquilo que a todos faz chorar
Sorrir é existir…E sempre continua
O nada que haveremos de chegar!
E no Ocaso sombrio que descerra,
Plenitude, dever e o todo encerra.
De um viver verberante e natural.
Eu só tenho de aos céus agradecer
A paz intima que sinto ao entardecer,
E perdoar os que me fazem mal!
A PIADA DA SEMANA
O garoto, ao acordar pela manhã, perguntou meio espantado: – mãe, papai faz cocô na cama?
– Que conversa mais besta é essa, menino?!
– É que ontem passei em frente ao seu quarto e ouvi claramente a senhora falando: – lá vem você com esta merda mole outra vez.
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