Luiz Ferreira da Silva, 87

De repente, uma tromba d’água; postes caídos, árvores tombadas inundações, crateras no asfalto e caos geral, sobretudo nas redes elétricas e na distribuição de água.

Vários dias de desespero dos paulistanos ante à incapacidade da ENEL e bate cabeça dos governantes. Do presidente, ao governador, passando pelo prefeito e outras figuras menos cotadas.

Como engenheiro agrônomo, vou me ater à contribuição das árvores a essa catástrofe, não por vontade própria, mas pela ignorância no seu plantio e posterior burrice na condução da sua arquitetura.

São plantadas sem se ater aos aspectos da arquitetura foliar e sistema radicular da espécie, bem como o local, tamanho da cova e área livre para suprimento de água.

E por que as árvores caem constantemente, como acontece, quando de uma chuva mais forte?

*. O asfalto ao redor do caule, num círculo pequeno (s=0,20 m2) impede o desenvolvimento pleno do sistema radicular;

*. Falta de reciclagem impedindo a formação de matéria orgânica, importante para nutrir as raízes finas absorventes;

*. Temperatura elevada da superfície asfáltica que também impede a penetração das águas das chuvas;

*. Crescimento assimétrico da copa com os galhos procurando a luz, em razão da sombra dos edifícios, desequilibrando o caule já pouco sustentado pela insuficiência radicular;

*. Copas com folhas grandes que, ao serem umedecidas pelas precipitações continuadas, aumentam o peso das árvores; e

*. Ataque de cupins no subsolo pela mortandade de raízes advinda dos aspectos anteriormente discriminados.

Pelo explicitado, a primeira providência é:

*. Plantar árvores de folhas pequena e finas, a exemplo das leguminosas;

*. Efetuar os plantios, deixando uma circunferência mínima de 2 metros de diâmetro;

*. Jamais próximas aos edifícios ou muros de casas, estabelecendo uma certa distância, sobretudo para evitar a sombra ou projeção dela continuamente, causando dessimetria, ocasionando podas “mutilantes”.

*. Executar podas nos galhos assimétricos, rebaixando as copas, minimizando a inclinação das árvores;

*. Cobrir a superfície da cova com uma leguminosa rasteira, a exemplo do cudzu, ao invés de gramas, ávidas por nitrogênio, concorrentes delas.

Mas isso é coisa para o profissional de agronomia que manja das plantas, sabe manejar o solo e escoar as águas (drenagem) para os canais naturais e obras subterrâneas.

No entanto, tenho constatado, os organismos de urbanização com diversos profissionais – engenheiros civis, arquitetos chamados de urbanistas, biólogos e ecologistas- sem formação adequada ao problema.

E, nós, engenheiros agrônomos, que fomos formados com a missão de cuidar das plantas, protegê-las e plantá-las no seu nicho próprio, evitando a sua mutilação, por podas estúpidas, por um lado, e danos físicos e humanos, pelo outro, haja vista o acontecido nesses dias na capital paulista.

Valorizemo-nos, pois (16.10.2024)