Luiz Ferreira da Silva, 88

Engenheiro Agrônomo.

Pesquisador aposentado em ciências agrárias e escritor

luizferreira1937@gmail.com

Minha vida foi fazendo ciências como pesquisador em Solos Tropicais, no Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC/CEPLAC). Aposentado continuei no mesmo passo, tendo publicado vários livros sobre recursos naturais e outros temas científicos.

Quando surgiu o carro elétrico, procurei ler sobre a nova tecnologia e até visitei a BYD, em São Paulo, recebendo informações, sobretudo da acumulação de energia numa bateria de lítio.

Por que isso? Pelo visgo científico e pela formação profissional ligada à Natureza, visualizando a importância da substituição dos combustíveis fosseis, para o nosso bem.

Em Maceió, outubro de 2023, fui à revendedora da BYD e, já, convencido, adquiri sem pestanejar um Dauphine.

Foi um bafafá danado da família, pois tinha 86 anos. Alguns moradores do meu prédio ficaram atônitos e até preocupados.

Meu argumento, sobretudo à minha esposa, que fora contra, é que se eu o dirigisse pelo menos uma semana, já estaria de bom tamanho, pois me enturmei na nova onda científica.

  E como foi ótimo usufruir de uma tecnologia de ponta. Meu filho e netos comprovaram a sua excelência.

Por mais de um ano e meio, mesmo rodando pouco, senti-me atualizado e compensado pela oportunidade, inserindo-me no futuro.

No entanto, a idade, 88 anos, está pesando e fui acometido com uma queda de hemoglobina, obrigando-me a repensar. Nesse ínterim, surgiram notícias na internet, sem base científica, motivando uma pressão muito grande interna de moradores, via a titular do edifício.

Juntando as duas coisas, resolvi vender o carro, pois tudo aquilo que começa a pesar nos ombros, a gente deve descartar, sobretudo na minha idade, quando tenho que priorizar bons fluidos, evitando o confronto com pessoas, muitas vezes insensatas, sem conhecimentos e “démodé”.

Finalizando, torço para que o carro elétrico venha a substituir essas “carroças”, providas de cano descargas, sujando os nossos pulmões e alterando o meio ambiente. Assino embaixo. (Maceió, 23/07/2025).